Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, em 31/08/2017
É com muita satisfação que retorno com meus artigos ao jornal Folha da Mata, onde publiquei algumas dezenas de vezes década de 1990. É um novo tempo e espero contribuir com minhas reflexões para os leitores. Desde 1993 tenho escrito sobre assuntos relacionado às cidades, especialmente sobre Viçosa, onde moro há quase 25 anos. Em 1993 a população era de cerca de 50.000 habitantes e a UFV tinha menos da metade dos estudantes de hoje.
Escrevi muito sobre o meio ambiente, alertando para a ocupação equivocada das áreas de mananciais, processo que veio se agravando e chega aos nossos dias a uma crise hídrica sem precedentes. Há um processo de ocupação danoso nas bacias dos rios Turvo e São Bartolomeu, e as coisas só não pioraram porque o projeto do mineroduto não se concretizou. A criação da APA do Paraíso se arrasta, e isso já era uma grande preocupação na época do movimento SOS São Bartolomeu.
Publiquei sobre patrimônio cultural, preocupado com o desparecimento injustificado de alguns belos exemplares da arquitetura mais antiga. Viçosa teve altos e baixos nesse período: preservou vários bens, transformou a estação em um espaço cultural, iniciou a recuperação do Colégio de Viçosa e ganhou um lindo prédio requalificado, o antigo CBIA, no Parque Tecnológico. No entanto, perdemos vários prédios ecléticos e a usina Santa Rita com sua chaminé. Correm riscos o cine Brasil e a Estação do Silvestre.
Meu maior foco tem sido o do planejamento e gestão urbanos. Houve perdas e ganhos. Das perdas, cito a não preparação de vias urbanas que poderiam ter se tornado largas avenidas, como a Gumercindo Iglesias e a Antônio Lopes Lelis; ou a exigência de abertura de vias transversais ao loteamentos da parte nova do bairro Santo Antônio. Várias edificações ocuparam as margens e o leito dos São Bartolomeu e do Fátima. Loteamentos clandestinos foram abertos na área rural às custas de desmatamentos e movimentos de terras indevidos. Dos ganhos, Viçosa passou a ter uma legislação urbanística satisfatória, mas com algumas alterações prejudiciais à cidade. O município conta com um órgão, que demorou, mas agora começa a fazer um planejamento urbano e a cuidar melhor de Viçosa, embora pressões do mercado imobiliário tenham feito seu próprio planejamento, nem sempre em harmonia com as boas práticas.
Outro ponto de reflexão é a mobilidade urbana, agora objeto de desenvolvimento de um plano para Viçosa. Na área central as ruas são as mesmas de quase um século atrás. O que veio depois não incorporou as necessidades de viabilizar a chegada contínua de mais e mais veículos e hoje nosso trânsito está muito complicado. As calçadas construídas mais recentemente agravaram as condições de acessibilidade. A proposta do anel viário já completou 17 anos.
Destes e vários outros assuntos há muito o que ser escrito sobre Viçosa e outras cidades. Agradeço esta oportunidade de voltar a publicar aqui e me coloco à disposição dos leitores para receber críticas e contribuições, porque acredito que o diálogo é saudável e ajuda a melhorar nossa cidade.
A propósito - na década de 1990 havia apenas uma página de notícias policiais, hoje são, no mínimo, 5!
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