Há alguns anos, uma grande quantidade de alimentos começou a ser produzida em plena área urbana, em estruturas chamadas fazendas urbanas. Essas estruturas são também conhecidas como fazendas verticais ou hortas verticais – que economizam espaço, energia, água (em até 95%) e tempo, além de garantirem a produção de alimentos frescos, saudáveis e livres de agrotóxicos. São alimentos orgânicos, produzidos com práticas sustentáveis. Essas fazendas já existem em várias partes do mundo. No Brasil, uma empresa de Curitiba desenvolveu seu próprio sistema de cultivo vertical indoor e fornece parte da sua produção para alguns mercados. Esse sistema já chegou a São Paulo e a Belo Horizonte. Não se trata de uma fazenda tradicional, com cerca, trator ou mesmo terra. Substitui tudo isso por um ambiente urbano com automóveis e prédios, por construções cheias de lâmpadas de LED, prateleiras empilhadas e pessoas trabalhando com toucas, aventais e protetores de calçados, em um ambiente asséptico.
A concepção da fazenda vertical (urbana) foi do professor Dr. Dickson Despommier, da Universidade de Colúmbia (EUA), quem teve a ideia de transformar centros urbanos em ambientes mais verdes e com maiores potenciais, onde seja possível plantar, cultivar, colher e servir à população tudo em uma mesma estrutura. Grandes prédios passariam a incorporar a ideia da produção de alimentos. São muitas vantagens incorporadas: redução de gastos com logística e transporte da colheita; aumento da disponibilidade de área cultivável; melhoria da qualidade do ar urbano servindo de “mini pulmões”. Segundo o Professor Despommier, um prédio de 30 andares é o suficiente para alimentar dez mil pessoas.
O nome também é dado a edifícios e a espaços urbanos que estão sendo repensados e reutilizados para a produção agrícola, sempre com ajuda da tecnologia disponível. Vários desses edifícios são verticais, com a adoção de culturas hidropônicas. Têm com características o uso de algumas das técnicas como a iluminação artificial, o controle da temperatura, o reaproveitamento da água da chuva e a compostagem. Adotam a produção de energias alternativas como a fotovoltaica, biogás ou eólica. As fazendas urbanas podem fornecer um estoque constante de produtos frescos, inclusive peixes, aves e pequenos animais criados em pequenos espaços. Essas fazendas podem ser grandes ou pequenas, produzem alimentos alternativos como brotos; podem produzir flores e o que a criatividade alcançar. Podem ajudar a melhorar as dietas e a tornar o abastecimento de alimentos de uma cidade mais seguro. Encurtam caminhos e intermediários, reduzem drasticamente os desperdícios.
Essas fazendas urbanas favorecem a ocupação de vazios urbanos e algumas partes de áreas de preservação ambiental, o que permite com que áreas ociosas da cidade possam cumprir uma função social. Ocupam espaços onde havia especulação, empecilhos legais ou abandono, além de gerar empregos. As pessoas podem visitar as plantações e ter contato direto com os alimentos que consomem e com os produtores locais. Fazendas urbanas são uma excelente aposta para o futuro. Não resolvem o problema da alimentação em grande escala, mas equilibram e garantem alternativas para a alimentação saudável para todas as camadas da população. Desejaria vê-las presentes em todas as cidades.
Foto: https://metaphysicsspeaks.com/?p=6830
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