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Dados inquestionáveis já publicados demonstram o quanto a Zona da Mata mineira está em más condições sócio-econômicas, em relação ao restante do país, e ao próprio estado. Números frios mostram que a cidade em melhores condições é Juiz de Fora, que está em 70o lugar em desenvolvimento humano, enquanto as outras cidades (Bicas, Viçosa, Ubá) estão abaixo do 350o lugar, entre as cidades brasileiras. São posições preocupantes e pouco dignas de algum orgulho.
Por outro lado, a Zona da Mata tem duas instituições federais de ensino superior e muitas outras faculdades particulares. Viçosa, pequena cidade privilegiada com uma universidade de ponta é pólo de uma mirorregião pobre. A produção científica produzida em seu campus vai, quase sempre, parar longe e pouco deixa para suas montanhosas vizinhanças. Agora a UFV tem em andamento um espetacular projeto do Parque Tecnológico, capaz de consolidar a vocação de geradora de tecnologia, de alavancar o desenvolvimento baseado a partir da sua excelente produção científica.
O Parque Tecnológico de Viçosa – PTV – terá como diferencial a indução do desenvolvimento regional, atraindo investimentos de base tecnológica. O PTV oferece condições físicas e institucionais que facilitem e promovam a transferência de experiências e conhecimentos gerados na UFV para o setor produtivo. Localizado em uma área de 214 hectares, vizinha a uma área de preservação e sediada em um prédio histórico tombado pelo município, o PTV receberá incubadoras de empresas, micro-empresas e empresas de pequeno porte, produtoras de alta tecnologia. Tem condições de gerar mais de 600 empregos altamente qualificados, espalhados em 81 lotes e 42 salas. Pode absorver parte dos profissionais formados, que normalmente vão atrás de outras oportunidades, já que aqui na Zona da Mata não aparecendo. O PTV se prepara também para se tornar um centro de integração social e de lazer, desmistificando assim o saber científico e aumentando a consciência da população a respeito da preservação do meio ambiente de do patrimônio cultural.
Esta oportunidade única está próxima de tornar-se realidade com a implantação de várias empresas que já reservaram seus espaços. O prédio foi requalificado em uma obra de ótima qualidade que oferecerá todas as condiçoes físicas para abrigar as empresas.Este precioso projeto pode se tornar um vetor de promoção do desenvolvimento local e regional tão importante quanto a própria UFV. O PTV é, certamente, o início de uma nova fase, muito mais favorável que a atual, possível de trazer um pouco do que Zona da Mata anda perdendo para as outras regiões de Minas.
Meu carísssimo e nobre colega Ítalo,
ResponderExcluirFantástico seu texto sobre o PTV!
Parabéns pela iniciativa!
Eu sempre digo, o PTV é um empreendimento que pode fazer toda a diferença para esta cidade e região, da mesma forma que um dia a fundação de uma universidade mudou totalmente o rumo desta cidade.
É incrível como temos tanto potencial e não conseguimos utilizá-lo para reverter esse quadro tão desfavorável, em se falando de indicadores, que esta cidade e região ainda carregam.
Enquanto isso, a realidade, nua e crua, não deixa dúvida: o PTV caminha, como sempre caminhou, totalmente divorciado das prioridades municipais, quer sejam elas políticas, quer sejam elas empresariais.
Faço, todavia, uma ressalva para algumas lideranças políticas, no caso, deputados estaduais e federais, que apóiam e acreditam, de forma irredutível, no sucesso desse projeto, com destaque para o Governo do Estado, através de sua Secretaria de Ciência Tecnologia e Ensino Superior, SECTES.
Quando digo "apoiar", digo aportar recursos, ou seja, colocar grana para que as idéias saiam do papel, conforme o que está, de fato, ocorrendo, com as obras que você menciona no seu texto. Como resultado da conjunção destes esforços envolvendo deputados, secretários e até mesmo do atual vice governador, cerca de 8 milhões de Reais já foram investidos para que esse projeto se transforme em realidade e gere os frutos que se espera. E tudo isso vem ocorrendo sem que o parceiro - governo local - tenha colocado um único centavo sequer, ou, mesmo não colocando grana, tenha se envolvido de forma mais efetiva neste empreendimento. Não esquecendo, porém, que o papel na condução de todo este processo é, e sempre foi da UFV.
Enfim, vale aqui aquela história do copo meio cheio e meio vazio.
O lado meio vazio é que mais se ouve, quando se diz, repetidamente, que não temos uma boa localização geográfica, não temos aeroporto, boas estradas, que a cidade está aos pedaços, que a região é pobre e por aí vai.
Mas nunca, ou quase nunca, escuto alguém dizer que temos a maior densidade de doutores por habitantes do país; que num eixo de cerca de 400 quilômetros existem quatro grandes universidades federais (UFJF, UFV, UFOP e UFMG) que poderiam ancorar um fantástico cluster tecnológico, cujos benefícios certamente transbordariam para dezenas de cidades, tal como ocorreu, e ainda ocorre no maior pólo tecnológico do planeta: o Vale do Silício, nos EUA, composto por cerca de 20 cidades, todas com menos de cem mil habitantes.
Ah, só para fechar, quando este cluster começou, há cerca de 50 anos atrás, aquela região, que era pobre e estagnada, tinha sua economia baseada tão somente na produção de licor de apricot.
Naquela mesma época a economia da Zona da Mata, que era também pobre e estagnada, estava baseada na produção de café.
Semelhanças, diferenças a parte, vale o exemplo para pensarmos que rumo podemos dar para nós mesmos, pobres e angustiados habitantes desta Zona (no sentido que você quiser) da Mata.