16 maio 2012

Artigo 200



É com enorme satisfação que publiquei no Tribuna Livre, n. 1091, do dia 16/05/2012 o meu artigo de número 200 em jornais.

Desde 1991, até quando houver assunto, pretendo ampliar em muito este número.  A minha ocupação nesses artigos, em sua esmagadora maioria, girou em torno dos processos ligados ao planejamento urbano e ao crescimento das cidades.  Isso aconteceu em São Luiz, Juiz de Fora, Viçosa e em outras cidades mineiras. No Tribuna Livre, tive espaço para deixar quase  metade destas manifestações, em sua grande maioria, preocupado com o caminho tortuoso no qual trilha Viçosa.

Nessas duas décadas, o Brasil evoluiu muito na legislação urbanística, com o advento do Estatuto da Cidade e com os quase dois mil planos diretores municipais elaborados, mas muito pouco na gestão da política urbana.  Podemos dizer que ocorreram muitas melhorias nas nossas cidades, mas em geral, desatreladas ao planejamento urbano. Há tantas cidades que permanecem carentes de suportes básicos à vida, como condições dignas de moradia e saneamento. Embora existam muitas ideias e projetos bons, as cidades cresceram de formas erradas, como, por exemplo, por meio de sua estruturação moldada a partir do uso do transporte individual e do crescimento espraiado e desordenado. O transporte coletivo, geralmente gerido por monopólios, permaneceu como um sério problema da mobilidade urbana.  O meio ambiente foi insistentemente agredido e as consequências aparecem sistematicamente nos períodos de chuvas. Contrastes sociais foram ampliados com a criação de condomínios fechados; muitos bens culturais desapareceram e, junto com eles, um pouco das identidades locais.  As atuais respostas às demandas por moradia popular simplesmente voltaram a repetir os erros de trinta anos atrás. O adensamento urbano, o crescimento desigual e injusto, o trânsito, o alto custo dos imóveis são questões que afetam a todos, com a piora da qualidade de vida. Haja, portanto, assunto para escrever!

Durante a elaboração desses 200 artigos obtive muito apoio de leitores, com manifestações diretas, cartas e mensagens pela internet. Entretanto, houve alguns mal entendidos. Um par de vezes me avisaram que alguém disse a alguém que eu parasse de escrever certas coisas. Amigos vieram me pedir que eu me preocupasse apenas com o que ocorre dentro das Quatro Pilastras.  Alguns mandaram cartas anônimas ao próprio jornal, mas o editor sensatamente deixou de publicá-las. Enfim, continuei mostrando a cara. Desestímulos à parte, entendo este meu papel como a atuação de um cidadão que quer se manifestar, onde quer que esteja, onde quer que haja questões importantes a serem expostas e discutidas.

As cidades serão cada vez mais o lar de quase totalidade da população e o  palco de muitos problemas a serem resolvidos.  Falar das cidades é um assunto inesgotável, especialmente para um Arquiteto e Urbanista. Desejaria publicar cada vez menos sobre problemas e cada vez mais sobre soluções para o crescimento sustentável em nossas cidades. Gostaria de ter cada vez mais outros escritores discutindo tão rico tema e colaborando com a reflexão por parte das muitas pessoas interessadas. Certo de que não sou dono de verdade nenhuma, minha contribuição continuará e sempre estará aberta ao diálogo, unicamente  para o bem das cidades. A única coisa que elas não merecem é o silêncio dos cidadãos.

Valeu Tribuna Livre!

2 comentários:

  1. Uns calam porque consentem, já outros criticam, com uma verdade muitas vezes incompreendida ou sufocada pelo não querer ver...
    Mas como um clássico, A Verdade está lá fora...
    Continue, sempre, a defender o que ama, que é o pouco que nos resta...
    O bom e velho Niemeyer continua a dizer, temos que protestar...
    Parabéns!
    Abraços meu caro professor.
    Valério

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  2. Concordo com cada linha, meu caro. Longa vida e outros 200, 400, 1000...

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