21 outubro 2009

Aos trancos e barrancos

Movimento de terra na Av. Mal. Castelo Branco

Há, na cidade, uma profusão de cortes em terras executados e mantidos de maneira irresponsável, sem as devidas obras de contenção ou de manutenção de estabilidade. Barrancos em cortes quase verticais ameaçam a integridade dos moradores e transeuntes. Nos períodos de chuva a terra fica saturada de água, portanto fica pesada, ampliando a possibilidade de desabamentos. Há, na cidade, vários locais onde isso aconteceu recentemente. Felizmente ainda não houve danos físicos sérios. Mas os incômodos surgem e a conta da remoção e limpeza deverá ficar para nós pagarmos.

Os barrancos permanecem relativamente estáveis até que as chuvas cheguem e um dia eles desabam. São despejados foras dos limites dos terrenos, nas vias públicas, toneladas de terra, pedra e barro. Há, em Viçosa, vários terrenos que se limitam com as vias públicas em barrancos, mesmo em locais de alto valor de terra, como acontece no bairro de Ramos. Na Avenida Marechal Castelo Branco, ao longo do bairro Belvedere, há essa constante ameaça. Isto ocorre porque a ganância dos construtores do loteamento abriu, há quase vinte anos, vias que não deviam existir, cortando e aterrando, criando assim encostas instáveis pela declividade acentuada. Volta e meia desce um pouco de terra e cabe à administração municipal retirar. Na mesma avenida há áreas suscetíveis de desmoronamentos devido à retirada de grande quantidade de terra: nos trevos e ao longo da extensa área vizinha ao Campus da UFV, onde a terra vem sendo tirada para criar terrenos planos, mas ampliando ainda mais os gigantescos barrancos. Lembremos do que já aconteceu no terreno dos edifícios hoje conhecidos como Carandiru, onde metade da pista da avenida P. H. Rolfs desabou por duas vezes, por conta das obras feitas de maneira incorreta (Tribuna Livre de 12/01/2001). Basta dar uma olhada de longe e ver toda a encosta ao longo da Avenida Milton Bandeira, que tem constantemente tido terra retirada. Já aconteceram, por várias vezes, desabamentos que causaram pânico e tiveram apenas soluções paliativas e foram esquecidos até que a ameaça voltasse. Temos que torcer para que nada de grave aconteça, mas é admirável a coragem daqueles que moram e trabalham aos pés daquele monstruoso paredão de dezenas de metros de altura, visível de vários pontos da cidade.

Outra preocupação é: para onde é levada tanta terra retirada? Há uma profusão de aterros que avançam em direção aos leitos dos cursos d´água, como no bairros Vau-açu e Novo Silvestre. O CODEMA deve ficar alerta também ao que está ocorrendo neste processo de desmonte da topografia de Viçosa, que elimina nascentes e estreita e assoreia os córregos.

A insistência em deixar o solo exposto às intempéries, sem nenhuma proteção, coloca os munícipes sob constante perigo. Os deslizamentos ocorridos em Viçosa demonstram como o prejuízo é coletivo enquanto os benefícios, principalmente econômicos, ficam nas mãos apenas dos proprietários, já que os terrenos vão ficando livres da terra, mas em compensação com barrancos cada vez mais altos sem as devidas medidas de proteção. Os terrenos assim criados se valorizam, enquanto a prefeitura assume o ônus de limpar e retirar a sujeira. É necessário fiscalizar e exigir que sejam tomadas as medidas técnicas adequadas e evitados cortes de terra que poderão causar graves problemas futuramente.

As chuvas estão de volta.

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