A mídia nacional tem apresentado continuamente matérias sobre os inúmeros sucessos de cidades espalhadas por todo o território nacional, onde muitos empregos são criados, riquezas são geradas e relativamente bem distribuídas, forjadas principalmente em função do agronegócio. Conhecemos verdadeiras revoluções em nível de geração de renda, empreendedorismo, melhorias na educação e saúde; sonhos de muitas famílias tornados realidade. Há um grande momento nacional onde as oportunidades aparecem e são muito bem aproveitadas. Estaria Viçosa na posição de aproveitar ou perder as oportunidades que aparecem, embora em menos quantidade nesta empobrecida Zona da Mata? Lembremos que Viçosa tem o maior número de doutores per capita do Brasil.
Viçosa cresce a ritmo acelerado, mas desenvolve a um ritmo lento. Viçosa, que ganhou na atual administração o lema “Cidade Educadora” fica para trás de Ubá no quesito educação e permanece atrás de Ubá Ponte Nova, Coimbra e Teixeiras no quesito saúde. Viçosa tem, mas não se sabe por quanto tempo, um Centro Vocacional Tecnológico, instalado com recursos públicos federais, mas muito mal aproveitado por uma cidade que precisa oferecer inclusão digital e capacitação técnica aos seus moradores. O conhecimento aqui gerado continua fluindo para outras partes de um Brasil que enriquece, muitas vezes, por causa dele. Tem também, apesar do desinteresse da administração municipal e da descrença de alguns setores da UFV, uma poderosa oportunidade com implantação do Parque Tecnológico, que vai dar certo, mas à custa de vencer muitos obstáculos desnecessários.
Enquanto isto, o mercado imobiliário apresenta imóveis a preços estratpsféricos, acima mesmo dos praticados em cidades muito maiores. Parece haver o predomínio do aspecto especulativo, uma vez que os preços da terra e dos imóveis estão em um padrão elevado, incoerente com uma deficiente infra-estrutura urbana (vide dimensões das vias, qualidade da pavimentação, das calçadas, rede de coleta de águas pluviais). Em Viçosa os empregados da construção civil têm baixa qualificação e são mal remunerados. A qualidade do que se coloca à venda é discutível pelas dimensões mínimas e pelo acabamento. O aspecto especulativo parece favorecer a uma elite de proprietários de muitos imóveis que acumulam patrimônios invejáveis e de empresários que não querem deixar entrar na cidade concorrentes de peso. Além desta elite, há uma pequena parcela da população de investidores abastada o suficiente para pagar R$200.000 por um apartamento de 2 quartos. Nota-se que existem muitos imóveis vazios. Sem dúvida, há um promissor horizonte para a construção civil, mas até quando será possível sustentar valores de um mercado inflacionado?
A história recente mostra uma valorização contínua dos imóveis, mas até quando isto realmente poderá ser praticado sem prejudicar o desenvolvimento de Viçosa? A mesma história mostra a falta de visão e de bom planejamento, a descrença de que poderíamos ter uma cidade muito mais organizada, rica, saudável e atraente para empresas e pessoas capacitadas. Viçosa pode mudar e vir, num futuro próximo, a ser citada como exemplo de sucesso. Para tal, para os próximos governantes, há requisitos básicos para que o município não perca as poucas oportunidades que aparecerem. O primeiro é a coragem de inovar, acreditar e investir no potencial de conhecimento gerado na UFV, através do total apoio à implantação do Parque Tecnológico. O segundo é acreditar e investir no planejamento urbano e no desenvolvimento de projetos que, se bem elaborados, encontrarão recursos estaduais e federais para permitir um crescimento mais equilibrado. Por último, mais que nunca é preciso investir na capacitação dos cidadãos, investir na educação e nos educadores.
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