Artigo publicado no jornal Folha da Mata, em 21/03/2019
Este texto é uma humilde, mas sincera homenagem ao meu colega Paulo Tadeu Leite Arantes, professor da UFV que acaba de se aposentar, isto é, de se jubilar, termo em espanhol que meu amigo prefere, com razão, ao português. O professor Paulo Tadeu, cruziliense e atleticano, é arquiteto e urbanista. É um cidadão do mundo, quem privilegiou Viçosa e a UFV pela sua escolha de moradia e de dedicação há décadas.
Formado como Engenheiro arquiteto pela UFMG (1978), fez especialização na Alemanha (1985), mestrado e doutorado na USP (1991 e 2001). Veio para Viçosa, depois de passagens na Prefeitura de Juiz de Fora e na Embrapa de Coronel Pacheco, como professor do Departamento de Engenharia Civil. Em 1991, liderou a criação do curso e do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, o qual obteve sucesso em 1992. Foi o primeiro chefe do DAU. Foi meu primeiro chefe, quando cheguei em Viçosa, em 1993. Corri de São Luiz para cá seduzido pelo entusiasmo desse meu futuro colega. Paulo coordenou um convênio com a Technical University of Nova Scotia, em Halifax, Canadá, o qual durou sete anos, e dentre as muitas realizações, deu oportunidade a seis professores de fazerem mestrado no Canadá (eu fui um desses felizardos). Foi diretor do Centev da UFV; coordenador da elaboração do projeto arquitetônico de requalificação do antigo CBIA e do projeto urbanístico do Parque Tecnológico.
Como Viçosa ainda explorou muito pouco da capacidade dessa pessoa empreendedora, Paulo só conseguiu realizar suas ideias longe daqui. Criou o projeto “Cidade Criativa, Cidade Feliz”, em execução com muito sucesso, há seis anos, em Santa Rita do Sapucaí. É um dos autores dos projetos arquitetônicos do Laboratório de Ideação, FabLab, Indústria 4.0 e outros do INATEL, também em Santa Rita do Sapucaí. Foi professor de centenas de estudantes. Ensinou, dentre outros temas: Desenho Técnico, Projetos Arquitetônicos, Perspectiva, Urbanismo, Mobilidade e Acessibilidade. Foi muito mais que professor, foi não, é um verdadeiro educador, irrequieto, reflexivo, questionador, rebelde contra as condições da educação no lato sensu. Viçosa permanece honrada, tendo Paulo como morador. A UFV deixa de ter um grande educador no seu quadro efetivo. Certamente esse Professor continuará com suas pesquisas, estudos, reflexões, consultorias e palestras.
Convivo com Paulo Tadeu há vinte e seis anos, o que considero um dos meus maiores privilégios, além de ter sido seu vizinho de gabinete por quase vinte anos. A vizinhança e a parceria em várias disciplinas de projeto e projetos de extensão me deram oportunidades incríveis de vê-lo compartilhar sua sabedoria e sua capacidade entre colegas, funcionários e sortudos estudantes. Foram longas conversas, as quais me acrescentaram conhecimento e me instigaram curiosidade e postura crítica. Só não aprendi com ele a comer pão recheado com bolo. Como não poderia deixar de ser, como mais uma lição, em sua última ação na UFV, ele plantou uma árvore em frente ao DAU. Com esse ato simbólico, enriqueceu ainda mais a “floresta” que plantou, que abriga um curso reconhecido, que deu “frutos” espalhados por todo o país.
O termo que Paulo prefere – júbilo – traz ouros belos sinônimos, dos quais: alegria extrema, grande contentamento; regozijo. Tudo a ver. Que assim seja a nova fase de sua vida.
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