13 julho 2025

ENVELHECIMENTO ATIVO


Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 10/07/2025

Em coautoria com Clarice Natali Starlino Lana

No Brasil, a população está passando por mudanças importantes. Nas primeiras décadas do século XXI, o número de pessoas idosas tem aumentado muito. Isso acontece, principalmente, porque as famílias estão tendo menos filhos e as pessoas estão vivendo por mais tempo. Como resultado, a participação das pessoas com mais de 60 anos na população brasileira está crescendo bastante. Em 2022, o Brasil tinha cerca de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que correspondia a 15,8% da população total. Desde o ano 2000, o número de idosos praticamente dobrou, com um aumento de 111%. As previsões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que esse número pode crescer mais 104% até 2050. Com mais pessoas idosas, cresce também a necessidade de serviços especiais, tanto para cuidados de saúde quanto para lazer e convivência. Muitas pessoas nessa fase da vida convivem com problemas de saúde típicos do envelhecimento, como doenças crônicas, questões mentais, diferentes tipos de deficiências e outras condições que exigem atenção. Além disso, a falta de atividades sociais e recreativas, principalmente para quem depende de ajuda para realizar tarefas do dia a dia, pode aumentar sentimentos de solidão e isolamento. 

Para atender essas necessidades, existem diferentes tipos de serviços e locais de apoio. Entre eles estão os Centros de Convivência (centro de atividades e serviços para promoção de formas de envelhecimento ativo e saudável, além de fortalecer os vínculos sociais e prevenir o isolamento), os Centros-Dia (espaço de acolhimento e cuidado durante o dia, com atendimento multiprofissional) , as Instituições de Longa Permanência para Idosos  — ILPIs  —, que são domicílios coletivos de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar e em condições de liberdade, dignidade e cidadania. Há ainda as moradias compartilhadas.  Esses últimos modelos incluem o coliving, que mistura áreas privativas (para o descanso e a privacidade de cada um) com espaços coletivos (para convivência e lazer), e o cohousing, onde pessoas ou famílias vivem em casas ou apartamentos separados, mas compartilham áreas e recursos comuns, como cozinha, lavanderia, áreas de lazer e jardim.

Porém, nem em todas as cidades brasileiras há serviços e locais públicos voltados para a população idosa. E, quando existem, muitas vezes a estrutura desses locais não é suficiente ou adequada. Em alguns casos, as instituições ainda enxergam a velhice apenas como mera condição biológica, sem considerar a história de vida, os sentimentos e a vontade da pessoa idosa. Por causa disso, muitas pessoas acabam sendo afastadas da sociedade e tratadas como se não tivessem autonomia, escolhas ou direito de participar da vida comunitária.

Lembremos que a participação social é um direito de todas as pessoas, inclusive na velhice. Ter um papel na sociedade, seja por meio do trabalho, da participação em eventos culturais, educacionais e religiosos, em escolas, igrejas ou celebrações, ajuda a manter o sentimento de pertencimento e de utilidade social. Com espaços adequados e oportunidades de convivência, as pessoas idosas podem continuar participando ativamente da vida em comunidade e exercendo seu direito à cidade.

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