segunda-feira, 28 de maio de 2018

NOJO

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Artigo publicado no jornal Folha da Mata, em 23/05/2018


Difícil saber por onde começar. Não é minha praia escrever sobre isso. Mas preciso escrever. Então, vamos lá. Desculpem-me pelos inúmeros chavões que usei. Estou confuso, estamos confusos sobre estes tempos. Não podemos ter certeza de nada do que despejam nas redes sociais ou nos noticiários da mídia cúmplice. Somos soterrados por notícias sobre violência e principalmente sobre corrupção.  Estamos divididos, estamos radicalizados, estamos brigando entre nós, e é isso que os políticos e seus poderosos aliados querem.

Vivemos numa sociedade em que o ódio está sendo cada vez mais acirrado. Não acredito que alguém em sã consciência tenha uma visão clara da realidade, que tenha a certeza das coisas, divididas e embaralhadas pelas ideologias. Não há quem não esteja confuso nesta festa podre. Da “missa” não sabemos a metade. Quem afirmar o contrário precisa refletir muito, pois o jogo, o teatro que tentamos entender é para realmente nos confundir. Ah! quanto não daria para entrar na cabeça de alguns políticos e juízes para tirar alguma certeza. 

Como acreditar nos juízes que prendem os de um lado e vão em festanças com outros? Como acreditar na justiça que deixa livre traficantes de influência, de drogas e de armas? Como não ter náuseas quando vemos descobertas as ações dos doleiros (que “profissão” horrorosa!) lavando caminhões de dinheiro para os políticos e fugindo do país em cruzeiros de luxo. Como não ter ojeriza pelos patrões espertos que não registram carteira dos empregados? Como não se indignar com “empresários” que fazem manobras contábeis para não pagar impostos e ainda se gabam disso?

Nossos dias são aqueles em que grupos religiosos mantêm seus rebanhos alienados das coisas políticas para coagirem a votar em nome de candidatos que pregam a pena de morte, a segregação e o machismo. Candidatos esses que se apresentam como se fossem capazes de gerir um pais do nosso tamanho. Não, não são! O governo federal vem cortando verbas para as universidades públicas e agências de fomento à pesquisa, empurrando a qualidade do ensino para baixo, comprometendo ainda mais o nosso pequenino papel na ciência do mundo.

Não me iludo que com os atuais políticos com cargo farão tudo que puderem para serem reeleitos ou apoiarão candidatos que os protejam quando perderem esse nojento foro privilegiado. Sempre jogaram sujo e não vão parar fazê-lo. Quando puderem rirão de nós, simples mortais. Os atuais governantes seguram recursos de forma ilegal ao não os repassarem para os estados e municípios, a fim de conseguirem votos para seus correligionários com os insatisfeitos. Isso atrasa salários e a aplicação das verbas nas áreas essenciais, mas não desobriga os assalariados de pagar suas contas em dia. É uma vergonha!

Difícil saber como atravessaremos os próximos meses, pois as nuvens do horizonte estão carregadas, ameaçando temporais e desastres. Não tenhamos a certeza de nada. Não coloquemos a mão no fogo por ninguém. É preciso tentar tirar dessa situação uma posição que aponte alguma esperança, mas, atordoados como estamos, poderemos fazer a festa da corrupção continuar, e quem vai rir, quem vai “dar banana” não seremos nós.


Um comentário:

  1. É triste, Ítalo! Me sinto como vc. A gente tem que ter alguma esperança!

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