Temas de discussão: Arquitetura e Urbanismo. Planejamento Urbano. Patrimônio Histórico. Futuro das cidades. Pequenas e médias cidades. Architecture and Urban Planning. Heritage. The future of the cities.
29 março 2024
"NOVA" AVENIDA P.H. ROLFS
23 março 2024
PUPA DE VENTO EM POPA
INSISTENTE, IGNORANTE REPETIÇÃO
Todos os anos e, considerando o agravamento das condições meteorológicas, vêm tragédias anunciadas: temporais, enchentes, deslizamentos, prejuízos econômicos, mortes.
Muitas evitáveis.
16 março 2024
ALCÁZAR DE SEVILHA
CIDADE VERTICAL
A partir do Censo de 2022, um levantamento divulgado na mídia identificou Viçosa como a sexta cidade “mais vertical” do país e a primeira de Minas Gerais. Essa característica apontou que quase 41,6% da população local mora em apartamentos (31.724 pessoas), enquanto 56,59% habitam em casas (43.076 pessoas) e 1,6% em casas de vila ou condomínios (1.144 pessoas). O estudo não inclui prédios de uso institucional e comercial (escritórios, consultórios), normalmente verticalizados. Então, o que significa isso? Essas estatísticas revelam pontos positivos ou negativos?
Primeiramente, a verticalização é um processo sem volta e pode ser bom para as pessoas e para as cidades. É um processo que, se bem planejado e se seguir todas as regras do uso do solo, não gera problemas e atende a maioria da população. Sob o ponto de vista ambiental, uma maior densidade habitacional é positiva, pois concentra a população e evita uma dispersão horizontal em direção às áreas rurais, onde estão os mananciais, as matas e a produção agropastoril. Mais gente morando próximo significa otimização da infraestrutura de saneamento, de iluminação pública, do transporte coletivo, da localização do comércio e de postos de empregos; sem contar permite menores deslocamentos a pé. No entanto, a densificação deve ser bem planejada, de forma a não ultrapassar a capacidade de suporte da infraestrutura; lembrando que já estamos passando do limite nesta questão em Viçosa.
Podem-se destacar alguns aspectos prejudiciais da verticalização. Há um processo cíclico comum: o custo do solo é alto. Por ser alto, só compensa com a construção de muitas unidades residenciais; por permitir muitas unidades, o preço do solo aumenta. Isso expulsa muita gente para a periferia. A verticalização gera conflitos, como a perda da identidade cultural e o desaparecimento de bairros tradicionais. É necessário dosar essa capacidade de suporte, com uma densidade habitacional adequada. Uma vez ultrapassado esse equilíbrio, surgem problemas como congestionamento, poluição sonora e do ar; ilhas de calor e sombreamento; perda de ventilação e canalização de ventos. É necessário garantir que determinadas condições da via comportem acréscimo de população e suas necessidades de circulação e de transporte. É necessário prestar atenção na impermeabilização do solo e no destino das águas pluviais. Há leis para isso. Deverá haver, também, incentivos para a coleta de águas pluviais, mais áreas de jardins e quintais; hortas urbanas e jardins verticais.
Portanto, a verticalização pode ser um fator positivo, mas não é o único processo que ocorre nas nossas cidades. Simultaneamente ao adensamento em áreas mais centrais, há uma forte expansão horizontal em direção às áreas rurais, que vem desmatando, assoreando os cursos d’água, expulsando moradores para terras baratas e sem infraestrutura. Condomínios horizontais fechados e chacreamentos em áreas atraentes e valorizadas alteram o uso do solo rural para urbano.
As consequências de uma falta de controle e de fiscalização dessa expansão são o aumento insustentável da demanda por atendimento em infraestrutura, coleta de lixo, transporte público, policiamento, o aumento da necessidade de deslocamentos por automóvel etc. O grande desafio é promover a sustentabilidade das cidades. Com um planejamento adequado, aqui incluo, com vontade política, a verticalização, já que é inevitável, pode avançar com os devidos cuidados, a horizontalização precisa ser controlada.