domingo, 23 de junho de 2019

UMA SÓ




Artigo publicado no jornal Folha da Mata, em Viçosa-MG, em 21/06/2019

Em recente tentativa de diálogo, o recém empossado reitor, acompanhado por um pró-reitor, esteve na Câmara Municipal, juntamente com gestores do IPLAM. Visitaram a nobre casa para tratar de um novo impasse criado ao plano diretor em tramitação, por alguns vereadores, que seria a suposta ausência da UFV na proposta de lei.  Aparentemente, os visitantes não tiveram uma recepção calorosa. Ao invés de saírem de lá com a disposição mútua para conversação, ficou a impressão de que não há boa vontade, por parte dos edis, no tratamento de assuntos necessários para a convivência.  Creio que foi dado um passo atrás num momento carente de aperfeiçoamento das relações. Viçosa e campus da UFV são um território só. Impossível separá-las.

Em artigo recentemente publicado neste jornal, afirmei que a UFV não é um território isolado, pois integra-se com o restante da malha urbana por cinco vias asfaltadas, que há outras três possíveis novas conexões. Lembrei que a principal entrada não é cercada; possibilita acesso a qualquer cidadão, é um verdadeiro parque urbano. Apontei a existência de um plano diretor do Campus, no qual as regras são mais exigentes que as da cidade e que estas têm sido obedecidas.  Também concluí que é essencial estreitar as relações entre a cidade e a UFV, para discutir assuntos de interesse comum, assim como é necessário avaliar os impactos do crescimento urbano e planejar em conjunto o futuro. Algo meio óbvio, mas pouco desenvolvido pelas gestões de ambas as partes.

Não entendo o porquê de um aparente mal-estar entre a UFV e alguns edis. Há também, repetidamente manifestações de alguns moradores, que dizem que a UFV é um mal para Viçosa. Isso é ridículo. A coexistência deveria ser sempre celebrada. Uma é a razão da existência de outra. O que acontece na UFV reflete na cidade, na sua economia, nas demandas por moradia, por alimento, por lazer e por saúde. É claro que o aumento do número de cursos traz mais gente e mais automóveis para a cidade. Traz mais barulho dos universitários e reclamações sobre as condições de infraestrutura.  No entanto, traz mais vida, renovação, alegria dos estudantes e a satisfação dos não nativos que optam por vir morar aqui.  A qualidade de vida daqui é muito boa para morar, para criar e educar os filhos.  Morar em Viçosa, para mim e para vários outros, é motivo de gratidão e de orgulho. 

É preciso diplomacia, boa vontade para resolver os pontos que por ventura precisem de ajustes. Não é levantando muros entre as duas grandes partes da cidade que se avança. Viçosa e Campus da UFV são indissociáveis. É preciso tratar o futuro conjuntamente. Peço aos vereadores que não fechem as portas para quem está disposto a conversar. Peço aos gestores da UFV que insistam em dialogar com a câmara, assim como com a prefeitura, para aprimorar a convivência. Há assuntos importantes a serem tratados e aperfeiçoados, como o plano diretor, o plano de mobilidade, o enorme conjunto de ações comuns de extensão. Viçosa é um rico laboratório para pesquisas; um rico local de encontro de pessoas de todas as partes do mundo; um rico local de trocas de experiências; um rico e digno lugar para viver.

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