05 junho 2011

Gentilezas urbanas


O mundo nos apresenta cada vez mais contrastes enormes entre as paisagens das cidades. Em filmes e reportagens recentes vemos, em cidades espalhadas mundo afora, obras fantásticas e bilionárias, símbolos de riqueza e do que a tecnologia já possibilita. São também símbolos do domínio do planejamento econômico, do capital, sobre o planejamento urbano tradicional. No Brasil, o melhor exemplo é o que acontece com as cidades que sediarão os jogos da Copa e com o Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas de 2016. As grandes empreiteiras, oportunistas, ditam as regras, sem chances ao planejamento correto e à participação dos técnicos e da população. Arrecadam fortunas para elas e para as campanhas e patrimônios dos políticos que as apóiam. O custo social é enorme.


Em meio a tanto joio, vamos encontrar um pouco de trigo. Foto Ítalo Stephan, 2011

Por outro lado, à nossa volta multiplicam-se construções de concepção e concretização medíocres, feitas, sua maioria apenas para permitir o aumento do patrimônio pessoal. Projetos arquitetônicos e estruturais são pessimamente remunerados e isto influencia na qualidade dos projetos e obras. O direito de propriedade, tão arraigado nos brasileiros, faz com que permaneça a idéia de do direito de que tudo pode ser feito para que se aproveite o máximo possível do terreno, não importa o que isto influencie nos vizinhos e na cidade. Nas áreas valorizadas tudo vale.


Com isto, as nossas cidades estão a cada dia piores, insalubres, barulhentas, congestionadas, feias, injustas, insustentáveis. A ganância e miopia de alguns levam a constantes alterações das regras de construção apenas por motivos econômicos pontuais e atropelam quaisquer chances de ocorrer algo criativo, novo, preocupado com alguma coisa além dos limites dos lotes. Há pouco lugar para o que chamamos de gentilezas urbanas. Quando ocorrem, é preciso mostrar, é preciso divulgar. Se procurarmos, vamos achar!


O prêmio lançado pelo IAB-MG é um ótima iniciativa para divulgarmos.

Um comentário:

  1. É, sem dúvida, um cenário desalentador o que chamamos hoje de "cidades". Nelas excrescências pra tudo quanto é gosto e mal gosto brotam como praga na lavoura. Afinal, a maior parte do que vemos por aí é "investimento". Então: dane-se o mundo. O que importa mesmo é se o lucro do meu rico dinheirinho estiver assegurado. E isso, ao que tudo indica, parece estar... Paulo Tadeu

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