quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010 - Uma odisséia no planeta


Chegamos aos anos que a ficção científica dos meados do século XX tanto se debruçou.
Ainda não pusemos os pés em Marte, nem fomos à Jupiter. Não descobrimos nenhuma inteligência alienígena e ainda não temos robôs domésticos. Mas temos bons indícios de água na Lua e em Marte, sabemos que chove metano em Titã.
O mundo também não acabou, apesar de temos feito muitos abusos e parece que estamos colhendo tempestades, é só assistir aos jornais da TV.
Vivemos em um mundo real e um virtual.
Para os anos vindouros, a começar por 2010, precisamos ignorar as inúmeras previsões dos astrólogos e arregaçar as mangas, planejar muito para que tenhamos muitos momentos de felicidade.
Participemos mais do que se passa ao nosso redor, cuidemos das nossas cidades.
Cresçamos sem deixar injustiças sociais
e contas ambientais caríssimas para que nossos descendentes paguem.
Um excelente 2010!!!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Livro recomendado: Cidades invisíveis

Livro de cabeceira para arquitetos e urbanistas.

Em As Cidades Invisíveis (1972), Ítalo Calvino imagina um diálogo fantástico entre "o maior viajante de todos os tempos" e o famoso imperador dos tártaros. Melancólico por não poder ver com os próprios olhos toda a extensão dos seus domínios, Kublai Khan faz de Marco Pólo o seu telescópio, o instrumento que irá franquear-lhe as maravilhas de seu império. Marco Pólo descreve cidades fantásticas, todas com nomes de mulheres. Descreve, sem ter isto como objetivo, características arquitetônicas e de urbanismo de cidades imaginárias como Fedora (cidade dos inúmeros planos não realizados), Zenóbia (trata das cidades que cancelam os desejos de seus moradores) ou de Otávia (cidade suspensa numa teia de aranha, onde seus moradores têm consciência dos riscos de crescer, uma metáfora ao desenvolvimento sustentável).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De Marte ou do Haiti?

Texto publicado em junho de 2006 no jornal Tribuna Livre de Viçosa
Tudo continua atual

Na última sessão da Câmara Municipal, realizada em 06 de junho de 2006, foi votada favoravelmente uma alteração da lei de Ocupação do Solo e Zoneamento de Viçosa para extinguir o afastamento de fundos de terrenos para uma grande parte da cidade. Embora o nosso parecer, juntamente com o do IPLAM fossem contrários, a Câmara julgou não haver nenhum perigo em aprovar a modificação. Só o tempo dirá se a decisão foi correta. O projeto foi aprovado por oito votos favoráveis, com apenas um voto em contrário.

Entretanto, nos incomodou profundamente a forma como fomos tratados – tanto o IPLAM como os professores da UFV – em um pronunciamento de um vereador, cujo nome não será citado (não é o primeiro a fazê-lo), bem como a passiva concordância dos demais presentes. O vereador comentou que propomos leis copiadas do primeiro mundo que não servem para Viçosa, que fazemos leis que servem para Marte mas não para nossa realidade. Foram comentários infelizes e agressivos. Há três aspectos que podem ser retirados da essência dessas declarações. O primeiro é que o vereador esqueceu que o PDV foi exaustivamente discutido e feito com ampla participação da população, de setores organizados e da própria Câmara. O segundo ponto é o que faz um vereador assumir publicamente que Viçosa não merece uma legislação de primeiro mundo? Isso nos leva a perguntar de qual mundo Viçosa merece uma legislação? Essa declaração mostra uma visão de inferioridade e reflete uma baixa auto-estima, pelo menos por parte do edil. Que tipo de pessoas este vereador representa com esta posição de inferioridade, esta aceitação passiva? Se merecemos uma legislação de Terceiro Mundo, como explicar os preços e os lucros de Primeiro – ou de fazer inveja aos capitalistas mais selvagens - que o setor imobiliário afere? Um terceiro aspecto é que o vereador parece desconhecer o que é uma legislação de Primeiro Mundo, em que as regras são muitíssimo mais exigentes, onde para se aprovar a construção de um prédio de vários pavimentos deve-se, dentre uma série de requisitos, ouvir a toda a população na vizinhança ou apresentar estudos de projeção de sombra nos arredores durante todas as estações do ano. O vereador parece desconhecer que também temos no Brasil uma legislação do nível do Primeiro Mundo, que é o Estatuto da Cidade, aprovado para corrigir aberrações urbanas como as que ocorrem em Viçosa.

Um último aspecto preocupante desse episódio é que em alguns meses chegará na Câmara um projeto de revisão do Plano Diretor, obrigatório para atender ao Estatuto da Cidade. Estarão presentes no projeto de lei instrumentos muito mais rígidos do que a limitação de uma determinada quantidade de pavimentos numa edificação. Um impasse se aproxima, pois as exigências do Estatuto, lei de Primeiro Mundo, não servem para Viçosa. Os munícipes não a merecem, já que têm de se submeter às leis impostas pela estúpida e suicida ganância do mercado imobiliário; têm de aceitar passivamente a ditadura de um setor que vai levando a cidade ao agravamento de problemas.

A Prefeitura de Viçosa e a UFV prepararão uma revisão obrigatória da legislação, a ser construída em conjunto com a população. Tais propostas de leis provavelmente esbarrarão em setores retrógrados que insistem em manter Viçosa em um processo de deterioração apenas para prevalecer interesses econômicos imediatistas, sem nenhum compromisso com o bem comum e com as futuras gerações. Enquanto isto, usam de artimanhas para colocar a população contra nossa atuação, acusando-nos de promotores do desemprego na área da construção civil. A ideologia daqueles que pagam muito pouco e ganham muito reverte o jogo, espalha um medo infundado e nos coloca como os sonhadores, como vilões a serem combatidos.

Vamos continuar a propor pelo menos algumas leis de “primeiro mundo”, porque acreditamos que assim deve ser a legislação urbanística para Viçosa, como para qualquer outra cidade brasileira. A prefeitura vai cumprir sua obrigação, mas antecipamos que poderá haver muita dificuldade na aprovação de medidas capazes de mudar os rumos desta pobre cidade.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Exclusão perversa


Tenho, de minha casa, uma visão ampla e bonita. À noite, é ainda mais bela: vêem-se estrelas. O primeiro plano é de uma pequena vila, com algumas luzes. Mas na paisagem domina o verde. Há algumas casas, as ruas são asfaltadas.

Observa-se uma iluminação das ruas eficiente, que dá uma sensação de segurança. Mais ao longe, lá no alto dos morros que circundam o centro, podem-se observar casas, quase todas ainda com sua alvenaria aparente. Há mais manchas de vegetação, por vezes cobrindo um terreno inclinado demais para abrigar uma construção. Cada casa apresenta um ponto de luz fraco, que se soma aos muitos outros, formando uma silhueta ondulante e trêmula à noite. De lá, seus moradores têm também uma bela vista. Mas têm mais dificuldades e problemas que os moradores mais privilegiados do centro. Não se pode dizer que a qualidade das vias, calçadas, iluminação e de suas próprias residências é tão boa quanto a da área central. Nem sempre é fácil alcançar a parada de ônibus, nem sempre lá chegam com facilidade o caminhão da coleta de lixo, o caminhão de gás, uma viatura policial ou uma ambulância, quando mais se precisa. Nem sempre pode-se ir em busca de atendimento médico, escolas ou a alguma atividade de lazer ou de cultura. As limitações impostas pela idade, pelas necessidades físicas especiais, ou principalmente, pelas financeiras, cerceiam das pessoas os direitos de ir e vir, de viver plenamente a cidadania.

Um vento forte, um temporal, uma seca prolongada, uma chuva de granizo ou um sol a pino têm efeitos muito diferentes nestas partes da cidade. Enquanto uma assiste aos fenômenos meteorológicos de forma segura e confortável, pois sabe que vai passar; a outra se preocupa, fica sem água, sem energia elétrica, sem acesso por vários dias. Seus moradores às vezes adoecem, às vezes entram em pânico, às vezes têm a vida transformada por tragédias que não alcançam os de cá.

Os de cá e os de lá moram na mesma cidade, embora vivam em realidades diferentes. Os de cá, que podem até se importar com o que acontece com os de lá, mas não trocariam de lugar. Nesta cidade, e em milhares de outras nesse país, há esta divisão silenciosa, esta segregação perversa. Às vezes alguns dos cidadãos até escolhem se isolar nestas áreas distantes, fecham-se em muros medievais, levam consigo e seus familiares os gastos públicos da construção de uma infra-estrutura adequada de vias, iluminação pública e saneamento; instalam eficientes sistemas de segurança; chegam e saem de lá com seus automóveis individuais. Para isso, acabam empurrando quem morava onde agora estão, para mais longe, mais longe, longe dos que mandam e dos que consomem, longe ainda mais da cidadania. Desta forma, longe até da nossa vista, esquecemo-nos deles, pelo menos até que alguns de nós, eventualmente, precisemos de seus votos.

Quem pode mudar esta situação? Certamente não serão os do lado de cá, embora haja alguns que podem ajudar. A participação e a cobrança por políticas inclusivas são caminhos a serem tomados por quem quer mudar a cidade, ampliar a cidadania.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sobre ciência e religião

http://wagbarart.files.wordpress.com/2008/05/universo.jpg

“A fé é poderosa o suficiente para imunizar as pessoas contra todos os apelos de piedade, de perdão, de sentimentos decentes humanos. Ela até as imuniza contra o medo, se elas honestamente acreditarem que a morte de um mártir irá levá-las diretamente ao paraíso. Que arma! A fé religiosa merece um capítulo para si mesma nos anais da tecnologia de guerra em pé de igualdade com o arco-e-flecha, o cavalo de guerra, o tanque, e a bomba de hidrogênio.” Richard Dawkins, O Gene Egoísta.

“A religião é um subproduto do medo. Na maior parte da história humana, ela pode ter sido um mal necessário, mas por que ela foi mais má do que o necessário? Matar pessoas em nome de Deus não é uma boa definição de insanidade?” Arthur C. Clarke, autor de 2001 - uma odisséia no espaço e Canções de uma terra distante.

"Desde que o universo tenha um começo, podemos supor que ele teve um criador. Mas se o universo é completamente auto-contido, não tendo fronteiras ou bordas, ele não seria nem criado nem destruído… Ele simplesmente seria. Que lugar há, então, para um criador?” Stephen W. Hawking, cientista Inglês.

“Existem muitas hipóteses na ciência que são erradas. Isso é perfeitamente correto; elas são a abertura para descobrir o que é certo. A ciência é um processo auto-corretivo. Para serem aceitas, novas idéias devem sobreviver aos mais rigorosos padrões de evidência e escrutínio.” Carl Sagan, autor de Cosmos.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ruína - Alice Ruiz

Ruína (Alice Ruiz)

a ruína
é uma casa assombrada
por si mesma

suas janelas
dão pra dentro
de outro tempo

olhar por elas
é revê-las
(revelá-las)

quem a imitaria
tão bem
quanto sua sombra

que sombra
é aquela
senão a dela?

que luz a vela
e a leva até ela
que não existe mais?

Conheçam seu lindo trabalho
Alice Ruiz S
http://aliceruiz.com.br/poemas?page=1

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A síndrome dos galpões

Vivemos, nestes tempos de praticidade e economia, uma onda de construções de péssima qualidade projetual e de resultados muito aquém do mínimo de qualidade. Alguns espertos construtores ou ingênuos empreendedores dão uma solução mágica para quase tudo que abriga alguma atividade humana: o galpão. Esta prática estrutura é geralmente formada de quatro paredes ortogonais, com poucas divisórias internas e um telhado de duas águas, sem laje e em poucas vezes com algum tipo de forro, tudo utilizando materiais construtivos dos mais baratos. Dentro desta descrição de espaço cabem muitas das atividades humanas. É galpão para armazenar, produzir, beneficiar produtos, criar animais, mas também tem servido para morar, estudar, trabalhar, se divertir. No sentido mais utilizado na hora de se pensar em um projeto o uso do termo tem apenas objetivo prático. Em muitos casos, utiliza-se a “solução” galpão apenas para diminuir os custos de projeto e da obra, de considerar apenas o volume interno que ele propicia, e deixar para dar um jeitinho nos outros detalhes depois. O pobre galpão tal como se quer é uma solução prática, na qual pouco se pensa na qualidade ambiental que seria capaz de oferecer, se projetado devidamente. Depois de pronto, é muito comum dar a ele uma “maquiagem” fazendo-o ficar bonitinho.

O galpão, no imaginário das pessoas, é uma construção barata e simples, prática e funcional; mas tem uma definição com dois sentidos opostos, que pode resultar em resultados bem diferentes. O galpão é a “solução” comum para depósito, galinheiro, indústria ou um ginásio para a prática de esportes. É uma solução normal e aconselhável, mas, atualmente num galpão também coloca-se para funcionar igreja, cinema, hospital, casa, escritório, escola, faculdade, sem considerar inúmeros aspectos relevantes para um adequado funcionamento específico, o que obviamente não pode se resumir a um galpão. O que mais se vê nos “galpões” é um padrão construtivo de baixa qualidade e de sofrível aspecto, que serve apenas para amontoar coisas e pessoas. Em Viçosa, há muitos deles surgindo, principalmente na avenida Marechal Castelo Branco. As construções são tão improvisadas quanto o movimento e o corte de terra executados.

Entretanto, é perfeitamente possível termos galpões bem projetados e que atendem adequadamente a função à qual foi projetada. Há bons projetos arquitetônicos que surgem a partir de um galpão ou que não podem deles prescindir, e a eles são acrescentadas boas soluções arquitetônicas, de climatização, ergonomia e tratamento de sua volumetria. São inúmeros os exemplos de uma boa arquitetura desenvolvida a partir da idéia de um galpão, dos quais pode-se citar: o belo prédio da TV Bandeirantes e o Centro de Convenções da Gameleira, em Belo Horizonte, utilizando criativa e amplamente a forma básica dos galpões, projetados arquiteto Gustavo Penna. No Espírito Santo, Alexandre Feu Rosa projeta e constrói magníficos espaços destinados à indústria de equipamentos eletrônicos.

Esta cultura local em que o galpão é um termo pejorativo, é um mau sinal de que estamos construindo um mundo medíocre, baratinho e supostamente bonitinho. A história da humanidade nos mostra magníficos exemplares de uma arquitetura que, por hora parece cair numa indescritível banalidade e repetição. A arquitetura de qualidade fica muito prejudicada e de acesso muito restrito aos que vivem fora dos centros urbanos mais importantes. O galpão, utilizado da forma aqui descrita, é o símbolo de uma sociedade que ignora a arquitetura que, na maioria das vezes pode e deve ser simples e acessível, que é capaz de ser elegante e que permite praticidade, conforto e qualidade. A arquitetura empobrece e o mercado de trabalho dos seus profissionais fica comprimido. As nossas cidades ficam mais feias e sem identidade. A arquitetura produzida nestes tempos será, no mínimo, desprezada intensamente e, certamente, muito criticada no futuro.

Concertos caninos

Começam invariavelmente em torno da meia noite. Talvez porque a essa hora os seres humanos diminuem suas atividades e cedem espaço para as manifestações dos outros coadjuvantes urbanos. É precedido pelo canto de alguns poucos galos ainda criados nas cidades. Um primeiro cão late umas quatro ou cinco vezes e aguarda. Um segundo responde, algumas dezenas de metros. Mas se segue um breve período de silêncio. O primeiro cão insiste, com mais ênfase. Aí sim outro cão aceita o desafio e responde. Para não ficar para trás um terceiro entra no debate, afinal de contas parece que estão querendo invadir seu território. Aí começa o inferno. Três, cinco, dez, vinte cães expõem, com vontade, todo o seu repertório. Passam minutos, muitos minutos e o barulho avança madrugada adentro.

Enquanto ladram, o barulho é às vezes sobrepujado por um eventual ronco de motocicleta ou um grito de palavrão de um mal-educado cidadão, cujos hormônios também afloram à superfície, como nos cães que captam no ar a presença de fêmeas no cio. Mas nada supera esse concerto insistente, desafinado, insuportável. Os donos dos animais já se acostumaram com os latidos e já não se importam, nem têm ao menos consideração com os vizinhos, que rolam em vão, nas suas camas, tentando dormir e que são vencidos apenas pelo cansaço, que se acumula dia após dia. Os donos dos cães não ligam, não procuram calar seus melhores amigos, deixam como está, se é que percebem tamanha falta de educação.

Na madrugada, depois que tocam os sinos da meia-noite, depois dos galos, os latidos percorrem todos os bairros da cidade. O concerto pára lentamente, quando os galos voltam a cantar com os primeiros clarões do novo dia, quando despertam as famintas maitacas, quando roncam os primeiros motores dos automóveis e coletivos. Aí, definitivamente os despertadores acordam as pessoas, muitas delas querendo espichar o sono, que só chegou depois de copos de água com acúcar, suco de maracujá, remédios para dormir, algodões nos ouvidos, viradas prá cá, viradas prá lá, travesseiros por cima da cabeça, passeios pelos corredores, colchonete na sala, colchonete no corredor, manobras acompanhadas maledicências dedicadas aos caros vizinhos. Os vizinhos, por sua vez, vão trabalhar para ganhar dinheiro para comprar ração para seus adorados animaizinhos de estimação.

O remédio é esperar o fim-de-semana para compensar o sono perdido na marra. Entretanto, não fica no ar espesso de sons apenas os latidos, uivos e ganidos. A companhia é de peso. Ecoam por todo lado os gritos das pessoas empolgadas com as festas animadas com churrascos, que espalham no ar o cheiro de lingüiça barata e carne queimada. As comemorações despejam no ar acordes altíssimos de música country, axé, pagode, funk, hip hop, techno bate-estacas, Mcs, DJs, caribó e forró. Músicas no mais alto volume são acompanhadas por gritos tribais e gritinhos desafinados. Batem-se portas de automóveis, os freios trabalham como nunca. Todo esse grotesco arranjo acaba por abafar os clamores dos mal-educados luluzinhos. Afinal é fim de semana e ninguém é de ferro.

sábado, 7 de novembro de 2009

Esqueceram de mim: o plano diretor de Viçosa encalhado


Encontra-se esquecido na Câmara Municipal o projeto de lei da Revisão do Plano Diretor de Viçosa. Enquanto a casa legislativa se ocupa com discussões sobre o destino do atual prefeito e distribui honrarias e homenagens (nada contra os escohidos), parece faltar coragem para discutir e votar o encalhado e já mutilado Plano Diretor.

Cadê o prefeito que não cobra a discussão do plano?

Onde estão os delegados eleitos que o discutiram e votaram?
Quem mais está cobrando isto da Câmara?
Onde estão os vereadores que nos colocam como grupo da "Ditadura da Academia", quando não dizemos o que eles querem ouvir ?
Onde está a Academia? Os estudantes?
Onde estão as tantas pessoas mestres e doutores que parecem não se importar com o destino da cidade?
Será que só interessa a alguns deles comprar apartamentos em cima dos córregos e ganhar mais um dinheirinho como aluguel a estudantes ?
Onde estão os empresários de visão, aqueles que realmente querem fazer alguma coisa de boa para o futuro da cidade? Será que esta discussão não os interessa?
Onde estão os promotores do meio ambiente, do Patrimônio, do Ministério Público?

Será que tudo está bem? Ou nada disso não nos diz respeito?

Já padecemos no trânsito, nas chuvas, no custo os imóveis, com a feiúra das ruas, com a sujeira, o desmazelo, a falta de fiscalização, das leis casuísticas feitas para favorecer a uns poucos interessados, e mais que tudo, a falta de projetos, de políticas públicas, de planejamento e de uma boa gestão. Qual é a visão de quem comanda este trem desgovernado?

Outros municípios estão programando suas Conferências da Cidade. O que estamos preparando para nós?
Se você não se importa com as pessoas, o inverso também pode ser verdadeiro.

domingo, 1 de novembro de 2009

Procura-se arquitetos

Aqui pode estar sua chance:

www.concursospublicosonline.com/.../Concursos.../Arquitetura/
www.arquitetura.arq.br/empregos
www.g1.globo.com/Noticias/Concursos_​Empregos
www.concursos.com.br
http://concursos.ig.com.br

Paradigma do automóvel


Eu e outros arquitetos, como o Aguinaldo Pacheco e o José Luiz de Freitas, defendemos que o paradigma do automóvel, ou seja, as soluções para o trânsito tendo como ponto de partida o transporte individual, deve ser revisto.
A solução é um conjunto de medidas nas quais a prioridade é o pedestre, a ciclovia, o transporte coletivo, o táxi e, depois de tudo, o automóvel particular.
Cobrir a linha férrea de asfalto é um erro sem tamanho. Criar estacionamentos em terrenos vagos é paliativo.
É claro que a cidade precisa ter mais vias para articular o trânsito, mas é preciso rever o que temos. Não está bom.
Alguns defendem que deve-se transformar ruas em calçadões na área central, além de acabar com vagas de estacionamento ao longo das vias.
É preciso garantir a mobilidade e acessibilidade para que hajam condições para que os pedestres e ciclistas possam caminhar ou pedalar seguros.
Esquecidos ou subutilizados são os amplos corredores da linha férrea e do Ribeirão São Bartolomeu, potenciais suportes para soluções para o trânsito e para a mobilidade.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Crueldade


Pledge to go fur-free at PETA.org.

As águas vão rolar

Chegamos a mais um período de chuvas. As nossas casas, móveis, sapatos e roupas voltarão a ficar verdes de mofo causado pela alta umidade. Muitas pessoas aguardam com ansiedade e preocupação este período do ano, em que as notícias sobre as consequências das chuvas ocupam as primeiras páginas dos jornais de quase todas as cidades das regiões Sul e Sudeste. Lembremos como as cidades do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, Petrópolis no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Governador Valadares, Lambari, Mirai e a vizinha Ponte Nova foram algumas das cidades em que suas populações passaram por muitos sofrimentos e medo. A drenagem urbana é, portanto, o grande desafio a ser resolvido.

Passou o período de consertar os estragos do início do ano e de preparação do que está por vir. Quem não fez isso conta apenas com a ajuda dos céus acima das nuvens carregadas. Para quem já esqueceu, em novembro do ano passado choveu muito todos os dias. Até março deste ano, tivemos muitos temporais, com ruas alagadas (como a Bernardes Filho) e deslizamentos de terra que ainda estão visíveis e ameaçadores, como vemos ao longo da Avenida Marechal Castelo Branco. A prefeitura não exerceu com eficácia sua função de fiscalização para impedir ocupações e obras que possam provocar danos menos ou mais graves. Pessoas, presas às necessidade diárias e imediatas, acabam acreditando apenas em proteções divinas e aceitando os riscos como se fossem fatalidades. Alguns tentam resolver os problemas sem as devidas providências técnicas e acabam complicando ainda mais a situação. Em um ano, mais uma grande parcela do solo urbano foi impermeabilizada, o que significa que mais água vai chegar mais depressa nas partes mais baixas, procurando rápida saída nos córregos e ribeirões. A Defesa Civil que se prepare para ter muito trabalho.

Os leitos dos cursos d´água e várzeas estarão sempre sujeitos às enchentes e isso tende a ser esquecido. Canalizar os córregos não resolve, pois dificilmente, tais canalizações terão dimensões suficientes para comportar os volumes das grandes cheias. A canalização promove uma confiança responsável pelo relaxamento das populações vizinhas, predispondo-as aos desastres, que podem demorar, mas que um dia acontecerão. Se as enchentes são praticamente inevitáveis, como fenômenos naturais, algumas tecnologias poderão ser adotadas para diminuir os escoamentos superficiais, evitando a chegada de grandes volumes aos cursos d’água, em curtos espaços de tempo. Reter volumes precipitados é um caminho básico, tanto no meio rural como no urbano. É preciso entender que o fenômeno das enchentes é passível de ser sanado ou minimizado com tecnologias apropriadas às especificidades urbanas. Planejar e executar sistemas de manejo de águas de chuvas nos meios urbanos são os únicos caminhos. Há projetos como os de reservatórios de amortecimento de águas pluviais sendo desenvolvidos na UFV para lidar com estes problemas. Projetos têm de sair do papel. Para o futuro, será preciso estimular, até mesmo exigir que os prédios também incluam reservatórios para o aproveitamento das águas da chuva, para usos como lavagem de garagens e irrigação de jardins. Por fim, começam-se a espalhar mundo afora as coberturas verdes, jardins gramados atuando como telhados, capazes de absorver e reter muita água da chuva.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Exoplanetas



Descobertos novos 32 planetas fora do sistema solar.
Já são mais de 400 exoplanetas descobertos.
Bom saber que temos tantas alternativas!

Ver no site Inovação Tecnológica / Notícias de 19/10/2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Aos trancos e barrancos

Movimento de terra na Av. Mal. Castelo Branco

Há, na cidade, uma profusão de cortes em terras executados e mantidos de maneira irresponsável, sem as devidas obras de contenção ou de manutenção de estabilidade. Barrancos em cortes quase verticais ameaçam a integridade dos moradores e transeuntes. Nos períodos de chuva a terra fica saturada de água, portanto fica pesada, ampliando a possibilidade de desabamentos. Há, na cidade, vários locais onde isso aconteceu recentemente. Felizmente ainda não houve danos físicos sérios. Mas os incômodos surgem e a conta da remoção e limpeza deverá ficar para nós pagarmos.

Os barrancos permanecem relativamente estáveis até que as chuvas cheguem e um dia eles desabam. São despejados foras dos limites dos terrenos, nas vias públicas, toneladas de terra, pedra e barro. Há, em Viçosa, vários terrenos que se limitam com as vias públicas em barrancos, mesmo em locais de alto valor de terra, como acontece no bairro de Ramos. Na Avenida Marechal Castelo Branco, ao longo do bairro Belvedere, há essa constante ameaça. Isto ocorre porque a ganância dos construtores do loteamento abriu, há quase vinte anos, vias que não deviam existir, cortando e aterrando, criando assim encostas instáveis pela declividade acentuada. Volta e meia desce um pouco de terra e cabe à administração municipal retirar. Na mesma avenida há áreas suscetíveis de desmoronamentos devido à retirada de grande quantidade de terra: nos trevos e ao longo da extensa área vizinha ao Campus da UFV, onde a terra vem sendo tirada para criar terrenos planos, mas ampliando ainda mais os gigantescos barrancos. Lembremos do que já aconteceu no terreno dos edifícios hoje conhecidos como Carandiru, onde metade da pista da avenida P. H. Rolfs desabou por duas vezes, por conta das obras feitas de maneira incorreta (Tribuna Livre de 12/01/2001). Basta dar uma olhada de longe e ver toda a encosta ao longo da Avenida Milton Bandeira, que tem constantemente tido terra retirada. Já aconteceram, por várias vezes, desabamentos que causaram pânico e tiveram apenas soluções paliativas e foram esquecidos até que a ameaça voltasse. Temos que torcer para que nada de grave aconteça, mas é admirável a coragem daqueles que moram e trabalham aos pés daquele monstruoso paredão de dezenas de metros de altura, visível de vários pontos da cidade.

Outra preocupação é: para onde é levada tanta terra retirada? Há uma profusão de aterros que avançam em direção aos leitos dos cursos d´água, como no bairros Vau-açu e Novo Silvestre. O CODEMA deve ficar alerta também ao que está ocorrendo neste processo de desmonte da topografia de Viçosa, que elimina nascentes e estreita e assoreia os córregos.

A insistência em deixar o solo exposto às intempéries, sem nenhuma proteção, coloca os munícipes sob constante perigo. Os deslizamentos ocorridos em Viçosa demonstram como o prejuízo é coletivo enquanto os benefícios, principalmente econômicos, ficam nas mãos apenas dos proprietários, já que os terrenos vão ficando livres da terra, mas em compensação com barrancos cada vez mais altos sem as devidas medidas de proteção. Os terrenos assim criados se valorizam, enquanto a prefeitura assume o ônus de limpar e retirar a sujeira. É necessário fiscalizar e exigir que sejam tomadas as medidas técnicas adequadas e evitados cortes de terra que poderão causar graves problemas futuramente.

As chuvas estão de volta.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Oportunidades


A mídia nacional tem apresentado continuamente matérias sobre os inúmeros sucessos de cidades espalhadas por todo o território nacional, onde muitos empregos são criados, riquezas são geradas e relativamente bem distribuídas, forjadas principalmente em função do agronegócio. Conhecemos verdadeiras revoluções em nível de geração de renda, empreendedorismo, melhorias na educação e saúde; sonhos de muitas famílias tornados realidade. Há um grande momento nacional onde as oportunidades aparecem e são muito bem aproveitadas. Estaria Viçosa na posição de aproveitar ou perder as oportunidades que aparecem, embora em menos quantidade nesta empobrecida Zona da Mata? Lembremos que Viçosa tem o maior número de doutores per capita do Brasil.

Viçosa cresce a ritmo acelerado, mas desenvolve a um ritmo lento. Viçosa, que ganhou na atual administração o lema “Cidade Educadora” fica para trás de Ubá no quesito educação e permanece atrás de Ubá Ponte Nova, Coimbra e Teixeiras no quesito saúde. Viçosa tem, mas não se sabe por quanto tempo, um Centro Vocacional Tecnológico, instalado com recursos públicos federais, mas muito mal aproveitado por uma cidade que precisa oferecer inclusão digital e capacitação técnica aos seus moradores. O conhecimento aqui gerado continua fluindo para outras partes de um Brasil que enriquece, muitas vezes, por causa dele. Tem também, apesar do desinteresse da administração municipal e da descrença de alguns setores da UFV, uma poderosa oportunidade com implantação do Parque Tecnológico, que vai dar certo, mas à custa de vencer muitos obstáculos desnecessários.

Enquanto isto, o mercado imobiliário apresenta imóveis a preços estratpsféricos, acima mesmo dos praticados em cidades muito maiores. Parece haver o predomínio do aspecto especulativo, uma vez que os preços da terra e dos imóveis estão em um padrão elevado, incoerente com uma deficiente infra-estrutura urbana (vide dimensões das vias, qualidade da pavimentação, das calçadas, rede de coleta de águas pluviais). Em Viçosa os empregados da construção civil têm baixa qualificação e são mal remunerados. A qualidade do que se coloca à venda é discutível pelas dimensões mínimas e pelo acabamento. O aspecto especulativo parece favorecer a uma elite de proprietários de muitos imóveis que acumulam patrimônios invejáveis e de empresários que não querem deixar entrar na cidade concorrentes de peso. Além desta elite, há uma pequena parcela da população de investidores abastada o suficiente para pagar R$200.000 por um apartamento de 2 quartos. Nota-se que existem muitos imóveis vazios. Sem dúvida, há um promissor horizonte para a construção civil, mas até quando será possível sustentar valores de um mercado inflacionado?

A história recente mostra uma valorização contínua dos imóveis, mas até quando isto realmente poderá ser praticado sem prejudicar o desenvolvimento de Viçosa? A mesma história mostra a falta de visão e de bom planejamento, a descrença de que poderíamos ter uma cidade muito mais organizada, rica, saudável e atraente para empresas e pessoas capacitadas. Viçosa pode mudar e vir, num futuro próximo, a ser citada como exemplo de sucesso. Para tal, para os próximos governantes, há requisitos básicos para que o município não perca as poucas oportunidades que aparecerem. O primeiro é a coragem de inovar, acreditar e investir no potencial de conhecimento gerado na UFV, através do total apoio à implantação do Parque Tecnológico. O segundo é acreditar e investir no planejamento urbano e no desenvolvimento de projetos que, se bem elaborados, encontrarão recursos estaduais e federais para permitir um crescimento mais equilibrado. Por último, mais que nunca é preciso investir na capacitação dos cidadãos, investir na educação e nos educadores.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Escada x escada rolante

Confira uma interessante maneira de fazer as pessoas preferirem usar uma escada ao invés de uma escada rolante.

http://ahp.apps01.yorku.ca/

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A exemplar pequena Rio Doce


Rio Doce é um município de pouco mais de 2.300 habitantes em cuja área urbana moram menos de 1.4oo pessoas. Considerando que está na empobrecida Zona da Mata mineira, é um exemplo de boa gestão: tem esgoto tratado, usina de reciclagem de lixo, uma boa política social, uma boa política de habitação social, um conselho de patrimônio e planejamento urbano. Mesmo ser ter a obrigação constituicional, já possui plano diretor.

Os administradores seguem uma mesma linhagem política que está no terceiro mandato. Isto é um fator favorável ao município, certamente conjugado com competência e visão de maior prazo. O tempo que os administradores tiveram, e têm, favoreceu com que o município adquirisse e apresentasse uma qualidade de vida superior aos seus vizinhos.

Um dos destaques é a forma com que o município resolve a política habitacional. Com recursos obtidos junto ao governo federal, somados aos recursos da prefeitura, constrói-se, dentro da malha urbana, em lotes espalhados, casas com 64 metros quadrados (o padrão federal é de 32 metros quadrados) com laje e telhado cerâmico. Resultam disto casas dignas, saudáveis e integradas ao tecido urbano. Não são criados os famosos "pombais", ou seja, aqueles bairros segregados.

Agora, há um importante destaque relacionado ao planejamento urbano. O município comprou uma área de 16 hectares, ao lado da malha urbana, com o objetivo de contruir novas ruas, oferecer lotes residenciais urbanizados, áreas verdes, criar terrenos para a construção de futuros equipamentos urbanos e construir um pequeno distrito destinado a indústrias de pequeno porte, não poluentes.

Parabéns à pequena e saudável Rio Doce, que não tem têm nenhum destaque quanto à produção agroindustrial ou de mineração. É apenas uma pacata, limpa e muito bem administrada cidade, que oferece um padrão de vida exemplar aos seus moradores e usando com competência os recursos que obtêm. Que ela continue a ser bem administrada.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O que fizemos com as nossas cidades


Como são feias as cidades na pobre Zona da Mata mineira. Feias como resultado da falta de uma política urbana, do desrespeito ao meio ambiente, da pobreza da arquitetura e da pobreza material.

Manhuaçu (a mais feia de todas), Ponte Nova, Caratinga, Carangola, Viçosa, Ubá, Coimbra, Teixeiras, Carangola, Bicas vão crescendo sem controle e sem identidade nenhuma. Em qualquer uma destas cidades, a gente passa e quer passar o mais rápido possível, por presenciar tanta falta de cuidado, de respeito aos espaços públicos e de improviso e má qualidade em suas casas e prédios.

É muito comum encontrar nestas cidades edificações que avançam em cima dos leitos dos imundos e poluídos cursos d´água. Obras irregulares empurram e estrangulam os pobres rios. Vez ou outra os cursos d´água reclamam seus antigos leitos e fazem estragos. As construções avançam por cima das calçadas. Onde seriam marquises, surgem varandas ou prolongamentos de salas e quartos. As ruas ficam estranguladas, escuras, as casas sem ventilação. Cada vez mais cheias de automóveis, sem vagas para estacionar o caos se instala no trânsito. As caixas d´água azuis, as lajes com suas coberturas metálicas e antenas parabólicas dominam a paisagem.

Uma destas cidades é Ponte Nova. Ela, que um dia já teve maior importância regional, perde prestígio para outras cidades vizinhas. Sofreu demais com o último período de chuvas. Não conseguiu se recuperar e receber obras de conserto dos enormes estragos. Não está preparada para enfrentar um novo período chuvoso com os mesmos índices. O rio Piranga, que era para ser bonito, está assoreado e ainda tem pedaços de árvores, concreto e entulhos em seu leito.

Assim, a simpática, mas feia, muito feia Ponte Nova, enfrentará muitos problemas. O quadro pessimista está armado. Ficará cada vez com aquele jeito de terra arrasada. As autoridades pouco fizeram para dar um pouco de segurança e esperança de melhoras. Vamos torcer para que não aconteça nada de ruim aos seus habitantes, mas os céus estão muito nublados.

domingo, 4 de outubro de 2009

Tangerine Dream - Cyclone

Assista e ouça o video do Tangerine Dream - Cyclone

É a banda que lançou mais de cem discos, desde a década de 1960 e continua lançando até hoje. Eles são o "'Oscar Niemeyer"- em longevidade e criatividade do Rock Progresivo Eletrônico
Para a turma de hoje , é só ouvir com atencão e calma, e conhecer uma das lindas sinfonias progressivas. Bom para estudar e trabalhr ouvindo.

Assistam:
http://www.youtube.com/watch?v=Kzqg7K87GJU

sábado, 3 de outubro de 2009

Parque Tecnológico de Viçosa


www.centev.ufv.br/.../boletim18_maquete01.jp

Dados inquestionáveis já publicados demonstram o quanto a Zona da Mata mineira está em más condições sócio-econômicas, em relação ao restante do país, e ao próprio estado. Números frios mostram que a cidade em melhores condições é Juiz de Fora, que está em 70o lugar em desenvolvimento humano, enquanto as outras cidades (Bicas, Viçosa, Ubá) estão abaixo do 350o lugar, entre as cidades brasileiras. São posições preocupantes e pouco dignas de algum orgulho.

Por outro lado, a Zona da Mata tem duas instituições federais de ensino superior e muitas outras faculdades particulares. Viçosa, pequena cidade privilegiada com uma universidade de ponta é pólo de uma mirorregião pobre. A produção científica produzida em seu campus vai, quase sempre, parar longe e pouco deixa para suas montanhosas vizinhanças. Agora a UFV tem em andamento um espetacular projeto do Parque Tecnológico, capaz de consolidar a vocação de geradora de tecnologia, de alavancar o desenvolvimento baseado a partir da sua excelente produção científica.

O Parque Tecnológico de Viçosa – PTV – terá como diferencial a indução do desenvolvimento regional, atraindo investimentos de base tecnológica. O PTV oferece condições físicas e institucionais que facilitem e promovam a transferência de experiências e conhecimentos gerados na UFV para o setor produtivo. Localizado em uma área de 214 hectares, vizinha a uma área de preservação e sediada em um prédio histórico tombado pelo município, o PTV receberá incubadoras de empresas, micro-empresas e empresas de pequeno porte, produtoras de alta tecnologia. Tem condições de gerar mais de 600 empregos altamente qualificados, espalhados em 81 lotes e 42 salas. Pode absorver parte dos profissionais formados, que normalmente vão atrás de outras oportunidades, já que aqui na Zona da Mata não aparecendo. O PTV se prepara também para se tornar um centro de integração social e de lazer, desmistificando assim o saber científico e aumentando a consciência da população a respeito da preservação do meio ambiente de do patrimônio cultural.

Esta oportunidade única está próxima de tornar-se realidade com a implantação de várias empresas que já reservaram seus espaços. O prédio foi requalificado em uma obra de ótima qualidade que oferecerá todas as condiçoes físicas para abrigar as empresas.Este precioso projeto pode se tornar um vetor de promoção do desenvolvimento local e regional tão importante quanto a própria UFV. O PTV é, certamente, o início de uma nova fase, muito mais favorável que a atual, possível de trazer um pouco do que Zona da Mata anda perdendo para as outras regiões de Minas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Livro recomendado

MONEO, Rafael
Inquietaçao Teorica e Estratégia Projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos
Cosac Naify
2009

Oito arquitetos protagonistas do cenário internacional contemporâneo são tema de textos de Rafael Moneo . Em 'Inquietação teórica e estratégia projetual', o autor faz uma reflexão crítica sobre a trajetória de cada um deles. Descreve seus processos e métodos de projetação e ilustra com os principais trabalhos desenvolvidos ao longo da carreira de cada um.

O autor Rafael Moneo tem uma carreira de arquiteto, professor e ensaísta de grande destaque e apresenta em linguagem clara, como resultado de palestras, os arquitetos James Stirling, Venturi & Scott Brown, Aldo Rossi, Peter Eisenman, Álvaro Siza, Frank O. Gehry, Rem Koolhaas e Herzog & De Meuron.

O livro pode ser adquirido nas principais livrarias do país.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Trilogia Qatsi



A trilogia Qatsi (Koyaanisqatsi, Powaqqatsi e Naqoyqatsi) filmes dirigidos por Godfrey Reggio é imperdível para qualquer ambientalista, geógrafo, sociólogo, antropólogo, poeta, artista, músico, turismólogo, filósofo etc., mas também essencial para um Arquiteto e Urbanista refletir sobre o que o ser humano tem feito com o planeta Terra.
Tudo fica ainda mais belo com as trilhas sonoras fabulosas de Philip Glass. Corra atrás para assistir. Viva a Qatsi!

sábado, 26 de setembro de 2009

Grand Paris de Sarkozy


http://theurbanearth.files.wordpress.com/2009/03/proposta-roland-castro2.jpg

Veja no sítio uma interessante matéria sobre um ousado projeto para a Grande Paris, trabalho que reúne um grupo de grandes arquitetos, encomenddo pelo Presidente da França Nicolas Sarkozy .


http://urbanidades.arq.br/2009/06/le-grand-paris/

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Desenho: Inseto

Inseto. Grafite. Ítalo Stephan, 1980

De olho na Câmara!

De olho no que está sendo discutido na Câmara Municipal de Viçosa:

Serviço de Limpeza Urbana:
O que se discute é se o serviço de limpeza urbana (resíduos sólidos - lixo) deve ir para o SAAE.
Há a questão da função social e o papel do estado nesse assunto, no caso o papel da competente autarquia municipal e sua capacidade de contratar trabalhadores via concurso e manter os recursos circulando no município. A terceirização do serviço ganha força por parte de alguns vereadores, pois os empresários estão de olho apenas nos recursos (300 mil reais), e podem prestar um serviço de forma precária, visando apenas o dinheiro.

Doação de um terreno público
Uma área de cerca de 1400 m2, próximo da ESUV, está sendo proposta para ser doada para a Associação Comercial fazer sua sede. Em contrapartida, doariam um pavimento para a PMV instalar a Secretaria de Ciência e Tecnologia, construiriam uma praça de cerca de 200 m2 para a população local. Enquanto isto, o município não encontra área para construir seus equipamentos. É descabida a proposta, uma vez que local mais adequado e pensdo para a sede da administração municipal e as secretarias é o Colégio de Viçosa. A destinação de terra pública tem que ser amplamente discutida. A proposta é absurda. O município não tem que resolver nada para a Associação Comercial. O município precisa preservar o pouquíssimo que tem de áreas para cumprir o seu papel de Estado, de forma a atender às necessidades da população. A área deve servir para a implantação de um equipamento público que atenda a região (edificação destinada à saúde, educação, assistencia socia letc.).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Conselhos que não aconselham

Os conselhos municipais de políticas públicas setoriais, como o de Patrimônio Cultural e Ambiental – CMCPCA, e o de Planejamento – COMPLAN, não funcionam como deveriam. O primeiro encontra dificuldades para funcionar e sofre pressões dos interesses imobiliários. O segundo poucas vezes funcionou e há anos está desativado e com isso vários problemas urbanos foram criados e ampliados.

O controle social pode ser feito individualmente, por qualquer cidadão, ou por um grupo de pessoas. Os conselhos municipais de políticas públicas são os canais mais efetivos de participação. A importância dos conselhos municipais está no seu papel de fortalecimento da participação democrática da população na formulação e implementação de políticas públicas. Os conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária entre Estado e sociedade civil, cuja função é formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais.

O CMCPCA, criado juntamente com a Política Municipal de Patrimônio Cultural (Leis Municipais 1146 e 1147, de 1996), foi instalado em 1998 e desde então conseguiu importantes ganhos para o município: recursos oriundos da Lei Robin Hood aplicados na recuperação da Estação Ferroviária, na melhoria do Balaústre, na reconstrução do telhado do Colégio de Viçosa e o oferecimento de cursos de Educação Patrimonial etc. Sempre funcionou com muitas dificuldades, pois a falta de apoio da administração municipal junto à Secretaria de Cultura jamais deu condições adequadas ao funcionamento do Conselho, tais como a manutenção de recursos humanos e a oferta de condições mínimas de funcionamento. As pressões do mercado imobiliário têm encaminhado uma série de pedidos de demolição de casarões antigos nas ruas do centro da cidade. O Conselho sente a pressão, uma vez que reconhece que há bens de valor arquitetônico, cultural e histórico que não deveriam ser substituídos por meras torres sem identidade, mas com muito valor econômico.

O COMPLAN, ah, pobre COMPLAN... Foi criado pelo Plano Diretor de 2000, como órgão superior de assessoramento e consulta da administração municipal, com funções fiscalizadoras, para monitorar, fiscalizar e avaliar a implementação da legislação urbanística e apreciar e deliberar sobre casos não previstos na legislação. Caberia a ele auxiliar o Poder Executivo municipal, principalmente o IPLAM, na ação fiscalizadora de observância das normas contidas na legislação urbanística e de proteção ambiental, bem como receber denúncias da população e tomar as providências cabíveis nas questões afetas ao Plano Diretor. Como se reuniu poucas vezes e está desativado há alguns anos, sem nenhuma explicação, isso favorece que aconteçam aberrações por toda a Viçosa, como ocorreu com a recente alteração no zoneamento, que permitirá a construção de prédios de dez andares na Rua Nova, em cima da bacia do Ribeirão São Bartolomeu.

É urgente que sejam tomadas providências no sentido de que o Poder Executivo garanta o funcionamento desses dois conselhos. Isso não depende de vontade política, é obrigação. O não cumprimento dessas exigências é desrespeitoso e ilegal. É fundamental que os setores organizados interessados no desenvolvimento sustentado da população, além da Câmara Municipal, acompanhem, colaborem, fiscalizem e encaminhem questões para que os conselhos cumpram seu papel. Enquanto isso fica desse jeito, Viçosa só perde. Perde muito. Fica cada vez mais feia, sem identidade, sem história. Fica cada vez mais intransitável, à beira de problemas gravíssimos, como o comprometimento da garantia do abastecimento da água, as construções irregulares e a crescente impermeabilização do solo.

sábado, 12 de setembro de 2009

Acreditação no Mercosul

Cerca de 20 cursos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, selecionados e convidados pelo MEC, estão se preparando para o processo de acreditação no Mercosul, de forma a criar uma espécie de selo de qualidade entre as escolas sul-americanas.
O curso da UFV está dentre queles que irão pleitear a acreditação.
As escolas que obtiverem tal selo poderão oferecer aos alunos o sistema de mobilidade acadêmica, intercâmbio entre professores e dupla diplomação.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Pacientes de banco

Seria chover no molhado falar das vergonhosas filas na grande maioria das agências bancárias das nossas cidades? As filas, além de nunca terem desaparecido, insistem em ficar cada vez maiores, apesar de leis que tentaram definir um tempo máximo de permanência nas filas; dos casos recentes na Bahia de tentar fazer cumprir a lei. Esse símbolo do descaso com o cidadão persiste apesar de todos os incríveis e mirabolantes avanços tecnológicos e informáticos; apesar do enorme movimento absorvido pelos caixas automáticos. Enquanto os lucros bancários chegam a cifras astronômicas e cobram-se tarifas para todos os tipos de serviços, é também imensurável o sofrimento com que cada um chamado “cliente” é obrigado a passar, sempre que precisa de algum atendimento específico que os caixas eletrônicos não resolvem. Um cálculo de quantas horas de trabalho envolvida nessa esperas revelaria um desperdício assombroso e injustificável. Há empresas que precisam de funcionários só para passarem horas e horas nos bancos. Sem contar as horas de lazer perdidas, os gastos com remédios para tirar as dores provocadas pela postura ereta demasiadamente exigida e pelo mal-estar das inevitáveis dores de cabeça.

O que quase sempre vemos nas agências bancárias é uma multidão de pessoas emboladas em intermináveis filas serpenteantes. Com a intenção de facilitar a vida de idosos, grávidas, mães com crianças no colo e portadores de cuidados especiais, algumas agências separam uma seção só para eles, mas as filas são enormes e os poucos assentos a eles/elas destinados não são suficientes. Ainda mais que esta separação não significa mais funcionários, e sim, menos atendentes para as filas dos clientes “normais”. Resultado: muitas pessoas muito tempo em pé, muito tempo mal acomodadas. Rara é a agência bancária que não obriga aos clientes a se amontoarem em salões muito mal ventilados, sem qualquer atrativo que amenize as horas que são obrigados a permanecer nestes ambientes quase desumanos. Nas agências, com sua inadequada arquitetura, exala-se suor, produz-se incômodo barulho e aflora-se facilmente o stress e o mau humor, com absoluta razão para o “cliente”. O desrespeito começa com o número insuficiente de funcionários, que certamente devem sofrer conseqüências pelo inadequado ambiente de trabalho. Provavelmente ganham salários não condizentes e são os primeiros a lidarem com as constantes manifestações de desagrado.

Os bilionários bancos, dentre eles alguns públicos, deveriam reconhecer esta vergonha e tomar providências para sanar os péssimos serviços prestados, e não apenas abrindo agências “vip” para os melhores correntistas (mais ricos que não têm tempo a perder e que podem quando quiserem mudar para outro banco) ou aplicando fortunas na mídia, com propagandas bonitinhas, “inteligentes”, falando de respeito, atenção, um futuro melhor, passando uma imagem de que é bom, que é ótimo ser seu cliente. Na realidade, os milhões de correntistas e usuários que alimentam a maior riqueza deste país são tratados de forma muito aquém do que merecem. Pagam caras tarifas e recebem de volta um tratamento de terceira categoria. É inadequado chamar estes cidadãos de clientes, pois são, no máximo fregueses. Talvez, pensando bem, poderiam muito bem ser chamados de pacientes.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Arquitetura e Urbanismo da UFV: Melhor curso do Brasil

O resultado do Enade 2008 aponta o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa em primeiro lugar no Brasil, empatado com o curso da UFRGS, ambos com 430 pontos.
O curso obteve notas 5 nos 3 indicadores do MEC: Enade, IDD e Conceito Preliminar do Curso.
Os outros 4 cursos são da UFMG (424 pontos), PUC RJ (409 pontos) Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (385 pontos) e UEL (382 pontos).

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Requalificação do Cine Brasil de Viçosa

Escrito em conjunto com Beatriz Fialho
O Cine Brasil, inaugurado em 1956, é uma importante edificação, encravada no coração de Viçosa. Ultimamente tem sido veiculado na imprensa que há interesse em transformá-lo em um teatro para o município. A idéia é excelente, uma vez que a cidade e nem mesmo a UFV dispõem de um espaço adequado. Viçosa possui apenas o simpático, mas pequeno e inapropriado auditório da Estação Hervê Cordovil, para abrigar manifestações artísticas. O Cine Brasil, atualmente utilizado para fins comerciais, pode ser requalificado e transformado em um local apropriado para uso de apresentações artísticas, além de funcionar como um centro cultural. É o que muitas pessoas entendem que a cidade precisa, já há algumas décadas.

O Cine Brasil de Viçosa é um exemplar de características semelhantes a outros com o mesmo nome “Cine Brasil”, como o que existe em Leopoldina e o recém requalificado espaço em Belo Horizonte, reforçando seu caráter de marco cultural da capital mineira. Seu projeto foi de autoria do arquiteto carioca Edgard Velloso. Como cinema, funcionou até 1984. A sua construção possui características da arquitetura proto-modernista, como o despojamento de adornos, a força das formas geométricas e os panos de vidro verticais. Sua imponência ficou evidenciada pela marquise curva sobre um pilar em forma de cálice que ainda marca a paisagem. Como cinema, possuía capacidade para cerca de 800 pessoas sentadas (600 na platéia e 200 no balcão). O espaço passou alguns anos fechado, algumas salas foram transformadas em lojas, o pavimento superior foi utilizado como depósito. Foram feitas algumas alterações nas portas e janelas. Depois funcionou como cursinho pré-vestibular. Já em 1986 cogitava-se sua recuperação como Teatro Municipal. Em 1990 foi aprovada uma lei (Lei no 700/1990) que autorizava o prefeito a desapropriar o prédio para a implantação do projeto do teatro. Obviamente isso não aconteceu. Em 1990 tornou-se depósito de uma empresa distribuidora de bebidas, Em 1995 o Prefeito Geraldo Reis assinou o decreto no 3236 de 25/08/1995, declarando de “utilidade pública, para fins de desapropriação, amigável ou judicial (...) para nele funcionar o Centro de Cultura do Município”. Como mais essa iniciativa não vingou, o prédio foi usado como casa de festas, bar e a partir de 2003 um mercado de hortifrutigranjeiros.

Considerando a carência de espaços culturais em Viçosa e a sua posição central, sua requalificação, no sentido de preservar e resgatar seu valor histórico, arquitetônico e cultural, pode ser feita com a implantação de um centro cultural para a comunidade, que abrigue auditório, salas de aula, espaço de exposições e café. O Cine Brasil é um sonho que merece ser transformado em realidade. Depois das tentativas de dar a ele o uso devido, ressurge o interesse. Devemos dar apoio para aqueles que compartilham desse sonho e que têm força política e econômica, para que a lista de tentativas inócuas e a de usos para o belo edifício não se amplie indefinidamente. Ou que, como mais uma “presa” fácil do voraz mercado imobiliário, desapareça de nossa cidade, ou dê lugar a mais um horroroso edifício de micro apartamentos.

Escrito em conjunto com Beatriz Fialho

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

III Semana de Arquitetura e Urbanismo do DAU/ UFV


Vem aí, entre 16 e 20 de novembro, a III Semana de Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFV.
Serão realizadas palestras com arquitetos de renome, minicursos, oficinas e palestras técnicas.
Participe!
stephan@ufv.br

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pobre Presidente Sarney

Matéria publicada no domingo pelo o jornal O Globo, revela que o Maranhão continua entre os estados mais pobres da Federação. O jornal carioca teve como base a pesquisa produzida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que criou o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, que mede dados de emprego, renda, saúde e educação.

O índice abrange os 5.560 municípios brasileiros, e dos vinte piores, sete estão no Maranhão.

Dentre eles, Presidente Sarney, que não possui saneamento básico, água encanada, emprego, hospital e as escolas que funcionam estão em péssima situação de ensino.

Dos 5.560 municípios brasileiros, ele ocupa a 5.542 posição no IFDM. De todos os presidentes homenageados no Maranhão (Dutra, Juscelino, Vargas e Médici), Sarney é o pior colocado.

Há 25 anos as escolas maranhenses eram barracos de barro cobertos por palha. Pelo que vemos, continua tudo igual.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

120.000 por 25,00

Na internet encontra-se à venda um CD com 120.000 projetos arquitetônicos . O custo é R$25,00. Com ele você pode ter projetos de casas e apartamentos sem precisar de arquiteto nem engenheiro.

É possível também, por algumas centenas de reais comprar, pela internet projetos de indústrias de qualquer coisa (laticínios para 5, 10, 20, 50, 100 mil litros de leite, polpa de frutas, abatedouros de frangos, suínos e bovinos etc.)

Eis umas das formas com querem acabar com a profissão do arquiteto.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Leis e salsichas

A Rua Nova e o terreno à direita, local das futuras torres gêmeas













"Leis são como salsichas; é melhor não saber como são feitas".
Otto Von Bismarck (1815-1898)

Mais um caso absurdo de abuso do poder econômico aliado ao político atropelando o meio ambiente e o planejamento urbano. Divulga-se a construção de duas torres de apartamentos em um terreno localizado ao lado da localidade conhecida como Rua Nova. Uma ardilosa estratégia legislativa torna o projeto possível. Uma alteração de texto para mudar uma lei alterou também a lei de zoneamento.

Pela Lei 1420 (Zoneamento e Uso do Solo) original a área do lado do Acamari é uma ZR4 e a do lado da Rua Nova ZR3 - Zona Residencial 3 – que tem como características a predominância de uso residencial e restrição à verticalização, sendo permitido instalar indústrias de até médio porte ou do tipo toleradas. Para efeito de novos parcelamentos, são exigências para os lotes da ZR3 terem área mínima de 360m2 e testada mínima de 12m. O Coeficiente de Aproveitamento máximo de 1,5 (pode-se construir uma vez e meia a área do terreno). A Taxa de Ocupação máxima de 50% (pode-se ocupar a metade do terreno com construção) e a Taxa de Permeabilização mínima de 30% da área do terreno.

A Lei 1848/2007 denominou de Avenida Prefeito Geraldo Eustáquio Reis o trecho entre a Rua Carmita Pacheco e o término do trevo que dá acesso ao Bairro Acamari. Em 2008, a Lei 1865/2008 a substitui esticando a avenida até o trevo de acesso ao bairro Romão dos Reis e a inclui como Corredor Secundário no anexo V da Lei 1420/2000. Isso significa que o que era ZR3, agora como corredor passa a ter como características a predominância de uso comercial e ser área adensável, sendo permitido instalar indústrias de médio porte, não incômodas. O Coeficiente de Aproveitamento máximo passa para 2,8. Sua Taxa de Ocupação máxima de 80% para os dois primeiros pavimentos, desde que para uso comercial e/ou garagem, e de 60% para os demais pavimentos; e a Taxa de Permeabilização mínima de 10% . Por fim, o gabarito máximo das edificações passa a ser de 10 pavimentos.

Há algumas questões a serem respondidas uma vez que tamanha esperteza na aprovação de uma alteração de lei passou a confrontar com o Plano Diretor.

Como é que uma alteração dessa sutileza e de conseqüências danosas ao meio ambiente passou se que o IPLAM, o SAAE, o Complan e o Codema fossem consultados?

Como é que ninguém interessado no meio ambiente e no planejamento viu tamanha aberração?

Como é que, enquanto a revisão do Plano Diretor descansa na Câmara, alguns edis aprovam uma bizarrice dessas?

Quais foram as justificativas para transformar uma área de baixa densidade demográfica em mais um foco de verticalização?

O simples fato de incluir de forma mal-intencionada um nome de via dentro de uma categoria não faz com que o trecho da Avenida adquira as características de um corredor. Imagine o impacto de uma área que passa a poder receber comércio de grande porte, possa ter construído prédios de dez pavimentos e impermeabilizar o solo em uma área que deveria ser preservada como a do manancial mais importante de Viçosa?

Tudo isso para aprovar um projeto de duas torres de apartamentos de dez pavimentos. O IPLAM aguarda parecer de um relatório de impacto ambiental, mas não consulta o insepulto Complan. Cadê a posição do CODEMA? Promotores públicos, quais são as suas opiniões? Cidadãos, o que é que isso tem a ver com vocês? Senhoes vereadores, porque não revogam essa lei?