Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, em 21/02/2019.
Ao chegar no centro de Viçosa, na esquina da Av. Marechal Castelo Branco com a Av. P. H. Rolfs, o visitante se depara com um dos mais marcantes cartões de apresentação, que é um ponto comercial improvisado. Não é dos melhores cartões, nada convidativo, pois é muito feio e depõe contra a fama de uma cidade universitária, onde se espera uma cidade mais arrumada. Trata-se de uma fileira de cada lado de lojinhas desalinhadas, cobertas com telhas metálicas amassadas; protegidas por toldos de lona e placas de formatos e cores diferentes. Há out doors nem sempre com cartazes, aumentando a poluição visual. Os materiais estão em condições de conservação diversos. Os passeios são irregulares na largura, nos materiais e nas condições de manutenção. Proporcionam muitas torções e tombos. O aspecto que passa a quem chega é esteticamente desagradável e com muitos obstáculos quanto à acessibilidade. O conjunto está em cima de um ribeirão canalizado. As calçadas são parcialmente ocupadas por expositores de mercadorias e manequins, o que fere o Código de Posturas.
Esse conjunto de comércio ganhou o nome de Shopping, com um sobrenome de um ex-prefeito, o qual permitiu as primeiras ocupações, em meados dos anos 1980. Outras lojas e ampliações vieram mais tarde, sem que nenhum outro prefeito tivesse tomado alguma providência no sentido de impedi-las ou, ao menos, organizar o que hoje é uma bagunça. Não sei quais as condições que permitem seu funcionamento, como alvarás de funcionamento, segurança contra incêndio, condições sanitárias, precariedade das construções e armazenamento.
Enfim, o shopping popular carece e merece ser repensado. Já escrevi sobre isso antes e os comerciantes não gostaram, mas isso foi há muitos anos. É necessário pensar em soluções que melhorem as condições do conjunto. No curso de Arquitetura e Urbanismo da UFV, o local já foi objeto de inúmeros estudos. Posso destacar algumas ideias, tais como transferir o comércio dali para um segundo andar da atual estação rodoviária, que ficaria mais ou menos no nível da avenida Marechal Castelo Branco. A ligação poderia ser uma ampla calçada. É possível fazer do atual lugar um conjunto de largas calçadas; melhorar os abrigos de ônibus; construir jardins e recuperar a vista do ribeirão São Bartolomeu. Outra alternativa é reconstruir no mesmo local um espaço agradável com novas lojas com qualidade arquitetônica, em perfeitas condições de segurança e higiene, com padronização da cobertura, dos toldos e das placas publicitárias. É necessário alargar e garantir as condições de acessibilidade das calçadas e das travessias, além de melhorar a iluminação noturna, muito precária. É possível construir uma galeria de arte (por que não?) no local, ou uma praça com uma marquise para proteção contra o sol, com bancos, lixeiras, jardineiras.
Viçosa precisa de um tratamento nesse local, pois é o que causa uma má impressão para quem chega e, é claro, é um local muito central, nevrálgico, onde circulam milhares de pessoas diariamente. São moradores da cidade que carregam compras. São pessoas idosas, pessoas com dificuldade de locomoção e de visão. São cidadãos que levam consigo crianças no colo. São trabalhadores, estudantes, aposentados; pobres e ricos; grandes e pequenos, ágeis e limitados nos movimentos; apressados, em sua maioria e mais calmos, que vieram passear no centro da cidade. Depois de tratada essa área, aí sim, o ex-prefeito poderia ter seu nome adequadamente ligado ao espaço, pois do jeito que está, ninguém merece esta homenagem.
Mais uma vez as observações lançam olhar distanciado daqueles interessados e promotores da " bagunça" . Precisamos colocar os alunos da arquitetura e urbanismo ficarem ao menos uma semana postados no local, coletando opiniões de todos: comerciantes do entorno, passantes aleatórios, usuários e compradores dos produtos e dos proprietários dos pontos de venda. A partir daí, podemos traçar soluções criativas e SEM MUDAR DE LOCAL. Ele já está consolidado. Precisa somente uma repaginação.
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