30 maio 2024

NO INSTAGRAM

 



A partir de agora, o PPG.au está  no Instagram. Posts frequentes para divulgar o que houver de novo com estudantes e docentes, eventos e produções.

https://www.instagram.com/p/C7hqTjdvdIW/?igsh=MWY0ZGpuMTExMm5rNg==

19 maio 2024

CAMINHOS OPOSTOS



Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 16 de maio de 2024.

Estamos vivenciando mais uma tragédia ambiental a superar em amplitude as demais como as de Petrópolis (2022, com 235 mortes), Região Serrana do RJ (2011, com 900 mortes) e litoral Paulista (2023). Desta vez atingiu, com uma força inédita, gigantesca, praticamente um estado inteiro, e os prejuízos, as mortes e as consequências ainda estão sendo contabilizados. Ainda temos de engolir absurdos. Não, não foi o show da Madona (acusada de satanista) o culpado pelo que aconteceu no Rio Grande do Sul. Não foi a ira do demônio que ocasionou tantos dramas; foi a contínua teimosia e a ignorância dos humanos que potencializaram os estragos. 

Mais uma vez, após cada tragédia, os telejornais inundam seus horários com opiniões de especialistas da área ambiental, da engenharia ou do planejamento urbano. Esses especialistas são muitas vezes vistos como curiosidades, cientistas folclóricos, ecochatos, inteligentes, mas um tanto exagerados. Esses vêm repetindo, sem serem levados a sério, sobre a falta planejamento, de controle do uso do solo e da falta de fiscalização; apontam a existência de leis e, ao mesmo tempo, a negligência irresponsável dos governantes. É um ciclo ininterrupto: tragédia, opiniões dos especialistas, esquecimento, volta ao normal... tragédia, opiniões dos especialistas, esquecimento, volta ao normal...

O país tem um aparato legal desde 1965, com o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965), alterado pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que possibilitou uma perigosa flexibilização da legislação ambiental. As modificações na nova redação tiveram nítido caráter de abrandamento da preservação ambiental e de satisfação aos interesses econômicos. Consequentemente, tais alterações tornam significativamente mais vulneráveis as áreas de preservação permanentes – APPs - situadas em zonas urbanas. Essas APPs, que determinam a proteção dos cursos d’água, são ignoradas; as cidades crescem sem respeitá-las, eventualmente com uma ou outra inundação, logo esquecida pela população, pelos prefeitos e pela imprensa. Basta abrir o Google Earth e ver como nossas cidades cresceram às margens dos rios, às vezes, estrangulando-os, escondendo-os sob ruas e construções. Nossa ampla legislação urbanística (lei Federal 6766/79, planos diretores, leis de uso do solo, códigos ambientais) são sistematicamente reféns de um falso progresso.

Enquanto as tragédias ambientais aumentam em número e intensidade, como alertam os especialistas, em direção oposta estão os legisladores e gestores dos municípios. Esses comandam alterações nas leis de forma a permitir a invasão dos leitos dos cursos d’agua pelas construções; eliminam a exigência de preservar os topos de morros.  Esses são caminhos suicidas, abomináveis, que custarão caro. Se insistirem nessas direções serão os responsáveis por tragédias com mortes. A natureza, alterada pela ação humana, vai continuar a responder por isso. Essa flexibilização inacreditável das regras ambientais vai matar cada vez mais gente. Governantes, por favor levem os especialistas a sério, considerem seus conhecimentos para serem aplicados na prevenção, no planejamento, porque a natureza machucada como está não vai dar trégua. Onde será o próximo “Rio Grande do Sul”. Não se sabe, mas ele vai acontecer. Meus sentimentos ao gaúchos, que eles se recuperem e reconstruam seu estado de forma preparada para enfrentarem o radical novo normal. E que nós, que escapamos desta vez, aprendamos com a sábia ciência.


13 maio 2024

ARQUITETURA E FILOTAXIA



Protótipo de torre imita plantas.

O arquiteto Saleh Masoumi, do Verk Studio, no Irã, propõe uma nova solução para arranha-céus residenciais. Seus projetos utilizam a estrutura semelhante às plantas vivas para fornecer unidades vivas/de trabalho que fornecem “quintais” para cada unidade individual. 

Conhecidos como filotaxia na botânica, os padrões básicos das folhas podem ser opostos ou alternados em espiral ao redor do caule da planta. 

Masoumi empresta essa ideia para sua visão de unidades de apartamentos que se projetam em espiral a partir de um núcleo de serviço, ou haste. 

Cada unidade tem dois andares, sendo o nível superior composto por um pátio externo com vegetação. 

Tradução minha.

Ver artigos e fotos:

 https://www.solaripedia.com/13/404/phyllotactic_tower_prototype_mimics_plants.html

https://www.e-architect.com/concept/phyllotactic-towers#google_vignette

12 maio 2024

EXTREMA EXTREMA - MG

Extrema-MG, uma das cidades que mais cresceram em população, baseado no Censo de 2022.  
Cresceu 87% e chegou aos 53.482 habitantes


Cortada pela rodovia Fernão Dias, na divisa com o estado de São Paulo. Localização estratégica. 
 Suas principais atividades econômicas são logística e manufatura. O município tem o maior PIB per capita de Minas Gerais e o sexto maior do país.
Imagens Google Earth.

Vejam:https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2023/06/28/polo-e-commerce-e-bairro-mais-longe-de-sp-entenda-por-que-extrema-e-a-cidade-que-mais-cresceu-em-mg-segundo-o-censo-2022.ghtml

PRAÇA FAKE

Praça do "Carandiru", Centro, Viçosa-MG. Um "praça" inacessível, vazia, 

Foi a compensação por canalizar o ribeirão São Bartolomeu e permitir um corredor com 20 metros de largura entre os dois prédios
Acesso restrito, só bate sol ao meio dia.
Fotos Ítalo Stephan, maio 2024.
 

06 maio 2024

EIS QUE RESSURGEM OS ESPECIALISTAS

Imagem Roberto Hüpper

Querem ouvir os especialistas sobre mudanças climáticas?
É só esperar uma nova tragédia que eles serão ouvidos.
Depois tudo passa até a próxima tragédia.
Nos intervalos, cada vez mais curtos, nada será feito.
Até que deem momentaneamente ouvidos aos especialistas, novamente. 
Um ciclo que não vai acabar tão cedo. 
O mundo prá nós humanos pode acabar antes.
 

05 maio 2024

VAZIOS URBANOS


Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, em 2 de maio de 2024.

Vazios urbanos são um enorme problema para nossas cidades. São glebas, terrenos grandes ou edifícios sem uso, sem ocupação ou subutilizados, inseridos em terra urbanizada. Sem uso, esses não cumprem nenhuma das funções sociais da propriedade urbana, que são as de suprir a população com moradia, creche, escola, prédio comercial, praça etc. Os vazios urbanos manifestam-se como processo e resultado da cidade cada vez mais dispersa e segregada, caracterizada por configurar um território descontínuo, espraiado e fragmentado.

A expansão urbana espalhada em fragmentos, nas áreas periféricas e rurais, tem como produto os vazios urbanos, mantidos por uns poucos proprietários e prejudicial para muitos cidadãos. Esse processo insustentável significa uma elevação constante dos custos ao município. Provoca impactos ambientais e sociais, na medida em que as sucessivas transformações de terra rural em urbana exigem maiores recursos ambientais e energéticos. Para o município, os custos de dotação de infraestrutura e transporte são transferidos para os moradores e arcados por toda a população, principalmente, a de menor renda.  No campo social, há o aumento das distâncias a serem percorridas no cotidiano, além do acirramento da desigualdade social, no tocante ao acesso à terra urbanizada.

A quem interessa os vazios urbanos? A maioria desses vazios são resultados de práticas conscientes de especulação imobiliária, uma vez que há infraestrutura próxima (vias em boas condições, iluminação pública, passagem de transporte coletivo) e uma consequente valorização. Essas condições elevam os preços da terra e empurram os que não têm meios de adquiri-la para as bordas da cidade, em terras baratas, sem infraestrutura adequada. Vejam onde foram implantar as moradias do conjunto “Minha casa Minha Vida”, local isolado, desolado, esquecido, que poucos conhecem. Temos na cidade alguns grandes vazios urbanos em áreas centrais, como nos bairros João Mariano (em torno da escola Raul de Leone) e Santo Antônio (entre este e o bairro João Braz) e nas avenidas Brasil (próximo ao Sagrado Coração) e São João Batista (próximo à igreja de mesmo nome). Outros vazios continuam a ser criados, como os entre o bairro Romão dos Reis e o condomínio Vale Real e ao longo da estrada dos Araújos. 

No Estatuto da Cidade há alguns instrumentos urbanísticos de combate à retenção especulativa de imóveis urbanos para lidar com a ocupação dos vazios urbanos, ainda pouco aplicados, embora presentes em quase todos os planos diretores brasileiros. O Plano Diretor de Viçosa de 2023 os inclui. Um desses é o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; o IPTU progressivo no tempo; aplicáveis em áreas definidas no Plano. Outro instrumento é a instituição de Zonas de Especial Interesse Social – ZEIS – para intervir sobre as regras de uso e ocupação do solo e para ampliar o acesso à terra para populações que não encontram esta possibilidade no mercado. Para isso é possível reservar nesses vazios, espaços para habitação de interesse social, de forma a inverter a lógica predominante do zoneamento como reserva de terras. 

Esses são instrumentos importantes para corrigir os vazios urbanos na nossa cidade, mas exigem regulamentação, capacidade técnica e pulso político para terem êxito. A população precisa cobrar e, em casos extremos, precisaremos da parceria com o Ministério Público. São pontos necessários para corrigir injustiças sociais com impactos danosos. Não podemos ter contrastes existentes entre os dos condomínios na região do Acamari e os conjuntos das Coelhas; o Campus da UFV ocupado com áreas enormes vazias.  Aguardo um prefeito com coragem e visão para aplicá-los.  

04 maio 2024

DEZ ANOS

Bairro Jóquei Clube, Juiz de Fora. Em 2023 com grandes conjuntos residenciais de média renda, adensamento visível, se comparado a apenas dez anos atrás.


 

QUINZE ANOS

Bairro São Pedro, Juiz de Fora. 2023
Abaixo, o mesmo lugar, quinze anos atrás. Uso do solo radicalmente transformado.
De granjas, residências unifamiliares e vazios urbanos a superprodução de conjuntos residenciais murados.