05 maio 2019

O CAMPUS E A CIDADE


Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 02/05/2019

Uma recente polêmica surgiu devido ao questionamento que houve sobre a suposta ausência do campus da UFV no Plano Diretor. Como este é um território federal, tem aspectos de legislação e de ordenamento territorial próprios. O campus da UFV não está ausente no Plano, ele forma a ZUF – Zona da Universidade Federal.  Um grupo de pessoas tem cobrado que os projetos e as obras devem ser submetidos às leis e à aprovação do IPLAM. A ZUF não é um território isolado,  integra-se com o restante da malha urbana por cinco vias asfaltadas (Quatro Pilastras, Via Lagos, Vila Gianetti, Acesso pela Funarbe e prolongamento conhecido pela Nova P. H. Rolfs, que se estende até os Cristais). Há outras duas vias em terra e outra planejada (acesso por trás dos alojamentos Pós e Posinho), contempladas pelo Plano de Mobilidade.  O principal acesso não é cercado, possibilita acesso a qualquer cidadão, é um verdadeiro parque urbano, o único da cidade em ótimo estado de conservação.

O campus tem um plano diretor próprio (PDFA) que estabelece diretrizes mais restritivas do que qualquer outra parte da cidade. É uma área linda, limpa, bem conservada, com áreas de preservação ambiental. Os projetos arquitetônicos são analisados e aprovados pela Pró-Reitoria de Administração. São sujeitos à leis, às normas técnicas referentes ao meio ambiente, à vigilância sanitária, à acessibilidade, à segurança e ao combate a incêndio, etc. As obras possuem placas de seus responsáveis técnicos. Do campus, além de um gigantesco conhecimento produzido e de muitos projetos de extensão que atendem Viçosa e região, sai a água para abastecimento da cidade, retirada das lagoas represadas ao longo do curso do ribeirão São Bartolomeu. De lá vêm alimentos, com destaque para o doce de leite mais gostoso do Brasil. O campus sofre o impacto da urbanização com o trânsito que o atravessa, com o aumento da insegurança, com o assoreamento e com a poluição das águas à montante do ribeirão São Bartolomeu.

A atual gestão territorial do campus respeita todas as regras. Infelizmente, nem sempre foi assim. O campus cresceu em função da canalização de cursos d´água e poluiu algumas lagoas. Não podemos concordar com esse dano ao meio ambiente, por isso devemos sim cobrar algumas medidas, como tratamento da poluição dos lagos e do esgoto produzido. Em levantamento feito na Internet, vasculhei planos diretores e leis de zoneamento, não encontrei nenhuma referência sobre o tratamento dado pelos municípios aos campi federais. Além de fazer uma longa busca por vários arranjos de palavras ou termos, procurei em artigos, dissertações e especificamente em cidades que possuem campi, como São Carlos, Belo Horizonte, Florianópolis, Curitiba, Ouro Preto, Juiz de Fora. Exigir que o território federal se submeta às regras municipais é um ponto discutível, a ser tratado entre a Prefeitura e a Reitoria. Na minha opinião, esse assunto não necessita estar presente no Plano Diretor.

Não se trata de desrespeitar Viçosa e seu plano. Afirmo que ainda há muito a ser feito para melhorar a infraestrutura do campus e tratar seus efluentes. É essencial estreitar as relações entre a cidade e a UFV, para discutir assuntos de interesse comum, assim como é necessário avaliar os impactos do crescimento urbano e planejar em conjunto o futuro.

Foto:
https://www2.dti.ufv.br/ccs_noticias/scripts/exibeNoticia.php?codNot=21446


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