sábado, 22 de abril de 2023

PLANO DIRETOR APROVADO


Artigo publicado em 18 de abril de 2023, no jornal Folha da Mata.

A revisão do Plano Diretor de Viçosa finalmente foi aprovada, com um atraso de 18 anos. O Plano deveria ter sido revisto em 2005. Houve duas tentativas, uma em 2008 e outra em 2019, ambas derrubadas por motivos que não quero trazer à tona novamente. A versão atual foi aprovada por unanimidade pelos vereadores. As sessões de votação na Câmara Municipal foram leves e de alívio, todos saímos bem nas fotos. Foram merecidos os elogios à equipe técnica que trabalhou exaustiva e competentemente desde 2020.  Ótimo, agora temos um Plano atualizado, mas e então, o que vem a seguir? A revisão foi apenas um passo, realmente necessário e importante, mas há várias etapas a seguir, tão importantes como a revisão.

A revisão veio em uma lei robusta, muito bem detalhada em vários pontos, mas deixa tarefas a serem cumpridas, deixa algumas regulamentações que precisam ser feitas para que o Plano funcione adequadamente. Tais revisões, como as da lei de uso do solo, a de parcelamento do solo e a do Código de Obras precisam respeitar os prazos estabelecidos no Plano, para não prejudicar o andamento da gestão físico-territorial de Viçosa. Há vários outros aspectos essenciais previstos e criados para serem aplicados o quanto antes possível. Um ponto forte do Plano é o da criação e a delimitação das Zonas de Especial interesse Social, que são partes da cidade destinadas a facilitar a implementação de políticas de habitação social, da assistência técnica e de regularização fundiária, jurídica e urbanística. O Plano definiu as áreas onde há tendência para a expansão urbana a médio prazo bem como as condições necessárias para que o crescimento ocorra de forma ordenada. Propõe a criação de vários parques lineares, como o do São Bartolomeu e o da Cachoeira (do Centev à ETE-Barrinha). São parques importantes para a recuperação e preservação dos recursos naturais, para a conservação da biodiversidade e para a formação de corredores ecológicos.

Outro ponto essencial do Plano é a ressurreição do conselho de planejamento, com o nome Conselho Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano-Rural (COMPUR), que já fora criado em 2000, mas nunca atuou, por descaso ou descuido das administrações passadas. Ele será o grande apoio à gestão do território, terá a capacidade de decidir sobre dúvidas referentes à legislação, estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento urbano e rural. O COMPUR ajudará o atual e os futuros prefeitos a tomarem decisões baseadas na lei e na técnica, acompanhará, avaliará e fiscalizará a implementação do Plano.  

No entanto, o Plano, por si só, não garante melhorias para os viçosenses. Ele não andará sozinho, precisará de um GEOPLAM bem equipado, com recursos humanos competentes; precisará aperfeiçoar sua estrutura de fiscalização. Precisará de uma atuação dos gestores para elaboração de projetos e para a busca de recursos junto aos governos estadual e federal. O Plano tem essa qualidade, a de abrir portas para que os recursos cheguem aonde devem chegar. Por outro lado, precisará de cidadãos vigilantes, participantes e cobradores do cumprimento dessa lei. Há um paradigma a ser quebrado, o de que as leis não têm sido cumpridas.  Depois de 18 anos, o Plano revisado merece comemoração dos vereadores e da equipe envolvida, não apenas por ter um sonho realizado, como afirmaram os edis, mas por ser o início de uma nova era, a qual exigirá permanentemente muito esforço e trabalho, para o bem de todos os viçosenses, nativos ou não.

 


DESENHO: A CIDADE E AS MULHERES

As cidades ainda deixam a desejar para as mulheres?
Desenho nanquim sobre papel vegetal. Abril 2023, Ítalo Stephan.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

REVISÃO DO PLANO DIRETOR FINALMENTE APROVADA

23 anos depois o Plano Diretor de Viçosa teve sua revisão aprovada, nesta quarta-feira, 11 de abril de 2023. 
Na segunda votação, a lei aprovada novamente  por unanimidade dos vereadores.
A aprovação não é o fim, há regulamentações a serem feitas e várias propostas a serem implementadas. Espero que a Prefeitura dê andamento ao que o Plano prevê, e que a Câmara Municipal entenda sua importância e fiscalize sua aplicação.
Foto Ítalo Stephan. 

domingo, 9 de abril de 2023

OBRAS PARADAS

 



Artigo publicado no jornal Folha da Mata, em 5 de abril de 2023.

É preocupante a frequência com que obras públicas são iniciadas e não concluídas, aqui na cidade e em todo o país. A questão é tão séria que gera um interminável embate, entre os gestores públicos, o setor da construção civil, os parlamentares e, é claro, as  muitas comunidades prejudicadas. Os impactos do atraso na conclusão elevam os custos das obras públicas e colocam em dúvida a capacidade técnica dos responsáveis e, infelizmente, também  a ética.  Segundo Paulo Ziukolski, presidente da a Confederação Nacional dos Municípios – CMN , as obras paradas têm grande impacto sobre a vida da população. Constituem-se, portanto, um problema seríssimo para as prefeituras. Corroboram com esse tema, a Confederação Nacional das Indústrias – CNI, a Agência Senado e o Sindicado dos Engenheiros - SENGE-MG.

Os motivos da interrupção dos trabalhos nos canteiros de obras são diversos: problemas técnicos, pedidos de termos aditivos, abandono por parte das empresas e dificuldades orçamentárias. A CNI aponta a superficialidade e a falta de qualidade dos projetos. Os projetos são mal elaborados, às vezes são mal pagos e sujeitos às concorrências de menor valor e menor qualidade. Esses projetos são utilizados na elaboração dos quantitativos e estimativas que fundamentam as licitações incompatíveis com a complexidade técnica das obras. A burocracia exigida nas construções de obras públicas é outro fator impeditivo. Há uma série de dificuldades no atendimento aos requisitos dos processos burocráticos atribuídos à gama de legislações referentes à licitação e execução de obras públicas. Além disso, há as leis complementares que tratam sobre o atendimento de requisitos socioambientais para a obtenção de licenças, alvarás, autorizações e registros. A gestão ineficiente é outro motivo, pois  ocorre por parte de contratantes públicos e os privados, e se expressa em falhas grosseiras e visíveis de concepção, de  planejamento executivo, de monitoramento e de controle. 

Outro fator é o planejamento falho. O planejamento orçamentário inadequado pelos contratantes públicos é também um dos principais motivos. Esses não estão acostumados ou interessados em pensar a médio e longo prazos e a destinar os recursos financeiros em diferentes anos fiscais para a realização das obras, ao planejamento das potenciais interferências externas. Dessa forma, uma gama de concessionárias de serviços é impactada, em particular, devido à transposição de redes de tubulação, postes e cabos e direito de passagem. Os aditamentos contratuais desfocam a realização eficiente e diligente do trabalho da obra, em detrimento de ganhos potenciais oriundos da interpretação e da produção de cláusulas contratuais ambíguas. Uma causa identificada é a dificuldade dos entes subnacionais em gerir os recursos recebidos. A má gestão não significa necessariamente corrupção ou desvio de dinheiro (ambos sistemáticos no Brasil). A má gestão também pode estar associada à carência de pessoal especializado para conduzir contratos, na demora da resolução de pendências e nas falhas na fiscalização. 

Essas obras são praças, quadras de esporte, recuperação e pavimentação de vias e unidades de atendimento de saúde, entre outros projetos. Noticiam-se muitos casos de conjuntos de habitações populares que precisam ser refeitos. Muitas obras são equipamentos e serviços necessários e muito reivindicados pelas comunidades. Em Viçosa, aguardamos, desde 2014, a conclusão da estação de tratamento de esgotos da Barrinha. Obras são iniciadas e inconclusas, como os trevos rodoviários, a escola de tempo integral e o Centro de Zoonoses. A CNI recomenda medidas para que evitar paralisações e atrasos:  melhorar o macroplanejamento, avaliar a modalidade de execução mais adequada; fazer um microplanejamento eficiente; aparelhar melhor as equipes, e elaborar contratos mais equilibrados. Essa praga de obras paradas é crônica tem que acabar. É dinheiro público malgasto, é prejuízo para todos, e dinheiro público é sagrado.

Foto: https://www.vicosa.mg.leg.br/institucional/noticias/2021/05-2021/vereadores-discutem-sobre-obra-da-ete-barrinha

quinta-feira, 6 de abril de 2023

REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE VIÇOSA APROVADA EM PRIMEIRA VOTAÇÃO

Sessão da Câmara Municipal de Viçosa, em 4 de abril, que aprovou, por unanimidade, em primeira votação, a revisão do Plano Diretor de Viçosa. 23 anos depois. Votação muito importante, poucos cidadãos no auditório.  Foto Ítalo Stephan.

 

EVENTO SOBRE ASSÉDIO NA UFV

Evento sobre assédio, organizado pelo DCE/UFV, parte da Campanha Nacional Movimento Olga Benário e Movimento Correnteza. Auditório do DED, em 04 de abril de 2023.
Foto Ítalo Stephan. 

GRUPO DE ESTUDOS - PUPA - PPG.au /DAU/UIFV

Grupo de Estudos no Laboratório Pupa, no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFV. Mestrandos e doutorandos do PPG.au. Foto Ítalo Stephan, março de 2023.

DESENHO: OS ANIMAIS E AS CIDADES

Desenho: Os animais e as cidades. Ítalo Stephan, abril 2023. nanquim sobre papel vegetal.