domingo, 22 de maio de 2011

MARACUTAIA À VISTA

Texto de apoio ao veto dos PLs 37 e 38 -  publicado no Folha da Mata  de 20/05/2011


José DIONÍSIO Ladeira

É certo que o maior contém o menor, e não o contrário. Donde se dizer, por exemplo, que todo mineiro é brasileiro, e nunca - jamais - que todo brasileiro é mineiro.
Daí eu ter entendido Onofre Brumano, que um dia justificou sua derrota para a vereança, na nossa São Miguel do Anta:
- Pelé tem razão: o povo de São Miguel não sabe votar!
Por outro lado, o menor pode importar mais que o maior.
Por exemplo, o centro de Viçosa. Todos os viçosenses, sejam do centro ou de que bairro for, têm como sua identidade a Silviano Brandão, o Calçadão, o Balaústre, a Santa Rita, a P. H. Rolfs, toda a “grande” parte central.
É ali que há o ajuntamento. No carnaval. Na Nico Lopes. Nas manifestações políticas. Nas comemorações cívicas. Nas festas religiosas. Veja a procissão de Santa Rita...
O povo da velha Conceição mais Nova Viçosa e Posses, do velho Pau de Paina e adjacências, do Silvestre velho e do novo - de qualquer bairro, de qualquer distrito - sabe que a Silviano Brandão é a sua praça. Que o Calçadão é a sua passarela. O Balaústre e a Santa Rita, o seu cartão de visitas. A P. H. Rolfs, o abraço da Viçosa mãe com a Universidade filha. Ou vice-versa...
Uma modificação numa rua do Romão dos Reis mexe com os moradores dessa rua. Modificação numa praça de São José do Triunfo mexe com os moradores do distrito. Qualquer modificação no centro da cidade mexe com a Viçosa inteira. A Silviano Brandão, o Calçadão, o Balaústre, a Santa Rita, a P. H. Rolfs - todo o centro - é a identidade do viçosense... More ele onde morar! Donde o seu grito:
- Mexe com essa parte histórica de Viçosa, mexe comigo!
Assim uma avenida com duas pistas e passeios laterais - que margeassem o nosso ribeirão das Quatro Pilastras para baixo - interessaria a todos os viçosenses. Todos, todos, todos: possuidores de ônibus, caminhões, automóveis, motos, bicicletas, carroças, até pedestres...
Lamentável que edifícios sobre o leito do São Bartolomeu ou agarrados às suas margens - contrariando leis maiores e menores - tenham frustrado essa via essencial de escoamento do trânsito - do livre ir e vir - como conhecemos nas mais distintas cidades onde existe planejamento e as leis são obedecidas...
Por isto, precisamos ficar atentos ao que se decide agora - de olho na Virgílio Val - parâmetro para verticalizar todas as ruas do centro com menos de sete metros de largura que - dentro em pouco - podem se transformar em fileiras de arranha-céus, onde - para se obter a salubridade e garantir a qualidade de vida - precisa correr o ar, penetrar o sol, fluir o trânsito e caminhar o povo.
Modificações, pois, a troco de quê? Ou há troco?!...
Se não agirmos em tempo, Pelé - sobre quem Romário ressaltou que, de "boca calada, é um poeta" - vai voltar à tona:
- O povo de Viçosa não sabe votar!

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