Os engarrafamentos nas cidades, e não importa qual é o seu porte, não param de crescer, deixando atrás uma série de prejuízos. Perde-se tempo e paciência, desperdiça-se combustível, aumenta a poluição. É visível que as cidades estão funcionando mal. Noticiários e estudos especulam quando as grandes cidades vão parar, em “nós” intermináveis. Para conter essa onda que ameaça paralisar as cidades, pesquisadores e gestores municipais recomendam a taxação do uso do automóvel particular em determinados locais e horários. Essa medida é extremamente impopular, mas já foi implantada com sucesso em algumas cidades mundo afora. No Brasil circulam mais de 56 milhões de veículos. Isso é 11 milhões a mais que há apenas três anos! A cada viaduto ou via inaugurada, surgem mais carros e engarrafamentos. Mesmo assim, ainda há projetos sendo feitos que não resolverão problemas, como a caríssima ampliação da Marginal Tietê, em São Paulo. Na contramão disso tudo, em Seul, na Coréia, uma enorme via expressa foi demolida, foi recuperado um rio, que virou parque público.
O uso excessivo do automóvel particular tem que ser desestimulado. Segundo o IPEA, nos principais corredores urbanos de transporte, os automóveis ocupavam, em 2007, 58% do espaço viário, mas carregavam somente 20,5% das pessoas. Nos ônibus, a situação era inversa: 68,7% das pessoas os usavam, e eles ocupavam 24,6% do asfalto das ruas e avenidas brasileiras. A idéia do pedágio urbano, que desagrada a muitos, não é nova, mas vem ganhando força e adeptos. Consiste em achar formas de taxar o uso inadequado do automóvel particular para desestimular sua circulação nos dias, horários e locais críticos das cidades. Ou seja, para quem entra em uma área da cidade em horários de maior fluxo, paga por isso. É uma maneira de fazer com que motoristas sintam os custos que causam a terceiros, ajustando o fluxo a um nível mais próximo da otimização do ponto de vista social. A decisão de usar um automóvel particular causa custos a outras pessoas, pois cada automóvel que entra no trânsito contribui para o aumento do tempo utilizado nos deslocamentos, do estresse e da poluição. A idéia essencial do pedágio é que os recursos arrecadados se convertam em melhorias do transporte coletivo.
Cingapura (desde 1975), Oslo (1990), Estocolmo (2007) e Londres (desde 2003) adotaram o pedágio urbano. Todas tiveram resistência n início, mas, posteriormente, as populações acabaram convencidas dos benefícios. Na cidade de Londres, que adotou o sistema de pedágio, houve redução de 30% de veículos circulando na área central. Por outro lado, aumentou a circulação de táxis em 20%, de ônibus em 20% e de bicicletas em 30%. O pedágio urbano é uma forma de melhorar o trânsito e o transporte público. É uma experiência que pode ser feita nas nossas cidades, porque algo tem que ser feito para diminuirmos os enormes custos socioeconômicos e ambientais dos congestionamentos que assolam as metrópoles, as médias e até pequenas cidades.
Pois é, meu caro colega, já não é mais uma simples frase de efeito, dizer que "temos hoje mais rodas do que pernas" na maioria das cidades brasileiras.
ResponderExcluirEm algumas essa relação é ainda mais perversa, como, por exemplo, São Paulo, que convive com mais uma estatística perversa: os quase diários congestionamentos de três dígitos de quilômetros.
Lamentavelmente as cidades menores estão indo "pro mesmo buraco", ou seja, sendo vítimas deste mesmo transtorno e o que é ainda pior, com a total leniência de seus governantes que, por ignorância, ou sei lá mais o que, vão empurrando com a barriga esse gravíssimo problema. Esse despreparo para administrar uma cidade, tarefa que, a cada dia se torna mais complexa e desafiadora, está chegando as raias do insuportável e não vai demorar o dia em que "muitas cidades vão, literalmente, parar". Aí quem sabe iremos(todos nós)acordar...