sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vila Gianetti: a bola da vez do patrimônio

É forte, na UFV, o movimento para acabar com a Vila Gianetti. Há muitos dirigentes e simpatizantes (da idéia) que pensam que é melhor botar quase todas as 56 casas abaixo para deixar terrenos livres para construções mais modernas. É fácil passar um trator por cima da história. É triste ver que mesmo dentro da Academia, falta o reconhecimento do valor da história, da cultura e da arquitetura de um local único no Brasil.

A intenção é absurda: deixar umas casinhas para que os estudantes de Arquitetura e Urbanismo saibam que uma vez houve um conjunto de casas modernistas no Campus. Com o resto da nobre área, ocupar com novos prédios.

Não se deve querer destruir um patrimônio em que não são apenas as casas os elementos essenciais. É ignorar todo um conjunto urbano histórico e de qualidade que não se repetiu a não ser, talvez, como inspirador para o conjunto habitacional do Acamari.

Substituir belas casas por prédios modernos de boa qualidade arquitetônica? É isso que temos visto nesses últimos anos no Campus? Passar por cima da história? Repetir o que se quer fazer em toda a cidade que tem um patrimônio cultural?

Não há argumentos fortes em querer derrubar casas porque ocupam espaço nobre, que o próprio conjunto criou? Acabar com as casas porque a manutenção é cara? Quando é que houve manutenção de verdade? Será que são os únicos prédios que exigem manutenção? A praticidade pode sobrepujar a cultura?

É esse o desejo da Academia? Com certeza é de apenas uma parte desinformada.

Cabe aqui reiterar que sou contra a destruição do patrimônio histórico sexagenário, belo, original e único da Vila Gianetti. Gostaria de saber se estou só, num meio onde há Arquitetos e Urbanistas, Historiadores, Geógrafos, Sociólogos, Artistas, Educadores, Ambientalistas, Economistas Domésticos, Jornalistas e amantes da cultura e da história.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Arquitetos: uni-vos para não perecermos

Estamos vivendo uma vergonhosa situação. Há colegas cobrando valores absurdamente baixos, pagando para trabalhar e prejudicando toda uma classe. Não é possível aceitar que estejam cobrando R$2, 00 até R$1,00 o metro quadrado de projeto arquitetônico. É impossível garantir alguma qualidade baseada na cobrança desses valores. Há, infelizmente, Arquitetos e Urbanistas também com título de Engenheiros Civis, que não cobram pelo projeto arquitetônico. Desse jeito, eles fazem muito mal para as duas profissões e muito pouco para seus bolsos.

Organizemos alguma forma de discussão, criemos um Núcleo do IAB, uma Associação de Profissionais ou o que for possível. Essa terrível competição está passando uma imagem totalmente distorcida para a sociedade que ainda nos conhece como profissionais supérfluos, decoradores ou desenhistas de "plantas", que nos escolhe porque fazemos "projetos baratinhos". O pior é que agimos como se fôssemos assim mesmo.

Arquitetos e Urbanistas! Essa situação não pode continuar. É preciso, mais que nunca discutir esta situação! Temos que nos reunir de alguma maneira, pois estamos dando tiro no pé de nossa já prejudicada categoria profissional.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Água: padrão insustentável de consumo

Eis uma imagem aérea de Palm Springs, uma cidade da Califórnia. Cidade dos campos de golfe e gramados em pleno deserto. Seu padrão de consumo é superior a 800 litros de água por habitante por dia. Consumo muitas vezes superior à média de consumo adequada. A água não dura para sempre num deserto.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Água: vai faltar


Eis uma foto de uma região da Arábia Saudita. Os pontos verdes são pivôs centrais de irrigação, com mais ou menos 600 metros de diâmetro cada. Os pontos mais claros são pivôs abandonados porque acabou a água. É água fóssil: não tem mais, não se recarrega. Na medida em que um pivô se esgota, abre-se outro, e assim por diante. A água vai acabar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

As galerias de Juiz de Fora


Uma das características urbanas de Juiz de Fora são as galerias de comércio na área central. Embora não sejam expressivas em qualidade arquitetônica, conferem à Juiz de Fora uma identidade marcante, proporcionam um interessante conjunto de vias de pedestres que perfazem juntamente com as ruas Santa Rita, São João,Halfeld, Marechal Deodoro, Mister Moore, dentre outras, um grande shopping aberto e diverso em quantidade e porte. Esse conjunto mantém a vitalidade da área central. Algumas existem desde a década de 1920, e desde então outras foram sendo abertas, seja como novas galerias ou ultimamente com o nome de shoppings centers, pois são construídas com inspiração nessa estética. Algumas galerias foram "modernizadas"' com a construção de escadas rolantes ou esteticamente prejudicadas com reformas de projeto de qualidade duvidosa.
De qualquer modo, andar pelas galerias centrais de Juiz de Fora é uma experiência fascinante, pois permite uma convivência segura, diversificada, agradável e democrática.
Essa característica tem sido estudada por várias pessoas e há publicações importantes a seu respeito como os arquitetos Gustavo Abdalla, 2000 e Giuliano Carvalho, 2006.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Cidade sem carros: é possível

Utopia? Nem tão radical?
Qual é a melhor forma de conviver com automóveis particulares. Taxar, coibir, proibir?
Sem dúvida, as melhores soluções combinam ciclovias, calçadas generosas e um bom, barato, seguro e amplo sistema de transportes coletivos.

Vejam a reportagem sobre Vauban, a cidade alemã sem carros.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Lições esquecidas

Diante de tantas tragédias, é desnecessário dizer que todos sabem quem são os culpados, o que nao pode ser ocupado, o que o planejamento urbano condena.
Como disse a colunista Míriam Leitão, no jornal O Globo de 11 de abril: não foi a chuva que matou tanta gente. Ela apenas revelou a imprevidência dos administradores. Essa sim matou muitos. E deve continuar matando, ora no Rio, ora em Santa Catarina, ora em Minas, Bahia etc. As milhares de construções que se equilibram fragilmente nas encostas ou às margens dos rios descerão um dia "mais chuva, menos chuva, mais dia menos dia".
País afora, as leis, argumentos técnicos são ignorados por prioridades políticas, pela corrupção. Quantos pareceres encontram-se em gavetas enquanto tratores e heróicos bombeiros removem corpos dos desabamentos em áreas de proteção ambiental ou nos ex-lixões. A imprevidência dos administradores públicos parece simplesmente apostar que, com tanta gente correndo risco, só em alguns casos terão o azar das tragédias acontecerem sob suas barbas. Os que ocupam áreas condenadas contam com a ajuda dos céus, que se Deus quiser nada lhes acontecerá.
Os políticos não deixam de lançar programas habitacionais eleitoreiros, mas esquecem que dentre as casas que irão distribuir poderiam estar as para os moradores removidos de áreas de risco. A culpa não é de quem construiu em cima de um lixão ou na encosta perigosa. Eles são vítimas sem opção, sem orientação ou oferta de moradia decente em local seguro.
Para Míriam há a oportunidade de mudar as coisas: para "momentos extremos exigem escolhas radicais", pois chegamos ao abismo e podemos aprender com estas lições. Queria ser otimista como ela, mas, como técnico, não creio.
Depois de alguns meses tudo voltará a ser esquecido. As manchetes e as tragédias serão outras, talvez os governantes outros. Como aconteceu em Santa Catarina, apenas pequena fração de tanta ajuda prometida durante a comoção de um ano e meio atrás. Assim foi na mineira Miraí. Assim será na Ilha Grande, Gaspar, Morro do Céu, Cantinho do Céu, Morro dos Prazeres...
Quantas tragédias mais serão necessárias? Já passou da hora de ver e ouvir o que as chuvas mostraram.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Telhado inteligente

Interessante matéria sobre um tipo de revestimento para telhados capaz ajustar suas propriedades de acordo com a temperatura. O revestimento, feito a partir de óleo de cozinha usado, "muda automaticamente de característica, passando para a reflexão ou para a absorção do calor solar quando a temperatura exterior atinge um valor específico predeterminado, que pode ser ajustado às condições climáticas locais". Isso ajuda na temperatura interna da edificação.
Ver em:
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=telhado-inteligente&id=010125100409&ebol=sim

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mal projetados

Percebe-se em vários prédios uma profusão de elementos improvisados, colocados posteriormente em suas fachadas, que alteram drasticamente suas aparências. Os projetos não têm levado em conta, como exemplo mais visível, os aparelhos externos de ar condicionado, juntamente com a tubulação acessória. Faltou na concepção arquitetônica a previsão de um componente essencial como o ar condicionado. O resultado é terrível. Basta andar pelas cidades e ver o estrago visual.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sempre pode piorar


A multiplicação de prédios na área central da cidade é uma resposta à demanda gerada pela UFV. Mas o que tem sido feito é da pior qualidade em termos dos espaços que geram.

Disse um arquiteto que quanto mais largas são as calçadas, mais generosa é a cidade. Se formos por esse raciocínio, Viçosa está mal. Os prédios que estão sendo construídos ignoram qualquer tipo de generosidade urbana. Ocupam cada centímetro quadrado do solo.

Teremos cada vez mais ruas mal iluminadas e ventiladas naturalmente, as calçadas serão as mínimas possíveis, a visibilidade pouca, a acessibilidade comprometida pelas rampas das garagens e degraus.

As ruas estreitas ficarão ainda mais saturadas pois terão que receber o fluxo de muitos automóveis e espremer as pessoas em calçadas, que só não são mais estreitas porque pelo menos essa exigência legal permanece. Bem que já tentaram reduzi-la para 1 metro, quando acabaram com o recuo de 3 metros para novas edificações previsto no Plano Diretor de 2000.

Não há um mínimo de concessão ao espaço público. Não há gentileza nem generosidade. O lucro manda e molda uma cidade pouco humana. Não há espaço para a criatividade e bons projetos, que poderiam melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Isso poderia até reverter no interesse e reconhecimento da população. Mas parece apenas devaneio de alguns poucos que se preocupam com o bem coletivo, pois parece muito mais fácil piorar cada vez mais a cidade.

domingo, 4 de abril de 2010

Ribeirão emparedado

Mais um prédio se ergue às margens do ribeirão São Bartolomeu. Mais um edifício se junta a um conjunto de outros, emparedando o pobre curso d'água que, parafraseando Fernando Gabeira, deu o azar de passar por dentro de Viçosa. Enclausurado, escurecido, desrespeitado, às vezes odiado pelos mosquitos que abrigará, esquecido por quem não o verá: este será o destino do São Bartolomeu, enquanto ele não reclamar seu leito natural.

Para erguer mais um bloco desse paredão, paga-se uma misera compensação em dinheiro, mais que um convite para completar a obra sinistra. Enfim, há arquitetos que se interessam em projetar estes monstrengos, há engenheiros que se mantém mais um tempo calculando ou construindo. Há os compradores, alguns deles professores universitários, que acreditam estar fazendo um bom investimento. Só os empreendedores da destruição ambiental faturam e muito alto. Essa é a (in)sustentabilidade em Viçosa.

sábado, 3 de abril de 2010

Falta de gentileza urbana

Gentileza urbana é um pequeno ou grande gesto pela cidade. Pode ser um trompetista que, ao entardecer, espalha suaves melodias pela vizinhança; ou moradores que cultivam plantas raras e belas em um canteiro comunitário no bairro, ou um programa de pinturas em fachadas de casas de favelas.

Há cidades como Fortaleza, Governador Valadares, Ouro Preto e Betim que premiam seus moradores pelas ações em prol dos espaços públicos. Essa é uma idéia que poderia se espalhar Brasil afora.

Um exemplo contrário, ou da falta de gentileza urbana, é a forma com que as esquinas das ruas são ocupadas. Prédios ocupam esquinas com ângulos paralelos às vias. Isso atrapalha a visibilidade dos automóveis e de pedestres. Uma gentileza seria fazer chanfros nas esquinas, de forma a quebrar os ângulos, favorecendo o trânsito com maior visibilidade . Isso já foi proposta da lei de uso e ocupação do solo de Viçosa, mas abandonado. Os projetos arquitetônicos e os construtores não se dispõem a abrir mão de uns poucos metros quadrados ao nível do solo. É uma pena, pois com esquinas amplas e com visibilidade teríamos algo a mais de bom nas cidades.