Texto publicado no jornal Tribuna Livre, Viçosa- MG, em 12 de agosto de 2015
A
questão do abastecimento da água em Viçosa é realmente séria.
Temos restrições físicas e limitados recursos. Temos dois
mananciais cujas produções de água estão no limite para abastecer
uma população que não vai parar de crescer nas próximas décadas.
Temos de contar apenas com os ribeirões São Bartolomeu e o Turvo
Sujo. Os custos de buscar água em outro manancial, como o Mainart,
são absurdamente caros. Não há, em curto prazo, como aumentar a
produção de água, embora seja possível, com um prazo maior e com
um grande conjunto de ações de recuperação de nascentes e
incentivos financeiros aos produtores de água. Antes disso é
preciso parar de comprometer nossas escassas fontes. Temos um lençol
freático limitado, portanto, furar mais poços artesianos não
resolve. É como colocar mais canudos em um mesmo copo de água, o
líquido só vai acabar mais depressa.
Para
garantir a produção de água é fundamental implantar um conjunto
de ações. A primeira é garantir a produção de água nos
mananciais permanentemente ameaçados por intervenções desastrosas,
tais como as ocupações em áreas de proteção permanente e os
desmatamentos e aterros de várzeas. Soma-se a isso o risco da
construção do mineroduto. É necessário, além de urgente,
proteger as nascentes e margens dos cursos. É preciso melhorar a
rede de ligação entre as adutoras que saem das duas estações de
tratamento de água, com redes de tubulação de maior diâmetro, o
que custa alguns milhões de reais. Outra proposta é a de que seja
exigida a construção de reservatórios de água de chuva em prédios
ou a construção de coberturas verdes, o que depende de
regulamentação e só terá efeitos em médio prazo. Construir mais
represas ao longo dos nossos córregos também seria outra opção,
mas é um processo longo, depende de estudos de impactos ambientais,
envolve custos e abrange terras particulares.
Chegamos
ao limite da sustentabilidade. Estudos desenvolvidos pela UFV
demonstram claramente que a legislação atual permite um adensamento
populacional nas áreas centrais maior que o exequível para o
abastecimento de água. É portanto, uma questão que deve ser
urgentemente revista. Outros estudos preveem um contínuo aumento
populacional, enquanto não há como produzir mais água nas
condições atuais. É indiscutível a relevância e a necessidade de
políticas públicas que garantam a segurança hídrica, através de
mecanismos que viabilizem fornecimento água, em quantidade e
qualidade, para atender demandas hídricas das atividades humanas.
Viçosa precisa, mais que nunca, de uma corajosa atitude política e
de ações técnicas, como a implantação do Plano de Saneamento
Básico; a criação de áreas de proteção permanente e o
cumprimento da legislação urbanística e ambiental. É essencial
ter à uma forte fiscalização em todo o município. A situação
tende a se agravar em poucos anos e isso só será evitado com
planejamento e se as medidas começarem a ser feitas em curtíssimo
prazo. Não dá para ficar contando com uma recuperação do déficit
de água com muitos anos com chuvas acima da média. Não há nenhum
São Pedro ou El Niño que resolva esta questão. Hora de agir em
várias frentes.
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