sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cabo Frio: breves impressões de um turista


A cidade de Cabo Frio, que tem população fixa de um pouco menos de duzentos mil habitantes, recebe centenas de milhares de turistas, principalmente nos meses de férias escolares (para a alta temporada estima-se 450.000 pessoas) e nos feriados prolongados (estima-se 900.000 pessoas no réveillon e 800.000 pessoas no carnaval). Seus administradores realizaram projetos de embelezamento e melhorias em zonas nobres das cidades.


O município enfrenta ainda sérios problemas. O seu processo de urbanização, assim como nas demais cidades da região dos lagos revelou-se agressivo na busca e conquista de terras para parcelar, seja nas fronteiras municipais, nas áreas intra-urbanas ou na apropriação muitas vezes drástica da paisagem natural. A recuperação da Lagoa de Araruama tem sido um dos grandes desafios ambientais. Discute-se muito a dependência econômica, política, social, ambiental e, principalmente, eleitoreira dos royalties do petróleo. Quanto à destinação final do lixo. Estima-se que em um dia de praia lotada, são produzidas centenas de toneladas de lixo. Para o Carnaval de 2008 a Secaf (Serviço de Desenvolvimento de Cabo Frio) estimou que seriam produzidas 2.260 toneladas de lixo. Com exceção das latas de alumínio, que são coletadas nas praias, mistura-se plásticos, papéis, cocos, vidros e restos orgânicos em um aterro controlado.


Entretanto, a cidade parece funcionar e suportar bem o acréscimo populacional de uma forma que poucas cidades conseguem fazer. O controle do uso do solo parece ter tido resultados bastante satisfatórios para receber mais turistas além da população fixa. O skyline visto da orla nos indica que há um limite de gabarito das edificações que possuem um pavimento térreo, um pavimento de garagem, três ou quatro pavimentos de uso residencial e um pavimento de cobertura. O que se vê é uma massa relativamente homogênea de edificações, mais baixa que a linha de morros litorâneos. Esta limitação resulta em uma densidade habitacional na qual a infra-estrutura urbana consegue atender . Esta infra-estrutura permite escoar uma quantidade de esgotos que são tratados, suporta em uma malha viária bem resolvida um trânsito que flui sem maiores problemas, distribui os banhistas ao longo da Praia do Forte, de forma que possam se deslocar a pé, no máximo, umas quatro centenas de metros. Desta forma a cidade cresce aos poucos ao longo da praia. Apenas as vias que ligam os bairros são asfaltadas, as demais ruas são pavimentadas com paralelepípedos, que induzem a circulação em velocidades menores, são parcialmente permeáveis e menos quentes que o asfalto. As dunas e a faixa de areia costeira recebem cuidados e aos poucos a vegetação segura a areia e se torna abundante e viçosa. Seu patrimônio arqueológico e arquitetônico de cinco séculos e é bem cuidado.

Referências:


HOMER, Vilma. Cidades fluminenses diante dos desafios urbanos do século XXI. Boletim Faperj. Disponível em . Acesso em 20/01/2010.


LOPES, Juarez. Cabo Frio/RJ: Dia Mundial do Meio Ambiente. Rede Partido Verde . Disponível em: . Acesso em 04/06/2009.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tristeza em Paraitinga

No fim de 2009 ocorreram inúmeras tragédias ao longo da Serra do Mar, em seu trecho no norte paulista. Como disse o Ministro do Meio Ambiente, é fundamental que os municípios revejam suas posturas e atuem com mais firmeza quanto à forma de ocupação do solo. Caso contrário, há ainda muitas situações armadas para que novas tragédias voltem a acontecer em Angra dos Reis e em tantas cidades embrenhadas na topografia acidentada das cidades catarinenses, paranaenses, fluminenses, paulistas e mineiras. O que vemos nas cidades é a negligência e irresponsabilidade dos administradores em permitir a ocupação em encostas e leitos dos cursos d’água. A questão não é se mais tragédias vão acontecer, mas quando. Pode ser nos próximos 30 minutos ou 30 anos, mas vão acontecer.

As chuvas pesadas e as conseqüentes enchentes descomunais destruíram a maior parte do belíssimo patrimônio arquitetônico da cidade de São Luiz do Paraitinga. O município paulista foi fundado em 1769, mas foi no século XIX que a cidade se desenvolveu com a produção de café. Dessa época, surgiram muitos casarões, que foram preservados com o tempo e chamaram a atenção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Moradores da cidade de 11.000 habitantes se comoveram ao ver as igrejas e casarões se desmancharem sob a ação das águas. O cenário parece a de uma cidade bombardeada. Pelo menos 300 construções foram danificadas na enchente. Das 80 históricas já avaliadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, metade terá que passar por obras de restauração. Foram destruídos prédios públicos – escolas, mercado, igrejas, biblioteca, mas também um patrimônio de obras de arte, esculturas e muitos livros e documentos históricos. Os moradores caminham e choram sobre destroços de edificações bicentenárias. Centenas de casas ainda estão interditadas.

Para o difícil futuro o grande desafio de recuperação após a calamidade que se abateu será a reconstrução do centro histórico e a recuperação do que for possível da memória perdida. Há muito o que se fazer. Para as demais cidades, reforça-se a necessidade de planejar para evitar tantas tristezas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Viçosa 2009

O ano de 2009 em Viçosa foi o de preparação (ou melhor, falta de) para que nos próximos anos tenhamos agravados os problemas de trânsito e de desabamentos de terra.
Houve a consolidaçao do fenômeno do excessivo adensamento na área urbana - o metro quadrado de terreno atinge a valores das capitais - ao mesmo tempo ampliou-se sem maiores discussões o perímetro urbano apenas para atender aos interesses imobiliários. Foram demolidas várias casas no Centro, para darem lugar a prédios com muitos apartamentos. O município não tem dinheiro para comprar terrenos para instalar prédios públicos.
O COMPLAN passou mais um ano sem atuar.
O Codema deixou passar muita coisa que poderá ter conseqüências ruins ao meio ambiente.
O Plano Diretor ficou mais um ano encalhado na Câmara Municipal.
Os barrancos da avenida Marechal Castelo Branco continuaram lá, ameaçando desabar.
A linha férrea continuou sem prestar uma verdadeira função social, ao servir apenas como estacionamento gratuito.
A cidade ficou mais feia.
A cidade continuou suja, esburacada e escura.
As ruas continuaram intransitáveis pelas pessoas com alguns tipo de deficiência física.
A praça pública entre os dois prédios do condomínio Carandiru continuou fechada e inacessível.
O Colégio de Viçosa continuou mal cuidado e cheio de gambiarras.
O Centro Educacional continuou a se deteriorar sem sequer ter sido usado.
Prepara-se para jogar pessoas de baixa renda em um conjunto habitacional longe de tudo (Coelha), sem infraestrutura, em casas mínimas.
De bom, rolou alguns recursos para a Cultura, O SAAE vai assumir a coleta e disposição do lixo e tivemos as discussões públicas do Plano de Saneamento Básico, que ainda não está pronto. Só.

Para antes ou depois de ver

Para antes ou depois de ver o filme da história do Lula, leia:
Quem tem medo do Lula?
no blog do Emir Sater - Boletim Carta Maior de 03/01/2010