Bogotá, a capital colombiana é uma metrópole com mais de 6,5 milhões de habitantes. Tem sido capa de várias matérias jornalísticas no mundo inteiro, por causa da revolução urbana pela qual tem passado. De uma metrópole violenta e desumana, em quinze anos, passou a exemplo a ser seguido em toda a América Latina.
Áreas deterioradas foram transformadas em parques, bibliotecas belíssimas (com ludoteca, um auditório, salas de projeção, várias salas de internet) foram construídas nas áreas pobres da periferia. Tais espaços valorizaram a dignidade humana e elevaram a auto-estima. A população recebe livros, distribuídos gratuitamente. Implantaram um sistema de ônibus semelhante ao de Curitiba, com ônibus expressos circulando em vias exclusivas, com pagamento antecipado de tarifas e embarque em estações elevadas. Mas acima de tudo isso, houve algumas mudanças muito importantes. Primeiramente, o prefeito, Enrique Peñalosa, conseguiu convencer a população de que os recursos públicos são fundamentais e com isso ampliou a arrecadação. Implantou um amplo programa de regularização .Declarou guerra ao automóvel, começou a tirar o espaço do transporte individual e focou no transporte coletivo e no incentivo ao uso de bicicletas. Acreditava que, na medida em que os mais ricos usarem transporte público, haverá mais pressão política para ele ter uma boa qualidade, que a única maneira para fazer grandes investimentos em transporte público é haver restrições severas ao carro particular. Para o ex-prefeito, os espaços públicos são o melhor meio de se superar as desigualdades sociais. Deixou de construir uma grande autopista elevada e, com os recursos, construiu um parque linear, que chamam de “recreovia”, de 45 km, retirou espaços públicos de estacionamento para a ampliação de calçadas e de ciclovias, investiu em saneamento básico e em melhorias de áreas de lazer. Onde não existia ciclovias, foram construídos 330km delas, integradas com terminais de transportes coletivos. Colocou mais pessoas nas ruas como uma das formas de diminuir a violência.
O prefeito não fez isto tudo de forma tranqüila. Chegou a ter 77% de rejeição, enfrentou um movimento pró-impeachment, que não vingou. Governou de acordo com um plano e uma missão de cidade, não governou sob pressões da elite. Melhorou a qualidade de vida de milhões de pessoas. A criminalidade caiu 78%.
As perguntas que podemos deixar no ar são óbvias. Se, em uma metrópole violenta e de muitas desigualdades foi possível. Em quinze anos, mudar tanto para melhor, porque, numa cidade muito menor e com muito menos problemas como Viçosa, não é possível reverter as más condições de mobilidade e dos espaços e equipamentos públicos? Não é possível que seus cidadãos se convençam de que é preciso ter uma cidade que priorize as pessoas e não os carros? Que é preciso ter mais áreas de lazer e destinadas à cultura? A linha férrea e o Ribeirão São Bartolomeu são dois potenciais inexplorados para ajudar a fazer esta mudança. Nesta cidade pequena, as pressões contrárias às prioridades aos pedestres, ciclistas e ao transporte coletivo seriam muito menores. Basta querer e começar.
Realmente, a cultura brasileira valoriza muito mais o carro do que as pessoas... e o transporte público está cada vez mais deteriorado.
ResponderExcluirE pensar que também é da nossa cultura priorizar a compra de um carro a compra de uma moradia.
Seria bom tomar Bogotá como exemplo, obrigada pelo blog, estava procurando sobre o projeto de Bogotá para complementar minha aula de geografia.