quarta-feira, 13 de setembro de 2023

PROJETO ARQUITETÔNICO

Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 08/09/2023

Quero enfatizar aqui algumas questões sobre a importância do projeto arquitetônico. Primeiramente, devo afirmar que o projeto arquitetônico é atribuição específica do arquiteto e urbanista. Em seguida, alerto que o projeto arquitetônico deve ser justamente remunerado, para que seja corretamente executado, caso contrário haverá prejuízos para o projetista, para o construtor, para o usuário e para a cidade.

Quem atua em Medicina é médico, quem atua em Direito é advogado, quem atua em Agronomia é agrônomo. Quem projeta pontes, elabora cálculo estrutural, desenvolve instalações prediais é o engenheiro civil; quem projeta edificações e espaços urbanos é o arquiteto e urbanista. Todos devem ser remunerados adequadamente pelo que exercem. Embora seja uma questão em avaliação judicial, uma disputa entre os conselhos profissionais de engenharia civil e de arquitetura e urbanismo, nenhum outro profissional, além do arquiteto e urbanista, tem atribuição legal para elaborar projeto arquitetônico. Esse profissional recebe tal atribuição pelo que estudou no curso de graduação, composto por um amplo conjunto de disciplinas necessárias para garanti-la. 

Um projeto arquitetônico é a base, a instrução precisa de como serão os espaços adequados aos usos demandados. Esse precisa ser muito bem discutido com o cliente e com o engenheiro civil antes de chegar à versão definitiva; precisa atender às leis urbanísticas para que seja aprovado pela prefeitura (o que pode incluir as exigências do Corpo de Bombeiros); precisa atender às inúmeras normas às quais estão sujeitos (acessibilidade, vigilância sanitária, legislação ambiental, de patrimônio etc.). O projeto arquitetônico precisa ser claro e detalhado para que não haja dúvidas quanto às técnicas e detalhes construtivos; acarreta consigo a responsabilidade técnica, por isso precisa ser pago de forma justa, fato que nem sempre acontece.  O projeto mal pago resulta de duas direções: o profissional que cobra mais barato que os colegas (o que é antiético) e o cliente que não quer pagar adequadamente (isso posso chamar de economia porca). Nada disso dá certo, isso cria problemas, sai muito mais caro. Projetos mal pagos e, consequentemente não desenvolvidos, comumente trazem prejuízos por resultar em soluções improvisadas, adaptações, desmanches e reconstruções; eventualmente em embargos pelos órgãos de fiscalização. Em cidades pequenas, onde não há sequer regras de construção, o problema é ainda mais sério, pois muitas construções são insalubres, mal iluminadas e pouco ventiladas, muitas invadem calçadas, debruçam-se por sobre os cursos d’agua e usam as ruas como estacionamentos.

Há clientes de arquitetos e urbanistas que pechincham pelo custo de um projeto, mas não hesitam em pagar muito mais por uma bancada de silestone, por um conjunto de ferragens da hora, por um granito importado. Às vezes resolvem seus projetos com gente inabilitada. Não é incomum assim procurarem um arquiteto e urbanista para consertar o que não tem mais jeito. Muitos clientes se recusam pagar pelo acompanhamento da obra, o que é um equívoco, pois sempre há alguma dúvida, algum pequeno ajuste a ser feito. É essencial que esses ajustes sejam feitos pelo projetista, pois decisões, mudanças de última hora podem acarretar grandes problemas. Um projeto justamente pago representa um percentual muito pequeno (em geral de 2 a 5 %) de um custo da obra, o que significa que esse percentual é responsável pelo gasto dos demais 98 a 95% de uma obra; vejam o tamanho da responsabilidade! Construa certo, contrate um arquiteto!


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