21 junho 2012

PARA CIMA OU PARA OS LADOS?


Artigo publicado no jornal Tribuna Livre n. 1096, em 20/06/2012

Dois processos simultâneos de crescimento estão ocorrendo nas cidades brasileiras. O primeiro é a verticalização com a construção de grandes edifícios com mais de cinco pavimentos, que ocorre nas áreas mais valorizadas e centrais. O segundo é o espraiamento horizontal, promovido através da contínua expansão urbana, independentemente do preenchimento do grande número de terrenos vazios. Há prós e contras a esses dois processos. Atualmente a verticalização ganha mais pontos, tendo em vista a sustentabilidade ambiental e os custos econômicos da urbanização.

Já há algumas décadas, o processo de urbanização se acentuou em quase todo o planeta. Há menos de cinco anos, os seres humanos passaram em sua maioria a morar  nas cidades. Estima-se que hoje as cidades ocupam 5% da área das terras habitáveis do planeta. Isso é muito. Os impactos desse processo no meio ambiente têm sido graves.  No Brasil, a situação não é diferente.  A poluição das águas; o saneamento básico que não atende a todos; a poluição do ar; a produção de lixo e a falta de locais para sua destinação final adequada; a ocupação das margens dos cursos d’água e grandes movimentações de terras são alguns deles.


Para o economista de Harvard, Edward Glaeser, Cingapura, Hong Kong ou Nova Iorque (onde não é raro ouvir o comentário de que “se eu moro em Nova Iorque, eu não preciso de automóvel”) são modelos do que deveriam ser as cidades do futuro. São cidades com alto índice de verticalização que geram altas densidades habitacionais. Los Angeles, Dallas, Houston são os exemplos a serem esquecidos, por ocuparem áreas formadas por intermináveis subúrbios de residências unifamiliares em amplos terrenos, ocupando muita área com baixíssima densidade populacional. Embora ainda muito atraente esse é um modelo ultrapassado. Os países desenvolvidos têm buscado formas de urbanização com mais gente convivendo próximo e misturando os usos (residencial, comercial, serviços, lazer).


A verticalização tem seu lado positivo, pois concentra pessoas, otimiza os custos de implantação de infraestrutura (vias de circulação, redes de abastecimento de energia e de água), encurtando trajetos de pessoas e mercadorias e limitando a expansão para áreas rurais. Mas para ocorrer isso exige cuidados; um planejamento adequado e bons projetos. Um desses cuidados é a implantação dos edifícios de acordo com a garantia de iluminação e ventilação das edificações de forma salubre. As vias urbanas precisam garantir a fluidez de acesso e de circulação dos veículos, as áreas de carga de descarga e a acessibilidade dos pedestres. Essa equação precisa ser bem resolvida com esses dois aspectos. O transporte coletivo precisa ser planejado, enquanto o transporte individual deve ser desestimulado. É preciso ter áreas verdes e praças para permitir o encontro das pessoas e a garantia de uma boa qualidade do ar.

Estamos vivendo um tempo de certeza de que as mudanças em nossas cidades têm de ser efetuadas, pois o modelo de transporte individual está esgotando; ao mesmo tempo não há como protelar projetos e investimentos maciços em transportes coletivos eficientes, baratos e de qualidade. O estimulo junto com oferta de condições para a circulação das pessoas a pé ou por meios não motorizados também ganham cada vez mais espaço. O crescimento urbano deve otimizar densidade populacional e custos de infraestrutura. Viver próximo a outras pessoas será inevitável e tem seus aspectos positivos.

Um comentário:

  1. Este cidadão Edward Glaeser está completamente equivocado. Suas idéias tem um oculto viés especulativo. O homem só irá encontrar a paz no meio bucólico. Vivendo com os animais: porque eles sim, tem maldade no coração.

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