quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Requalificação do Cine Brasil de Viçosa

Escrito em conjunto com Beatriz Fialho
O Cine Brasil, inaugurado em 1956, é uma importante edificação, encravada no coração de Viçosa. Ultimamente tem sido veiculado na imprensa que há interesse em transformá-lo em um teatro para o município. A idéia é excelente, uma vez que a cidade e nem mesmo a UFV dispõem de um espaço adequado. Viçosa possui apenas o simpático, mas pequeno e inapropriado auditório da Estação Hervê Cordovil, para abrigar manifestações artísticas. O Cine Brasil, atualmente utilizado para fins comerciais, pode ser requalificado e transformado em um local apropriado para uso de apresentações artísticas, além de funcionar como um centro cultural. É o que muitas pessoas entendem que a cidade precisa, já há algumas décadas.

O Cine Brasil de Viçosa é um exemplar de características semelhantes a outros com o mesmo nome “Cine Brasil”, como o que existe em Leopoldina e o recém requalificado espaço em Belo Horizonte, reforçando seu caráter de marco cultural da capital mineira. Seu projeto foi de autoria do arquiteto carioca Edgard Velloso. Como cinema, funcionou até 1984. A sua construção possui características da arquitetura proto-modernista, como o despojamento de adornos, a força das formas geométricas e os panos de vidro verticais. Sua imponência ficou evidenciada pela marquise curva sobre um pilar em forma de cálice que ainda marca a paisagem. Como cinema, possuía capacidade para cerca de 800 pessoas sentadas (600 na platéia e 200 no balcão). O espaço passou alguns anos fechado, algumas salas foram transformadas em lojas, o pavimento superior foi utilizado como depósito. Foram feitas algumas alterações nas portas e janelas. Depois funcionou como cursinho pré-vestibular. Já em 1986 cogitava-se sua recuperação como Teatro Municipal. Em 1990 foi aprovada uma lei (Lei no 700/1990) que autorizava o prefeito a desapropriar o prédio para a implantação do projeto do teatro. Obviamente isso não aconteceu. Em 1990 tornou-se depósito de uma empresa distribuidora de bebidas, Em 1995 o Prefeito Geraldo Reis assinou o decreto no 3236 de 25/08/1995, declarando de “utilidade pública, para fins de desapropriação, amigável ou judicial (...) para nele funcionar o Centro de Cultura do Município”. Como mais essa iniciativa não vingou, o prédio foi usado como casa de festas, bar e a partir de 2003 um mercado de hortifrutigranjeiros.

Considerando a carência de espaços culturais em Viçosa e a sua posição central, sua requalificação, no sentido de preservar e resgatar seu valor histórico, arquitetônico e cultural, pode ser feita com a implantação de um centro cultural para a comunidade, que abrigue auditório, salas de aula, espaço de exposições e café. O Cine Brasil é um sonho que merece ser transformado em realidade. Depois das tentativas de dar a ele o uso devido, ressurge o interesse. Devemos dar apoio para aqueles que compartilham desse sonho e que têm força política e econômica, para que a lista de tentativas inócuas e a de usos para o belo edifício não se amplie indefinidamente. Ou que, como mais uma “presa” fácil do voraz mercado imobiliário, desapareça de nossa cidade, ou dê lugar a mais um horroroso edifício de micro apartamentos.

Escrito em conjunto com Beatriz Fialho

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