segunda-feira, 17 de março de 2014

Desperdício e escárnio



Ao final do churrasco de formatura da semana passada, havia um tapete de lixo no Recanto das Cigarras.  Era um lixo composto por milhares de pratos, copos e garfos plásticos,  espetos de bambu, uma boa parte com pedaços de carne. Nas mesas, bancos, bases das árvores, muretas sobravam pratos com restos de guarnições. Centenas de quilos de desperdício. Um nojo, uma vergonha, algo abominável!

Ao final do churrasco de formatura os participantes ao final desfilavam com as mãos cheias de espetos de churrasco crus, levados para casa para fazer mais festas patrocinadas pelos contribuintes pais de formandos. Junto com os espetos iam fardos de cerveja.

Satisfeitos com o calor, a sujeira e o barulho infernal, o churrasco pode ter sido um sucesso para muitos. Mas o que ficou de imundície e desperdício é sinal de que há algo de podre no reino de fantasia dos formandos, que parece sugerir que detalhes assim são descartáveis, frente às comemorações. Afinal nosso país é rico e desenvolvido, não é mesmo?

Sinto, infelizmente,  no ar,  algo de podre rondando uma estrutura de um grande negócio que é a organização das festividades de formatura, que movimenta centenas de milhares de reais e que é feita por meio de licitações regadas a muitas regalias e vantagens para os organizadores e para as empresas que organizam o megaevento de uma formatura. Espero que não haja por baixo do tapete um um lixo muito maior  e mais fedorento que aquele resta dos churrascos de formatura, mas que o processo exclui a maior parte dos formandos e, aos poucos os homenageados, e até mesmo os parentes que gostariam de dividir o momento tão importante. A UFV entra com uma maravilhosa estrutura física, mas fica em franca desvantagem, é usada para que alguns se deem bem. Isso acontece ano após ano.

Sou a favor de comemorar, e muito, a vitória cheia de dificuldades, a trajetória, a formação dos estudantes. Pode ter baile, churrasco, abraços, música, aula da saudade, fotos mil. Isso os alunos merecem, mas tudo tem limites e o que vem acontecendo já os ultrapassou de longe. As abastadas solenidades excluem a maioria das pessoas que deveriam estar juntas comemorando tão importante momento.

Até quando nós vamos ficar fingindo que está tudo bem? Não, não está tudo bem! Eu não compartilho, não apoio, não concordo com isso. Parece falta de ética, ouço  histórias de  corrupção e obtenção de vantagens pessoais, algo que deveria ser fiscalizado e averiguado. Visível, escancarado mesmo é o desperdício, a falta de educação com a coisa pública, a falta de reconhecimento por parte de alguns estudantes. Não é isso que ensinamos aqui, mas parece que sim, ou é, no mínimo, uma lamentável omissão da Academia.

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