Escrevo este artigo em casa, cumprindo quarentena juntamente com minha esposa. Minhas filhas moram em Juiz de Fora, portanto, estamos fisicamente isolados, e os contatos têm sido de forma virtual. Quantos milhões de pessoas estão nessa situação? Quantos outros milhões estão em situação mais desesperadora? Estamos apenas no começo de uma situação que não imaginamos como vai desdobrar e terminar. Cada um de nós está preocupado e ansioso com o futuro. Estamos com medo, rezando, orando, meditando ou torcendo para que os danos sejam os mínimos possíveis. Estamos com preocupação de como vamos nos sustentar com a economia em recessão.
Acompanhamos as notícias com atenção. Temos orientações de como lidar com essa situação única. Infelizmente, há notícias falsas, curas milagrosas, teorias da conspiração e, mais uma vez, o acirramento do ódio. Assistimos com consternação às estatísticas de contágios e de mortos e, com horror, à postura dos grandes líderes neopentecostais ao desdenharem do poder desse novo vírus. Por outro lado, assistimos com alento às iniciativas de ajuda e dos esforços dos profissionais da saúde e da limpeza urbana. Devemos sinceros agradecimentos a eles, os que correm mais riscos para tratar dos pacientes e de nossos lixos.
Governadores e prefeitos estão tomando as medidas duras, mas necessárias. No governo federal, apesar do presidente, felizmente há um grupo de competentes técnicos no Ministério da Saúde. Mas esses profissionais devem estar sofrendo pressões pesadas por parte de quem nesses deveriam confiar. Assistimos com estupefação às atitudes repetidas do governante maior dessa nação, as quais prejudicam em muito, tanto pela postura irresponsável no que se refere à pandemia, quanto no prejuízo à imagem do país, ao repelir qualquer chance de passarmos confiança para investidores estrangeiros. Um governo que não governa, apenas atribui a culpa aos órgãos internacionais, aos órgãos não governamentais, aos ex-governantes, aos governantes de países desenvolvidos, aos professores, aos cientistas, aos meios de comunicação que não estão alinhados com ele. Enfim, para o presidente todos estão errados e conspiram contra o governo. A recente estratégia do capitão é esquizofrênica, ao apostar alto nos dois lados. É cruel e absurda, com consequências ainda mais imprevisíveis. O governo toma uma decisão junto à equipe econômica e insufla o povo à desobediência civil, com argumentos sem nenhum fundamento científico. Também soa mal a postura de alguns políticos de acharem que uma ou outra figura está aparecendo demais e que isso pode atrapalhar suas expectativas políticas para as próximas eleições.
Vivemos um tempo de extremos, de panelaços contra o governo e de aplausos para os profissionais da saúde. As ações do Estado têm de ser firmes e unidirecionais para minimizar as consequências dessa pandemia. Não há decisões fáceis. Devemos sempre ficar do lado da ciência. É tempo de ter serenidade, compreensão, calma e de cada um fazer sua parte. É preciso acompanhar a situação, ser criativo em como lidar com o dia a dia. É tempo de refletir sobre nossas vidas e sobre o que devemos fazer melhor; um tempo para repensarmos nossos futuros individual e coletivamente. Realimentar o ódio e infringir as recomendações dadas e medidas cautelosas adotadas pelo mundo inteiro só podem piorar a situação. Estratégias divergentes não ttraz vencedores. Oxalá o mundo saia melhor dessa crise?
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