Parque linear do Córrego Grande, em Florianópolis
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 13 de fevereiro de 2025
O Plano Diretor de Viçosa (Lei nº 3.018/2023), precisa ser lembrado para haver a possibilidade de que seja aplicado. É lei. Traz medidas necessárias para a proteção do meio ambiente. O plano é abundante em preocupação com o tema. Foi criado um Sistema de Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres. É um sistema formado pelo conjunto das áreas enquadradas em categorias protegidas pela legislação ambiental dos três níveis federativos. Essas são áreas prestadoras de serviços ambientais, das diversas tipologias de parques de logradouros públicos. O sistema criado considera de “interesse público para o cumprimento de funcionalidades ecológicas, paisagísticas, produtivas, urbanísticas, de esporte e lazer e de práticas de sociabilidade”. O Plano Diretor traz também a preocupação com o estabelecimento, junto com os municípios da microrregião de Viçosa, de políticas integradas para a redução e de erradicação de riscos de desastres naturais.
O parque linear é, ao mesmo tempo, uma forma de preservar o meio ambiente e de gerar vetores recreativos em ambientes urbanos. Um parque linear propicia a regeneração do ambiente urbano e da paisagem local; agrega em um lugar carente de espaços para lazer, descanso e relaxamento; facilita a convivência e maior sociabilidade entre as pessoas da área diretamente afetada e de seu entorno; propicia aos moradores espaços para praticar atividades físicas. Tem, também a função de permitir a educação ambiental in loco. Para o arquiteto e urbanista professor da USP, Alexandre Panizza, “investir em parques lineares é uma estratégia inteligente para tornar nossas cidades mais sustentáveis, saudáveis e acolhedoras”. Para ele, os parque lineares “contribuem para a mobilidade urbana quando têm faixas para pedestres e ciclistas”. São vários parques conhecidos no Brasil e no mundo, como o Parque Urbano da Orla do rio Guaíba, projetada pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner; o Parque Linear do Córrego Grande, em Florianópolis; o Parque Linear da Vila Princesa Isabel, na Zona Leste da cidade de São Paulo e o parque do rio Cheonggeyechon, em Seoul, Coréia do Sul.
Uma das medidas criadas pelo Plano Diretor é o Parque Linear, citado como “uma zona corredor verde que se implanta acompanhando trajetos de cursos d’água e fundos de vale”. O parque tem o potencial de induzir “mobilidade urbana, melhorias na drenagem da água pluvial e é importante para a recuperação e a preservação dos recursos naturais, conservação da biodiversidade e formação de corredores ecológicos”. O Plano Diretor de Viçosa propõe a implantação dos seguintes parques lineares: na Área de Proteção Ambiental do ribeirão São Bartolomeu; que inclui o bairro Romão dos Reis; em Nova Viçosa e Posses; de São José do Triunfo ao aeródromo e do Parque Tecnológico (Centev) à ETE-Barrinha. Se implantados, ganharíamos muito em relação à qualidade de vida. Lembro que já temos um parque linear, que atravessa o Campus da UFV, ao longo do curso do ribeirão São Bartolomeu, com suas belas represas.
O Plano Diretor de Viçosa aponta caminhos, mas é apenas uma lei. “Apenas” no sentido de que precisa ter a iniciativa da gestão municipal para sair do papel e para promover as mudanças e melhorias. Reflito aqui sobre a obra "O cidadão de papel" do escritor Gilberto Dimenstein, na qual o autor afirma que a legislação brasileira é ineficaz, visto que, embora aparente, seja completa na teoria, não se concretiza na prática. Transformar o previsto no Plano é um desafio dos maiores, mais do que nunca necessário para enfrentar o que virá em termos de mudanças climáticas e de eventos climáticos extremos. Se ao menos alguns dos parques previstos saírem do papel, os viçosenses agradecerão.
Foto: https://www.nsctotal.com.br/noticias/parque-linear-do-corrego-grande-comemora-seus-10-anos