19 julho 2012

O PLANEJAMENTO URBANO E AS REDES SOCIAIS

Artigo publicado no Tribuna Livre em 18 de julho de 2012


Não se discute que o poder das redes sociais é enorme. Entretanto, há nelas um  potencial ainda a ser explorado. Teremos um bom teste agora com as eleições. Por um lado, enquanto os candidatos inundarão nossos computadores, o que será muito inconveniente, com propagandas, as discussões poderão ser decisivas na hora de colocar um ou outro político no poder. Uma experiência ainda em andamento na rede social mais conhecida é o que ocorre com um grupo formado com o nome “Plano Diretor de Luz”.

O processo de elaboração de um plano diretor tem como essência a participação da população. Na recente experiência do município de Luz, de 18.000 habitantes, foram cumpridas todas as exigências referentes à realização das consultas à população. Foram observadas as condições de publicidade e prazos quanto a editais com o cronograma das reuniões públicas nas diversas partes da cidade e do município. Foram usados vários meios para convidar a população: carros de som, notícias nos jornais da cidade, programas de rádio, mosquitinhos distribuídos aos estudantes, distribuição de folderes explicativos e de cartazes colocados em todas as instituições e pontos comerciais. Foi oferecido um curso de capacitação. Membros da equipe de elaboração do plano bateram de porta em porta, convidando as pessoas a participar das reuniões. O resultado da participação foi muito tímido. Houve reuniões com 2, 5, 10 pessoas. Eis a dificuldade observada: em uma cidade em que não há problemas gritantes de infraestrutura urbana, oferta de serviços de saúde, educação e assistência social, as pessoas se acomodam e não se interessam por essas questões.

Como alcançar a um maior número de pessoas tornou-se um grande desafio. Eis que surgiu uma oportunidade com a rede social. A inspiração veio de uma rede bem sucedida – Pró-Cruzília -  criada por um Arquiteto e Urbanista da cidade de Cruzília, insatisfeito com a forma com o planejamento urbano está negligenciado. A criação do grupo “Plano Diretor de Luz”, em poucos dias levou mais de 800 pessoas a fazer parte dele. Atingiu-se a uma camada da população que tem acesso à internet e é predominantemente jovem. Infelizmente, outras camadas sociais podem permanecer excluídas. Ao mesmo tempo, no conforto à frente de um teclado, as opiniões começaram a surgir. Importante ressaltar que o grupo é formado por cidadãos de Luz que podem ou não estar na cidade, o que trouxe à discussão questões como a falta de perspectivas e oportunidades que expulsa os nativos ou não atraem as pessoas de volta à cidade. O grupo foi constantemente motivado a fornecer opiniões, com o estímulo de  respostas às indagações, a inserção de sugestões de temas, matérias de jornais, artigos em sites e legislação como o Estatuto da Cidade. O nível de discussão se manteve bom, sem agressões, focado nas preocupações e potenciais.

A participação dos membros do grupo da rede social é uma experiência importante. O número de participantes virtuais superou ao dos que estiveram nas reuniões. A qualidade das opiniões adicionou amplitude às questões. O grupo ficará aberto para nele serem postados os resultados das reuniões públicas e para obter novas opiniões a respeito das propostas a serem desenvolvidas para o plano diretor. Em tempos em que a participação presencial é reduzida,  as redes dão um alento e suporte ao planejamento urbano

Um comentário:

  1. Viçosa também precisa de uma ideia assim! Mas um grupo desse tipo tem que ser criado pela prefeitura.

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