Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 26 de junho de 2025.
As cidades, independentemente de seu
porte, são os núcleos urbanos que sediam os municípios. Para este texto,
pequenas cidades são consideradas aquelas com menos de dez mil habitantes. As
dificuldades enfrentadas por esses municípios menores são amplamente
conhecidas: perda ou estagnação populacional, dificuldades orçamentárias,
escassez de pessoal técnico para a administração, limitações no acesso ao
ensino mais avançado, atendimento hospitalar inadequado para casos mais graves,
problemas ambientais, entre outros. As soluções para esses desafios também são
conhecidas, embora pouco aplicadas: maior vontade política para inovar,
ampliação da capacitação técnica, melhoria na motivação dos funcionários,
execução de um planejamento territorial adequado, criação de mecanismos de
controle do ordenamento das construções, aplicação correta dos recursos
públicos, participação em consórcios intermunicipais, etc. Há muito dinheiro
público desperdiçado, como aquele investido em shows de artistas de alto cachê,
em vez de ser aplicado em melhorias duradouras.
No entanto, as pequenas cidades não
vivem apenas de problemas. Muitas apresentam qualidades que acabam por atrair
de volta seus nativos e também visitantes. Oferecem a tão desejada
tranquilidade, maior convivência social, menos violência e mais ar puro. Algumas
cidades bem administradas contam com uma ampla gama de equipamentos de saúde
(unidade mista), assistência social (CRAS, lar de idosos, creches), cultura
(auditório, biblioteca, centro cultural), lazer (praças bem cuidadas e
arborizadas, parques urbanos) e esportes (quadras diversas e campos de
futebol). Esse conjunto, quando bem utilizado, garante boa qualidade de vida
aos moradores. Bem geridos, esses equipamentos públicos abrigam uma convivência
social rica e estimulada. Já ouvi de alguns moradores que preferem o
atendimento ambulatorial local ao das cidades maiores. Mais raramente, há
pequenas cidades que possuem estação de tratamento de esgotos.
Há, portanto, muitos aspectos
positivos nessas localidades. Algumas contam com áreas centrais charmosas e bem
cuidadas, que alimentam a autoestima dos moradores e atraem turistas,
especialmente quando são bem administradas. Cito aqui Treze Tílias (SC); a
florida Domingos Martins, com sua natureza exuberante (ES); e, mais próximas, a
simpaticíssima área central de Rio Novo (MG). Incluo ainda a bem cuidada
Cajuri, ao longo da desativada linha férrea; as bem estruturadas e bem geridas
Canaã e Brás Pires; e o patrimônio arquitetônico e cultural bem preservado de
Itaverava. Todavia, em quase todas essas pequenas cidades, observam-se grandes
áreas alagáveis devido ao desrespeito às áreas de proteção ambiental, além de
periferias negligenciadas, sem acesso à infraestrutura e aos serviços que
deveriam atender a todos.
É preciso, portanto, estar atento
para não perder esses atrativos. O patrimônio arquitetônico tem sido bastante
ameaçado, muitas vezes reduzido a mero cenário para turistas, como ocorre em
Tiradentes. Em outros casos, vem sendo até mesmo destruído — e, com ele,
perde-se também a identidade local, como em Piranga, Pedra do Anta e
Guaraciaba. Os substitutos arquitetônicos, por sua vez, não apresentam boa
qualidade funcional ou estética, fazendo com que as cidades se tornem muito
parecidas entre si. Estão perdendo identidade, tornando-se mais sem graça, mais
feias. O meio ambiente tem sido maltratado pelas ocupações nas margens dos
cursos d’água, nas encostas e nos topos dos morros. Ainda há tempo de preservar
o que há de bom, otimizar o uso da infraestrutura existente, recuperar a
natureza, coibir construções e calçadas prejudiciais à coletividade,
desenvolver as potencialidades locais e embelezar as pequenas cidades.

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