quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Alertas durante as férias


ALERTAS NAS FÉRIAS

No último mês de 2011 e nos dois  primeiros de 2012, uma grande parte dos moradores da cidade esteve fora. Enquanto isso, alguns alertas foram dados aos que aqui estavam. Os problemas que ocorreram no trânsito, no meio ambiente e no abastecimento de água  indicam que teremos novos velhos problemas em breve, e as medidas para começar a resolvê-los ou diminuí-los precisam ser tomadas em curto prazo, mas as soluções precisarão de planejamento, dinheiro e tempo.

Tivemos um “nó” no trânsito. A cidade parou, por algumas horas durante uma noite, num engarrafamento inédito em toda a área central. Isso parece que foi justificado porque fecharam a Via Alternativa.  Bastará um outro problema em uma parte da frágil estrutura viária e teremos novos congestionamentos. O fato tratou-se de um prenúncio de que as coisas irão piorar, já que há automóveis particulares demais, e a cada dia mais, nas ruas e transportes coletivos de menos. Ciclistas espremidos em meio ao caos ficam mais vulneráveis e as loucuras de motociclistas irresponsáveis espalham pânico nos pobres pedestres.

Nesses meses prédios desabaram, terras deslizaram perigosamente, casas foram interditadas, escancarando os males que infringimos continuamente aos morros e rios; num claro desrespeito às regras humanas e às leis da física. Descaso do Estado e teimosia dos ocupantes. As chuvas, em quantidades acima da média, mostraram quão vulneráveis somos. Mesmo assim faltou água nos bairros mais altos, salientando que num período no qual muita gente estava longe da cidade, e num mês em que choveu muito. O que o SAAE promete  para curto prazo - a de ampliar a oferta em dez por cento -  não será suficiente, pois a cada  dia  ficam prontas mais casas e apartamentos, o que amplia a demanda por consumo, enquanto a oferta está com os dias contados. Continuamos a impermeabilizar o solo, o que aumenta o risco de enchentes e diminui a absorção para os lençóis freáticos. Com mais dinheiro no bolso e aquecedores solares, tendemos a desperdiçar o precioso líquido. Onde vamos buscar mais água?

São sinais das crônicas  falta de planejamento urbano e negligência do Município em impedir tantas mazelas. Muitas mudanças são necessárias. Em poucos dias a rotina das aulas e trabalho voltam, e os problemas tendem a se agravar. Planejamento urbano exige capacidade técnica, recursos, vontade política e tempo. Já passamos da hora de levá-lo a sério. Daqui a mais um ano, se o mundo não acabar, estaremos contando mais prejuízos, pois, passadas as chuvas, o perigo de desabamento e o de alagamento diminuem por alguns meses, e temos o hábito de esquecer depressa o que passou e a prática de não fazer a prevenção correta. Teremos, portanto, mais desabamentos no final do ano.  Em um ano, contabilizaremos muitas horas perdidas no trânsito, e nos hospitais em conseqüência de acidentes, o que representa uma deseconomia antes presente apenas nas cidades maiores; teremos passado por mais períodos com torneiras sem água. Cobraremos por soluções rápidas de questões que não podem ter resposta em menos de 5, 10 ou mais anos.  Falar mais uma vez nesses alertas e cobrar atitudes não é chover no molhado.

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