terça-feira, 18 de agosto de 2015

A QUESTÃO HÍDRICA EM VIÇOSA


Texto publicado no jornal Tribuna Livre, Viçosa- MG, em 12 de agosto de 2015

A questão do abastecimento da água em Viçosa é realmente séria. Temos restrições físicas e limitados recursos. Temos dois mananciais cujas produções de água estão no limite para abastecer uma população que não vai parar de crescer nas próximas décadas. Temos de contar apenas com os ribeirões São Bartolomeu e o Turvo Sujo. Os custos de buscar água em outro manancial, como o Mainart, são absurdamente caros. Não há, em curto prazo, como aumentar a produção de água, embora seja possível, com um prazo maior e com um grande conjunto de ações de recuperação de nascentes e incentivos financeiros aos produtores de água. Antes disso é preciso parar de comprometer nossas escassas fontes. Temos um lençol freático limitado, portanto, furar mais poços artesianos não resolve. É como colocar mais canudos em um mesmo copo de água, o líquido só vai acabar mais depressa.

Para garantir a produção de água é fundamental implantar um conjunto de ações. A primeira é garantir a produção de água nos mananciais permanentemente ameaçados por intervenções desastrosas, tais como as ocupações em áreas de proteção permanente e os desmatamentos e aterros de várzeas. Soma-se a isso o risco da construção do mineroduto. É necessário, além de urgente, proteger as nascentes e margens dos cursos. É preciso melhorar a rede de ligação entre as adutoras que saem das duas estações de tratamento de água, com redes de tubulação de maior diâmetro, o que custa alguns milhões de reais. Outra proposta é a de que seja exigida a construção de reservatórios de água de chuva em prédios ou a construção de coberturas verdes, o que depende de regulamentação e só terá efeitos em médio prazo. Construir mais represas ao longo dos nossos córregos também seria outra opção, mas é um processo longo, depende de estudos de impactos ambientais, envolve custos e abrange terras particulares. 
 
Chegamos ao limite da sustentabilidade. Estudos desenvolvidos pela UFV demonstram claramente que a legislação atual permite um adensamento populacional nas áreas centrais maior que o exequível para o abastecimento de água. É portanto, uma questão que deve ser urgentemente revista. Outros estudos preveem um contínuo aumento populacional, enquanto não há como produzir mais água nas condições atuais. É indiscutível a relevância e a necessidade de políticas públicas que garantam a segurança hídrica, através de mecanismos que viabilizem fornecimento água, em quantidade e qualidade, para atender demandas hídricas das atividades humanas. Viçosa precisa, mais que nunca, de uma corajosa atitude política e de ações técnicas, como a implantação do Plano de Saneamento Básico; a criação de áreas de proteção permanente e o cumprimento da legislação urbanística e ambiental. É essencial ter à uma forte fiscalização em todo o município. A situação tende a se agravar em poucos anos e isso só será evitado com planejamento e se as medidas começarem a ser feitas em curtíssimo prazo. Não dá para ficar contando com uma recuperação do déficit de água com muitos anos com chuvas acima da média. Não há nenhum São Pedro ou El Niño que resolva esta questão. Hora de agir em várias frentes. 
 

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