20 maio 2018

TEMPOS MAL SERVIDOS


Artigo publicado no jornal Folha da Mata, em 17 de Maio de 2018

Não é muito sobre esse tema que costumo escrever, mas tem me incomodado, assim como acredito que incomode a muita gente. Trata-se do tratamento recebido quando precisamos do atendimento das pessoas, seja no comércio ou, principalmente na prestação de serviços. É claro que há exceções, mas são cada vez mais exceções apenas.

Está cada vez mais comum entrar numa loja qualquer sem que um vendedor se apresente e se disponibilize para nos atender. Em geral, eles permanecem batendo papo com os colegas ou focados nos seus inseparáveis celulares. Parece que os incomodamos, que estamos ali fazendo o favor de tentar comprar alguma coisa, mas só conseguimos quando eles estiverem dispostos a nos atender. É assim também quando precisamos dos serviços de costura, reparos, consertos ou de informações em consultórios. Parece que ficam aliviados quando vamos embora sem o atendimento, pois eles estão ali para coisas mais importantes que os clientes. Às vezes quase imploramos para que percebam nossa presença. Percebemos que não há interesse em nos ajudar, em dar opções ou sugestões. Se o que procuramos não tem, pronto, não tem, caiamos fora, pois estamos os atrapalhando!

A parte mais grave ocorre com os prestadores de serviços autônomos. Desde médicos, arquitetos, dentistas até costureiros, pintores, marceneiros, mecânicos, bombeiros ou jardineiros. Quando conseguimos contato, o tempo que levamos desde a solicitação até o atendimento é enorme, recheado de desculpas, adiamentos ou serviços colocados à frente dos nossos pedidos. Há uma conhecida e grave discriminação nos serviços de saúde, quando o serviço é atendido de forma muito diferente se feito sob atendimento particular, sob convênio ou sob INSS. Arquitetos ou engenheiros demoram em apresentar seus projetos. Advogados chegam a nos fazer a perder causas quando querem abraçar o mundo, na busca de arrumar mais e mais clientes. Custa-nos achar autônomos disponíveis para reparos em nossas roupas, carros ou casas. Esse atendimento que pode levar meses até chegar a nossa vez e, quando acontecem, se feitos de forma apressada ou mal entendida, pode nos trazer prejuízos.

Por muitas vezes permanece o silêncio, a falta de satisfação. Por muitas vezes temos um serviço malfeito ou em desacordo com o que pedimos, por causa do atendimento feito às pressas, sobre nossa pressão, com mau humor. Essa postura precisa mudar, pois ela leva qualquer atividade à falência, portanto acaba com empregos. Pior que há pessoas que parecem não se importar com isso. Há órgãos públicos que dão consultorias e treinamentos ao comércio e serviço, como o Sebrae, mas o que vivemos é uma lástima.

Donos de lojas, funcionários, especialmente autônomos, lembrem que vocês precisam dos consumidores. Sem clientes, vocês fecharão as portas ou serão esquecidos. Atender bem é uma atitude que serve para todos nós, pois dependemos uns dos outros. Atendamos melhor, usemos de sinceridade quando estivermos com agenda cheia, respeitemos horários, sejamos, honestos, prudentes, esforcemos para ser mais competentes, que muita coisa melhora.

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