29 dezembro 2015

Juiz de Fora

Juiz de Fora, MG - 555 mil habitantes; 99% de urbanização; IDHM : 0,778; 9,5% da população acima de 65 anos; impressiona pela verticalização; tem boa qualidade de vida e clima ameno. 
Foto Ítalo Stephan, 2015

28 dezembro 2015

Tá difícil

Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Texto enviado ao jornal Tribuna Livre, de Viçosa-MG, em 24/12/2015

Queria mandar um texto com algo interessante para este jornal antes de terminar este ano interminável, mas confesso que não consegui escolher um assunto específico, pois me sinto, assim como (acho que outros brasileiros também sentem) soterrado de tanta sujeira e tanta lama. Sinto-me sufocado, imobilizado, impotente; nem sequer espero que isso passe tão cedo.

Neste  2015 algumas bolhas estouraram. Fomos soterrados por uma crise econômica somada a uma crise política nojenta, à bilionária sangria da corrupção e a uma série de problemas ambientais, como o desmatamento e, destacadamente, o agravamento de uma crise hídrica inédita. Caímos na realidade depois de as montadoras despejarem por vários anos milhões de automóveis nas nossas ruas, embora queiram desesperadamente despejar mais ainda. A bolha imobiliária também estourou depois de nos iludir com um crescimento insustentável, de saturar de imóveis nas nossas cidades e deixar grande parte deles vazia.

Desabaram sobre nós os escombros de dois pilares que representavam a economia brasileira: a Petrobrás e a Vale. Acompanhamos um crime ambiental sem precedentes que deverá culminar em precedentes impunidades. Em dezembro de 2016, a mídia nos lembrará que as vítimas que sobreviveram ao mar de lama continuam desamparadas, vivendo em condições precárias, à espera do cumprimento de promessas não cumpridas pelo governo e pela Samarco.

Amizades foram enfraquecidas quando colocadas em lados opostos das preferências partidárias. Assistimos a espetáculos circenses de péssimo gosto nas casas legislativas, ficamos nauseados com comissões de ética. Mesmo sem ter visto nada igual antes, não posso colocar nem a mão no fogo ao acompanhar as investigações da Polícia Federal.
Quinze anos dentro do século XXI ainda temos um país altamente urbanizado que praticamente não trata seus esgotos; raciona suas esparsas fontes de água; mata seus moradores de epidemias; segrega seus moradores; vicia e assassina seus jovens; contamina suas gestantes; imobiliza os seus idosos e adia indefinidamente os sonhos de realização profissional. Três décadas depois ainda há os que desejam um golpe militar.

Dos desdobramentos da crise política ninguém conseguirá adivinhar o que vai acontecer, mas provavelmente resultarão em mais decepções e poucas mudanças essenciais. Nunca poderemos subestimar a capacidade de sobrevivência desses ratos e camaleões travestidos em políticos (que me perdoem os ratos e os camaleões), e nós aqui nos sentindo otários, idiotas, enganados, não sabendo da missa a metade.

Há esperança? Sim, como sou um ingênuo, quero crer que há. Mas não creio que mudanças virão das próximas eleições. Há, no entanto, jovens técnicos chegando aos postos de decisão que não toleram o que antes era tolerado, como ocorre no poder judiciário, especialmente junto ao Ministério Público. Isso nos deixa vislumbrar uma luzinha num túnel gigantesco e labiríntico de lama pútrida e contaminada, de esgotos, troncos, egos inflados, corrupção, tramas, esquemas, manobras políticas, panfletos, entulhos, lixo, carcaças de veículos, balas de fuzis, corpos de jovens assassinados, sangue, seringas, vírus e bactérias.

Apesar dessa caótica situação, não devemos  desistir de tentar fazer um 2016 feliz!

22 dezembro 2015

Cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil

O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFV ficou entre os 9 melhores do país, segundo o MEC (2014).

Se considerar a beleza do Campus da UFV, é sem dúvida, o melhor.

21 dezembro 2015

Poesia contra a guerra

Amigos e amigas, faço a divulgação de um trabalho de Felipe Ponce de León,  que apresenta uma coleção primorosa de poesias. Quem quiser adquirir pode me pedir.

O blogue Poesia contra a guerra  foi ao ar pela primeira vez em 12/10/2006. Desde então, foram ao ar mais de duas mil postagens, a maioria reproduzindo poemas, sobretudo em português. Apesar do nome, o objetivo nunca se restringiu a publicar textos de ou sobre a guerra. A rigor, tenho recorrido a uma ampla variedade de material literário – ‘poesia’, em sentido amplo. Este livro – em comemoração ao aniversário de 9 anos – traz uma amostra desse universo.

São 100 poemas, arranjados em três grupos, de acordo com a data de nascimento dos poetas: os nascidos antes de 1501 (10 autores, de João Soares de Paiva a Sá de Miranda); entre 1501 e 1800 (24, de Luís de Camões a Almeida Garrett) e após 1800 (66, de Correia de Almeida a Ascânio Lopes).

19 dezembro 2015

Um 2016 de força para todos


O que esperar de 2016, que chegue logo 2017...2018...?
Tenhamos forças para suportar essa crise de valores tão pesada que vai passar, um dia...
Lembremos que teremos eleições em 2016.
Lembremos que somos desafiados a todo momento quanto às nossas atitudes éticas.
Lembremos que temos filhos em casa que devem ser educados para serem cidadãos.
Lembremos que temos colegas de trabalho que devem ser respeitados.
Lembremos que nem todos são da mesma religião, do mesmo partido político e do mesmo time de futebol.
Lembremos que moramos em cidades que não merecem que as tratemos como se fossem lixeiras, como se existissem apenas para nós, como se não existissem enormes contrastes sociais, infelizmente lembrados por muitos só nessa época do ano.
Um próspero ano novo para àqueles que estão conseguindo prender e penalizar os corruptos!

À mercê da corrupção


Ao final de quinze anos dentro do século XXI  temos um país altamente urbanizado que praticamente não trata seus esgotos; raciona suas esparsas fontes de água; mata seus moradores de epidemias; segrega seus moradores; vicia e assassina seus jovens; contamina suas gestantes; imobiliza os seus idosos e adia indefinidamente os sonhos de realização profissional. Estamos à mercê de uma trama política em que uns poucos engordam suas fortunas. Temos um país que não sai do subdesenvolvimento, em boa parte por causa da corrupção.  Temos mais de 5 mil municípios atolados em dívidas e, novamente, uma grande parte deles estaria em condições muito melhores não fosse a corrupção.

18 dezembro 2015

Sete pecados em um baile de formatura (uma nova versão)

A ocasião da formatura  é, sem dúvida,  um marco importante. Sela uma fase e força o início auspicioso de outras. É um período de celebração justa por muitos motivos: sacrifícios por parte dos pais e dos filhos (separação, saudades, preocupação com o dinheiro, insegurança e dificuldades de adaptação) superação (amadurecimento, muitos estudos, adaptação), e ampliação das oportunidades de realização profissional. Festejar isso é mais que justo e muito esperado pelos estudantes, amigos e familiares. No entanto, há, nessa época uma exacerbação das coisas. Por um lado, há, na colação de grau ou na conclusão do ensino médio, o desejo de compartilhar a felicidade. Há uma postura ou um juramento ético que parece ser deixado de lado imediatamente após as cerimônias formais. Em um país tão católico e ainda marcado pelo contraste social, onde tão pouca gente conclui o ensino médio e menos ainda alcança um título de nível superior, tem havido exageros. A atual forma é excludente.  Dá até para dizer que os sete pecados capitais estão presentes e consolidados no processo da formatura, desde seu início e com seu ápice no grande baile.

A  preguiça, que é negligência ou falta de vontade para o trabalho ou atividades importantes, ocorre quando, mesmo com obrigações como os trabalhos finais do curso. Há uma preguiça em criar uma outra  forma de celebração de momento tão importante que seja mais modesta e includente.

Há a luxúria, que é o apego e valorização extrema aos prazeres carnais, à sensualidade extrema e sexualidade escancarada; o desrespeito aos costumes e lascívia.

Está presente a gula, que é comer somente por prazer, em quantidade superior àquela necessária para o corpo humano. Há, nos bailes, um excesso de comidas e um enorme desperdício que duvido que ocorra em outros locais de um país e de um planeta altamente socialmente injustiçado.

Segue a  avareza que é o apego ao dinheiro de forma exagerada, desejo de adquirir bens materiais e de acumular riquezas. Há quem consiga recursos com políticos.Há uma competição fútil na comparação de quem faz o vestido mais bonito e mais caro. Os homenageados não têm direito a levar seus acompanhantes no baile, nem mesas para se sentar.  Que economia é esta em cima dos homenageados? Quanta gente fatura muita grana "organizando" esses eventos?

O quinto pecado é a ira, que é a raiva contra alguém que não faz parte de sua tribo,  a vontade de vingança. Comparam-se penteados, maquiagens, joias, acessórios e marcas de uísque.

O sexto é a soberba, que é a manifestação de orgulho e arrogância. Comparam-se os sucessos dos que conseguiram uma vaga na universidade pública, emprego dos sonhos ou uma vaga nos melhores mestrados, ou quem ganhou um carro ou uma viagem ao exterior.

Por último, vem a  vaidade, que é a preocupação excessiva com o aspecto físico para conquistar a admiração dos outros. Todos querem participar da “melhor formatura de todos os tempos”, marcados pela  maior quantidade de gente, pela melhor banda, por arranjos florais mais sofisticados, pelas melhores fotografias, pela melhor  marca de cerveja, pela maior diversidade do cardápio, com a maior quantidade de camarão, sorvetes, coquetéis  ou de energéticos.

Há, já desde o início, exclusão e discriminação sociais. Até mesmo os pais podem ser descartados, a não ser para pagar o baile, as roupas, levar e buscar. Quantos estudantes ficam de fora de um baile pelo custo absurdo que muitos pais não podem arcar?A conclusão de uma etapa ou um curso universitário é, paradoxalmente, muito mais que isso. A importância da colocação no mercado de trabalho de pessoas qualificadas (com recursos públicos), mas com  a ética como norteador essencial, é verdadeiramente,  o que importa.

17 dezembro 2015

16 dezembro 2015

 
 Afresco de Cesare Maccari - Cicéro  desmascara Catilina

Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? quanto zombará de nós ainda esse teu atrevimento? onde vai dar tua desenfreada insolência? É possível que nenhum abalo te façam nem as sentinelas noturnas do Palatino, nem as vigias da cidade, nem o temor do povo, nem a uniformidade de todos os bens, nem este seguríssimo lugar do Senado, nem a presença e semblante dos que aqui estão? Não pressentes manifestos teus conselhos? não vês a todos inteirados da tua já reprimida conjuração? Julgas que algum de nós ignora o que obraste na noite próxima e na antecedente, onde estiveste, a quem convocaste, que resolução tomaste?

Catilinárias de Cícero - Oração I - 63 a. C.

Memórias



TAXI - Em Juiz de Fora, até inicio da década de 1970, era comum chamar táxis de CARRO DE PRAÇA, este ponto da foto, da década de 1960, funcionava no Parque Halfeld, como até hoje, porém ficavam estacionados na avenida Rio Branco.

15 dezembro 2015

DIA DO ARQUITETO

Neste dia desejo que consigamos avançar muito, com a nossa profissão, para atender a uma parcela muito maior da população.
Inspiremos-nos no escritório móvel da Arquiteta e urbanista Márcia Monteiro para chegarmos onde está a população que mais precisa de nós.



13 dezembro 2015

Não se esqueçam!





33 dias depois
Mais de 600 desabrigados;
15 corpos encontrados e muitos desaparecidos;
Prejuízos de bilhões para agricultores, moradores, trabalhadores e na arrecadação de  municípios;
Desastre ambiental no vale e no mar;
Ninguém prezo e o calote está sinalizado.

12 dezembro 2015

Crime rumo à impunidade

Como era previsto, a Samarco se recusou a assinar acordo com o Ministério Público de Minas Gerais para garantir moradia e indenizações às vítimas da tragédia em Mariana. Mais um corpo foi encontrado no local do desastre.


Arquitetura em Juiz de Fora


No bairro Jardim Glória persistem belas casas das décadas de 1950(?)

A arquitetura remete à características do neo colonial - um jogo de volumes, telhadosem duas águas caindo para os lados, arcos  e uso de pedras na fachada

Casas bem cuidadas, mesmo com algumas reformas sutis, é um belo acervo.

09 dezembro 2015

Mapa Racial do Brasil



Importante documento para políticas públicas
Acesse em:
http://patadata.org/maparacial/

06 dezembro 2015

Teixeiras, MG

Teixeiras, Zona da Mata, MG - 11.000 habitantes, a 10 km de Viçosa. Praça principal de uma típica cidade pequena de Minas Gerais.

 Área da Estação Ferroviária, abandonada, com grande potencial turístico, de lazer e cultural.

Usina e Chalé, dois bens culturais em uma cidade que não busca recursos no ICMS Cultural do estado de Minas.

04 dezembro 2015

Represa Candonga


A primeira estrutura a enfrentar a lama tóxica da Samarco, a represa Candonga, entre Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado ficou assim. Além dos prejuízos ambientais, as duas cidades perderam arrecadação com a interrupção da produção de energia da Usina Risoleta Neves. A represa está sendo esvaziada rapidamente pois pode receber a qualquer momento outra carga milionária de lama. Será que os municípios serão ressarcidos de tamanhos prejuízos?

03 dezembro 2015

Radban


 Berlim vai ter uma ciclovia coberta com hortas e pavimento "inteligente"

Chama-se “Radbahn” e é um projecto inovador para a primeira ciclovia coberta da cidade alemã
Hortas urbanas e outras zonas verdes, "estações de serviço", semáforos e pavimento que gera energia.Tudo isto numa ciclovia coberta com cerca de nove quilometros e no centro de Berlim.

 http://p3.publico.pt/actualidade/ambiente/19011/berlim-vai-ter-uma-ciclovia-coberta-com-hortas-e-pavimento-quotinteligent

02 dezembro 2015

Crescendo errado

 "Novo" Santo Antônio - uma expansão do bairro mais populoso de Viçosa-MG -Loteamentos de uma rua só, morro acima, servida por uma via com potencial - se perdendo - de ser uma artéria importante. Sem terrenos públicos, sem áreas destinadas a praças.

01 dezembro 2015

Da fragilidade do ambiente

Artigo publicado no jornal Tribuna Livre de Viçosa-MG, em 26/11/2015

A recente tragédia do rompimento das barragens da Samarco tem sido assunto constante na mídia. Não é a primeira, nem será a última. É preciso que aconteça uma tragédia para aparecerem aqueles que alertaram para as ameaças, mas que foram ignorados. Os alertas não são levados a sério, pois quase e sempre esbarram nos interesses de uma elite, nas forças do poderio econômico.
Numa postagem vi que era hora de repensar a política de mineração.

Não, não é hora, essa hora já deveria ter acontecido há décadas.

Minas Gerais é um estado que tem na sua história a exploração até o esgotamento e parece que vai ser assim até exaurirmos nossas minas e nossas águas. Foi assim com a Vila Rica, tem sido assim com as mineradoras que cavoucam, levam as riquezas, geram sonhos e deixam pesadelos. Foi assim em Itamarati de Minas, onde exploraram a bauxita e deixaram na mão os moradores. A região de Congonhas sofre com a poluição do ar e com as doenças respiratórias, ameaçam o patrimônio histórico e deixam uma cidade com péssima qualidade de vida. Paracatu tem seu lençol freático contaminado pelo mercúrio. Lembrem-se do desastre ambiental em Miraí em 2010 e do desastre ambiental em Itabirito, em 2014.

Que política minerária é essa que temos? Vendemos minério barato para comprarmos aço caro. Pulverizamos minério, misturamos com amido e muita água, o suficiente para a bastecer 1,6 milhões de habitantes todo dia, e a bombeamos por ameaçadores minerodutos para os portos. Deixamos para trás centenas de represas que serão usadas até esgotarem suas capacidades. Os mineiros vivem sob constantes ameaças de rompimento de represas e minerodutos, de envenenamento do seu solo e de suas águas, tudo isso para gerar riquezas, concentrar riquezas. Os mineradores deixam a situação avançar até os limites, que mais cedo ou mais tarde sejam superados em vazamentos de dutos, em rompimentos de barragens. Há séculos os lucros são concentrados e os danos são repartidos com a população.

Um rompimento de uma represa com milhões de toneladas de lama carregada de metais não acontece por causa de imprevistos de acasos ou forças sobrenaturais. A técnica explica tudo, a ganância e o descaso deixam acontecer. Um rompimento de uma represa não é para alguns como se fosse uma descarga num vaso sanitário – deu a descarga os dejetos somem. A maior parte da lama não vai chegar o mar, é pesada, vai sedimentar e pavimentar o leito do rio Doce, mudando-o para sempre. O lamaçal esteriliza as margens, ao passo que já matou seus peixes e animais aquáticos, destruiu a vegetação; impediu o abastecimento de água, a produção de energia a irrigação dos pequenos agricultores; destruiu vilas, casas, comércios, ruas, automóveis, roupas, fotos, brinquedos, moveis, aparelhos eletrodomésticos. Destruiu relações, cimentou sonhos.   Não há dinheiro que pague isso, nem mesmo podemos ter a certeza que haverá dinheiro. As multas milionárias podem nem sequer serem pagas – a história nos conta isso - quem dirá as indenizações às famílias e municípios.  Não haverá solução a curto prazo, apenas pedidos dos irresponsáveis causadores da tragédia que os afetados tenham paciência. Há esperança em organizações e pessoas sérias que farão o possível para diminuir os danos, mas sem dúvida será um processo longo e penoso.