01 maio 2016

ANTROPOCENO

Artigo publicano no jornal Tribuna Livre, em Viçosa, 27/04/2016

Cientistas do mundo inteiro apoiam e vêm comprovando a teoria de que o homem tem modificado sensivelmente o planeta, a ponto de deixá-lo ameaçado de extermínio de parte significativa das espécies, dentre elas a própria raça humana. Isso tem ficado tão evidente que os pesquisadores, desde biólogos a ambientalistas, adotaram uma nova denominação desta nossa época geológica: o Antropoceno. Essa época teria sido iniciada, para alguns, há mais de dez mil anos, em meio a uma era glacial, com a extinção dos homens de Neandertal pelos humanos e ficou mais evidente com a explosão populacional após a Segunda Guerra Mundial.

Pode ser constatado que a atividade humana transformou mais de um terço da superfície terrestre e que a maior parte dos principais rios foi represada ou desviada. A concentração de dióxido de carbono no ar aumentou 40% nos dois últimos séculos e a concentração de metano (um gás indutor do efeito estufa) mais que duplicou. Conforme o químico holandês, prêmio Nobel, Paul Crutzen, o clima global deve se afastar significativamente do comportamento natural. Isso tudo vem ocorrendo de forma muito veloz, mais rápido que a natureza consegue se adaptar. O dióxido de carbono vem alterando o pH das águas dos oceanos, tornando-as mais ácidas, alterando por sua vez a composição das espécies de plâncton e animais, projetando um desequilíbrio com sérias consequências para todo o planeta. Desde o início da revolução Industrial os seres humanos adicionaram 365 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera, o que vem aumentando a temperatura global média. A base energética tem como dominante o processo de queima de carvão e petróleo, o que significa que o carbono mantido isolado por dezenas ou centenas de milhões de anos está sendo liberado a altas velocidades.

O antropoceno pode ser um legado cataclísmico na história do nosso planeta. E o que cada um de nós temos a ver com isso? A contribuição individual é muito pequena, o poder individual de mudança é mínimo. No entanto, todos querem possuir um automóvel particular, que consome petróleo. Consumimos produtos que demandam grandes extensões de terras desmatadas; usamos garrafas e copos de plásticos e isopor. Consumimos muita água; produzimos muito lixo e quase não o reciclamos. Sonhamos com aparelhos de ar condicionado, o que consome muita energia. Compramos alimentos e materiais de construção, que precisam ser transportados de longas distâncias. Desperdiçamos, a cada dia um pouco de água, de energia, de comida. Jogamos esgotos sem tratamento nos rios, produzimos quase um quilo de lixo por dia, por pessoa. Só que tudo isso é multiplicado por bilhões! 

Embora seja difícil, é preciso mudar nossas posturas e lutar por soluções que beneficiem a todos. Embora seja de amplo conhecimento de todos, é  necessário cobrar das autoridades que elaborem e executem políticas ambientais sérias, com medidas a curto, médio e longo prazos. Nossas casas e locais de trabalho precisarão ser adaptados ao consumo de energia limpa e renovável. Órgãos ambientais vêm tentando sensibilizar os governos de nações poderosas a rever suas posições para substituir suas fontes de energia por aquelas ambientalmente sustentáveis, no entanto tudo isso pode demorar muito e os impactos serão cada vez maiores. 

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