O costume de andar de bicicleta já é onipresente em países europeus. Na Holanda, assim com em outros países do norte da Europa, o uso da bicicleta é uma política pública em resposta, inicialmente, à crise do petróleo e, posteriormente, à crise ambiental. Quarenta e cinco por cento dos holandeses as usam para ir trabalhar. Apesar de ser um meio de transporte não poluente, de custo de aquisição e de manutenção baixo e que traz benefícios para a saúde do usuário, somente 7% dos brasileiros utilizam a bicicleta como principal meio de transporte. Há obstáculos para que o quadro assim seja: a falta de infraestrutura e de segurança. A boa notícia é que nas cidades brasileiras, aos poucos, cresce o saudável e sustentável hábito, a partir da oferta de estrutura e segurança.
As “magrelas” representam uma revolução na forma de andar pelas cidades. As cidades construíram ciclovias e ciclofaixas. As ciclovias são vias preparadas para uso exclusivo das bicicletas, com uma separação física isolando os ciclistas dos demais veículos, indicadas para avenidas e vias expressas, pois protege o ciclista do tráfego rápido e intenso. As ciclofaixas são faixas de uma via reservada aos ciclistas, indicadas para vias onde o trânsito motorizado é menos veloz, são muito mais baratas que a ciclovias, pois utiliza a estrutura viária existente. Os governantes das cidades europeias entenderam que continuar a alargar vias e construir estacionamentos não era a solução (o que vale também para aqui). Partiram para campanhas de estímulo, projetos e obras de ciclovias ou ciclofaixas que permitissem a ampla e segura utilização do meio. Construíram ciclovias e ciclofaixas bem sinalizadas, disponibilizaram o uso de bicicletas para o público. Temos um bom exemplo na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
O uso da bicicleta como transporte é uma possibilidade para praticamente todos os tipos de cidades. Seu uso possibilita a inclusão da mobilidade como meio de transporte de baixo custo, em especial para as classes trabalhadora e estudantil, com segurança, conforto, acessibilidade e agilidade; além contribuir pela preservação da qualidade do ar, através da redução de emissão de poluentes.
O Ministério das Cidades implementou, via Secretaria de Transporte e da Mobilidade Urbana, o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta, conhecido por Bicicleta Brasil, Em 2012, com a promulgação da Lei 12.587, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, tornou-se obrigatória a elaboração, até 2015, de Planos de Mobilidade Urbana (PMU) para todos os municípios com mais de 20 mil habitantes.
Em Viçosa, é possível e muito fácil e barato instalar ciclovias ou ciclofaixas como, por exemplo, ao longo da via férrea, o que atenderia a uma boa parte da população pois, em um trecho de poucos quilômetros, os moradores dos bairros Amoras, Nova Era, Vau-açu alcançariam facilmente o centro da cidade ou o Campus da UFV. É possível criá-las ao longo das Avenidas P. H. Rolfs, Geraldo Reis e Castelo Branco. O primeiro passo do gestor municipal que tenha interesse no programa é a elaboração de um plano cicloviário básico. O Governo Federal financia infraestrutura de transporte por bicicleta em municípios. Se adotasse esta política, Viçosa daria um passo à frente, ou melhor, uma pedalada à frente, em direção a soluções mais sustentáveis e com grande melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.
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