Texto publicado no jornal Tribuna Livre, Viçosa-MG de 15/06/2016
Há, indiscutivelmente, uma falta de educação geral no trânsito. Motoristas, ciclistas e pedestres cometem erros que trazem riscos desnecessários a todos; provocam ou se envolvem em acidentes com consequências sérias. Há motoristas que param em fila dupla; entram na nossa frente sem sinalizar; ignoram quem está nas rotatórias e transitam falando ao celular. Há aqueles desqualificados que estacionam em vagas para pessoas com deficiência. Dirigem com o braço para fora dos veículos, param em fila dupla sem se importar com a interrupção do trânsito, jogam bingas, papéis, latas na rua como se ela fosse uma cesta de lixo. Desobedecem à sinalização quando presumem não ser nada demais; são multados mas não reconhecem os erros; xingam e fazem gestos obscenos várias vezes: os errados sempre são os outros.
Nas ruas, não há um só dia em que não levamos susto ou damos susto em algum motoqueiro! A agilidade lhes dá erroneamente a ideia de que podem andar a altas velocidades na área urbana. A mesma propriedade também não lhes dá o direito de ultrapassar pela direita, fato que se tornou corriqueiro. No automóvel, por mais precavidos que sejamos, por mais atentos que estejamos, as motos aparecem à nossa frente em frações de segundos. E tome xingamentos!
Um outro exemplo da falta de respeito no trânsito é que nos semáforos é possível afirmar que, em pelo menos uma a cada três vezes em que um sinal fica vermelho, por ele avança um veículo apressado, na maioria das vezes motocicletas. A mesma proporção serve para afirmar sobre os que avançam antes de o sinal abrir. Ainda sobre os semáforos, é notável o pouquíssimo tempo deixado para a travessia de pedestres em alguns cruzamentos, o que expõe pessoas com mobilidade reduzida a riscos de atropelamentos por parte dos motoristas mais afobados.
Há pessoas que gostariam de andar de bicicleta, mas têm medo de fazê-lo nas nossas ruas. Não há ciclovias ou ciclo faixas. Há também ciclistas que desrespeitam as normas do bom senso e do trânsito, criando a toda hora desnecessárias situações de perigo. Os pedestres são muitas vezes afoitos quando se jogam imprudentemente nas faixas de travessias. É comum um automóvel parar antes da faixa, mas, por trás, vir um motoqueiro que não respeita pedestres. Para sua segurança, é preciso que parem, olhem, sinalizem que pretendem atravessar, aguardem que os veículos os deixem passar.
Não sei se adianta muito, mas não há, em Viçosa, na área urbana, placas de limites de velocidade. A simples sinalização pode não resolver muito, pois poucos a obedecem. A falta dela estimula o aumento da velocidade. Seria também uma referência, se houvesse fiscalização. É necessário que existam campanhas permanentes de educação para o trânsito, tanto para os condutores de veículos, quanto os pedestres. Há poucos anos funcionava assim, os moradores de Viçosa eram reconhecidos como educados no trânsito. Depois da instalação dos semáforos, houve um relaxamento da boa educação. Falta-nos cultura, civilidade, tolerância, alteridade, prudência e respeito, exercendo o papel de pedestre, ciclista, motociclista ou motorista.
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