Por duas vezes lemos na mídia local opiniões que exprimem o desapreço pelo fato de os jovens estudantes da UFV terem participado do protesto contra o estudo preliminar apresentado pela administração municipal objetivando inserir uma saída no Balaustre, com a finalidade de desafogar o trânsito. O termo "massa de manobra", sobejamente conhecido por políticos velhos e jovens com a mesma mentalidade, tenta inibir este ato legítimo de repulsa a uma agressão a um bem tombado, marco arquitetônico e referencial no nosso urbanismo. Devolvemos o termo (massa de manobra) para esses progressistas de plantão que não fizeram nada, enquanto jovens, contra as agressões que a cidade de Viçosa foi sofrendo ao longo das diversas administrações factóides que, à procura de votos futuros, alimentaram transgressões urbanas.
Assim se sucedeu com o Shopping Chequer, o bairro "Nova" Viçosa, agora as casas (Minha casa, Meu pesadelo) nas Coelhas, a ocupação silenciosa da linha férrea (quem dá alvará?), a ocupação dos córregos e ribeirões e muitas outras apropriações sem planejamento e responsabilidade, que tornaram Viçosa uma cidade feia e inimiga da qualidade de vida mínima. Tornou-se legal pagar para agredir o meio ambiente, com "compensações financeiras" ridículas, para obtenção de lucros altíssimos na construção de prédios ao longo do São Bartolomeu e do Córrego da Conceição. Isso sim é servir de massa de manobra. Qual a solução para o Colégio de Viçosa, caindo aos pedaços? De quem é o Mercado Municipal? O que foi feito do Cine Brasil, Cine Odeon e muitos outros marcos arquitetônicos, que dentro de projetos mais bem elaborados, poderiam persistir e contribuir com a fixação da nossa história e nossa identidade? A resposta, como aconteceu agora com a casa rosa da Av. Santa Rita, foi se curvar aos interesses de um capitalismo rampeiro. Qual será a próxima bola da vez? O Hotel Rubim? Algum dos casarões da Praça Silviano Brandão? Até quando o Conselho Municipal de Planejamento - Complam – permanecerá intencionalmente inativo, deixando que várias intervenções sérias na estrutura urbana passem sem um mínimo de discussão?
Muitas vezes somos cobrados pela falta de ação da UFV na cidade. Quando ela acontece, partes reacionárias da imprensa, dos políticos e do setor imobiliário reagem como dessa forma. A esperança é que vocês, jovens, ao aderirem voluntariamente a uma causa que consideram justa, retomem o mesmo espírito dos "caras pintadas" (na época do impeachment do Presidente Collor) e percebam que não têm nada a aprender com estes políticos que se apegam a um "progresso" que anda para trás. Ser viçosense não é só ter nascido aqui, mas ter um compromisso com o local onde vivem, mesmo que seja por um determinado tempo. É querer que a cidade seja mais justa, inclusive para os tantos nativos que não tem direito à educação, moradia e emprego com um mínimo de dignidade e recompensa.
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