quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tristeza em Paraitinga

No fim de 2009 ocorreram inúmeras tragédias ao longo da Serra do Mar, em seu trecho no norte paulista. Como disse o Ministro do Meio Ambiente, é fundamental que os municípios revejam suas posturas e atuem com mais firmeza quanto à forma de ocupação do solo. Caso contrário, há ainda muitas situações armadas para que novas tragédias voltem a acontecer em Angra dos Reis e em tantas cidades embrenhadas na topografia acidentada das cidades catarinenses, paranaenses, fluminenses, paulistas e mineiras. O que vemos nas cidades é a negligência e irresponsabilidade dos administradores em permitir a ocupação em encostas e leitos dos cursos d’água. A questão não é se mais tragédias vão acontecer, mas quando. Pode ser nos próximos 30 minutos ou 30 anos, mas vão acontecer.

As chuvas pesadas e as conseqüentes enchentes descomunais destruíram a maior parte do belíssimo patrimônio arquitetônico da cidade de São Luiz do Paraitinga. O município paulista foi fundado em 1769, mas foi no século XIX que a cidade se desenvolveu com a produção de café. Dessa época, surgiram muitos casarões, que foram preservados com o tempo e chamaram a atenção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Moradores da cidade de 11.000 habitantes se comoveram ao ver as igrejas e casarões se desmancharem sob a ação das águas. O cenário parece a de uma cidade bombardeada. Pelo menos 300 construções foram danificadas na enchente. Das 80 históricas já avaliadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, metade terá que passar por obras de restauração. Foram destruídos prédios públicos – escolas, mercado, igrejas, biblioteca, mas também um patrimônio de obras de arte, esculturas e muitos livros e documentos históricos. Os moradores caminham e choram sobre destroços de edificações bicentenárias. Centenas de casas ainda estão interditadas.

Para o difícil futuro o grande desafio de recuperação após a calamidade que se abateu será a reconstrução do centro histórico e a recuperação do que for possível da memória perdida. Há muito o que se fazer. Para as demais cidades, reforça-se a necessidade de planejar para evitar tantas tristezas.

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