31 agosto 2010

Sonho e pesadelo

VLT em Viçosa. Imagem produzida por Ítalo Stephan e Juan del Toro , 2008.

Enquanto na UFV se discute a viabilidade da implantação de um VLT em Viçosa, em bases não tão distantes da realidade: R$ 8.000.000,00 com retorno de 5 anos, na cidade se discute a derrubada de parte de um bem tombado para tentar solucionar uma pequena parte do grande transtorno que é o trânsito. Enquanto o sonho de décadas de alguns de nós, tidos como lunáticos pode trazer muitos benefícios para a cidade, a pressa, a curta visão, o imediatismo, de alguns fazem da vida em Viçosa um pesadelo diário. E sem garantia nenhuma que as mudanças terão algum resultado.

Não está havendo sintonia entre o que a UFV pensa, trabalha e apresenta para a comunidade e e o que a prefeitura aparenta querer fazer de forma muito imediatista, sem um projeto global e sem ser amplamente discutido

Mas que UFV e a Prefeitura de Viçosa precisam conversar, precisam.

27 agosto 2010

Absurdo do destombamento do Balaústre


Corre na cidade a absurda idéia de destombar o Balaústre, um de nossos poucos lugares agradáveis e simpáticos da cidade. Como membro fundador do Conselho Municipal de Cultura e Patrimônio Cultural de Viçosa, um dos que lutaram pelo tombamento de vários imóveis na cidade, jamais serei favorável a qualquer tentativa a esse respeito.

Os bens tombados, ou qualquer dos seus elementos componentes, não poderão ser demolidos, salvo no caso de ruína iminente, nem modificados, transformados, restaurados, pintados ou removidos, sem a prévia autorização, em qualquer hipótese, do Conselho.

O destombamento só se justificaria se o balaústre estivesse sem conservação ou que pudesse ameaçar a segurança de alguém.

Há, circulando pelas cabeças e mãos das novas autoridades constituídas, um esboço muito medíocre de um projeto uma construção de uma solução viária que inclui uma rampa que liga a avenida Bueno Brandão com a travessa Belo Lisboa. Uma verdadeira aberração. Uma proposta isolada que destruiria o entorno da Estação sem resolver o trânsito, que invadiria a faixa de domínio da linha. Uma proposta mal subdimensionada em largura, extensão e raios de curvas insuficientes e que cruzaria por cima da linha férrea. Trata-se de uma proposta que causaria um evidente prejuízo à ambiência urbana e à qualidade de vida.

Se quisermos soluções sérias para a cidade, precisamos planejamento de verdade, seriedade e inteligência. Precisamos de uma ampla participação para discutir outros tipos de projetos sensatos e realmente úteis. Se quisermos resolver o problema do trânsito, que se eliminem as vagas a 45 graus da av. Bueno Brandão, coloquem mão dupla em algumas vias, confirmem a necessidade de se colocar semáforos, eliminem estacionamentos nas ruas, pensem no transporte coletivo, pensem na cidade como um todo. A avenida em cima da linha férrea , uma vez que será impermeabilizada, aumentará o número de alagamentos nos períodos chuvosos.

Mais uma vez, quando é que vão reativar o COMPLAN, que deveria estar atuando e opinando sobre essas e outras propostas, quem sabe evitando algumas das barbaridades já feitas?


Para saber mais sobre Patrimônio:
http://www.patrimoniocultural.org/Olinda2002/trabalhosSimposio/yacyAraFroner.html

24 agosto 2010

Grupo Top China 2010

Eis o grupo de participantes do Programa Top China Santander Universidades.
Foram 21 professores de 20 universidades brasileiras, 80 estudantes brasileiros, estudantes e professores das universidades de Shanghai e Beijing. A programação, que aconteceu entre os dias 08/07 a 29/07/2010, incluiu cursos, aulas, visitas técnicas e muita interação. Conhecemos a EXPO Xangai, o Parque Olímpico, a Muralha da China, a Cidade Proibida, e muitas coisas incríveis numa China superlativa.
Experiência fantática!
Para quem se interessar, fiquem de olho no TOP China 2011.

21 agosto 2010

Estupidez

Queimada em área urbana de Viçosa, como tantas outras no país
(Foto Ítalo Stephan, 2010)

O Brasil está pegando fogo.
São milhares de queimadas deixando a qualidade do ar péssima e destruindo fauna e flora nas regiões onde a umidade do ar está baixa.
Sofre o meio ambiente, sofrem as crianças e idosos, pois o ar chega a ficar próximo do irrespirável.O pior é que a grande maioria é causada pela estupidez de um ato humano, de uma molecagem feita por irresponsáveis e ignorantes, quase nunca punidos.

12 agosto 2010

Novela: Plano Diretor de Viçosa


Depois de um ano e meio de elaboração, com a realização de cerca de70 reuniões públicas, o Plano Diretor Participativo de Viçosa foi entregue ao prefeito Raimundo da Violeira, em 2008. A seguir foi encaminhado para a Câmara Municipal e lá ficou, visto com desconfiança, medo, dúvida, incompreensão. Alguns vereadores quiseram aprová-lo às pressas. Mas o plano ficou para ser estudado. Por algumas vezes houveram tentativas de explicar seu extenso conteúdo, alguns vereadores conheceram com maior profundidade suas intenções.

Enquanto isso, aconteceu na cidade uma série de ações do forte mercado imobiliário que desrespeitaram tanto o plano vigente, de 2000, quanto ao que a revisão confirma e aprofunda. Aprovou-se a construção de um conjunto residencial de baixa renda na Coelha, longe de tudo, o que vai criar uma comunidade segregada e sujeita a se tornar um local, além de inadequado, inseguro. Alterou-se drasticamente a lei do uso do solo vigente para que projetos esdrúxulos de prédios altos no meio da mata. Há uma série de empreendimentos imobiliários sendo implantados nas regiões dos Cristais e na Violeira, apenas sob o ponto de vista do ganho econômico.

O texto agora está de volta à Prefeitura, nas mãos de um novo prefeito, que deve querer saber o que fazer com o plano. Talvez seja a hora de voltarmos a conversar sobre o destino do projeto de lei, uma vez que o município tem a obrigação de colocá-lo em vigência, mesmo que com alterações. Serão necessários ajustes, pois o tempo já inviabilizou uma parte do conteúdo. O plano pode ser estudado de forma separada: a parte do plano propriamente dita e a parte final onde estão os artigos que alteram, corrigem suprimem tudo que ficaria obsoleto com o plano em vigor. Isso poderia agilizar a discussão e aprovação do plano.

Será necessária uma discussão de uma agenda para colocá-lo em pauta novamente para que a cidade não fique sem ele, para evitar o crescimento descontrolado que ocorre e para implantar o que a população definiu como prioridades. É importante que todos os agentes - construtores, técnicos responsáveis pela sua elaboração, delegados eleitos, vereadores, cidadãos interessados, incorporadores, investidores, engenheiros, arquitetos ministério publico e vereadores - sejam convidados a participarem da construção de um pacto pró Viçosa, que apareçam para discutir o que fazer com o plano e com o futuro da cidade. Seria o momento de reativar o COMPLAN, para quem sabe conduzir o processo de ajustes.

Além disso, a cidade precisa avançar em questões como mobilidade, saneamento básico, principalmente quanto a adequada disposição final dos resíduos sólidos, do tratamento de esgotos. É preciso melhorar as condições do ensino oferecido pelo município. É hora de investir sério na parceria com a UFV, para colocar o Parque tecnológico em inicio de funcionamento, pra segurarmos parte do grande conhecimento gerado na Universidade e que normalmente vai embora daqui. É preciso fazer projetos e correr atrás de recursos, como por exemplo para a construção de um anel viário e do estudo de realocado de estação rodoviária.

06 agosto 2010

Beijing City Planning Exhibition

Maquete da cidade de Beijing em 1911, em bronze (Foto Ítalo Stephan, 2010)


Maquete da cidade de Beijing (Foto Ítalo Stephan, 2010)

O Beijing City Planning Exhibition é um prédio enorme que tem como ponto central de atração uma mega maquete da cidade de Beijing, de centenas de metros quadrados. Há também maquetes em bronze da cidade como era em 1911, maquetes da Cidade Proibida, projeções no chão e um local para mostra de filmes em 3D, como o que apresenta um mega projeto de expansão da região metropolitana de Beijing, com a construção futura de dois eixos em arco e 11 novas cidades de centenas de milhares de habitantes.

Zaha Hadid em Beijing



A China é o paraíso dos arquitetos mais famosos do mundo. Veja só o espetacular projeto da arquiteta Zaha Hadid para Beijing, um super lançamento imobiliário que já está em construção.


http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1092337

03 agosto 2010

A China moderna

Beijing: avenidas largas e ampla arborização para compensar a poluição
(Foto Ítalo Stephan, 2010)

A China moderna - um local qualquer de Beijing (Foto Ítalo Stephan, 2010)

Os chineses têm mudado muito seu estilo de vida. De uma vida pacata os seres humanos de olhos puxados passaram para comer fast food, dirigir carros velozes nas intermináveis vias expressas, viajar nos trens-balas mais rápidos do mundo ou trabalhar em máquinas modernas. Os adultos procuram fazer o máximo de dinheiro que puderem para terem alguma garantia na sua velhice e as crianças se estressam enormemente, pois têm que construir um excelente currículo se quiserem estudar em boas universidades. Para isso são estimuladas e pressionadas a estudar muito desde muito cedo. Calma e vagarosidade viraram palavras ruins para esse povo que em poucos anos terá a hegemonia no planeta.

A China é um país em que 80% da população é atéia, muitos alegam que não precisam de Deus, pois têm o Partido Comunista. A "Economia de Mercado Socialista" é um termo que significa um país controlado por um poder centralizador e planificado, mas amplamente aberto a uma ordem capitalista de mercado. A China produz, por ano, mais de 10 milhões de automóveis, 560 milhões de telefones celulares, 136 milhões de microcomputadores, 90 milhões de televisores e 82 milhões de aparelhos condicionadores de ar. Esta é apenas parte da enorme potência que o sistema permitiu que se tornasse. Há outra parte, a das bilhões de cópias produzidas nos fundos de quintal de roupas, bolsas , computadores, celulares, relógios, que são vendidos na China e no mundo todo. Os mercados onde se barganham os preços são para os turistas. Os Chineses novos ricos e novos classe média preferem freqüentar os modernos e enormes shopping centers.

No entanto, ainda e possível vivenciar a China tradicional. São mais de 5.000 de anos de cultura que eles têm. Nos espaços públicos há idosos fazendo exercícios ao som de música ou jogando vários tipos de cartas e jogos, adultos conversando e crianças brincando com os avós. Uma curiosidade é que algumas crianças usam roupas abertas em baixo, para facilitar que façam suas necessidades. Sentar-se em um banco em um dos muitos parques pode ser uma experiência fascinante. Um senhor com seus 80 e tantos anos pode pedir, com um simples sinal de cabeça, licença para sentar ao nosso Iado. Poderão ser vários minutos de um silêncio compartilhado, ao mesmo tempo unido pelos signos universais do respeito e da curiosidade, mas separado pelas línguas. A despedida, também silenciosa e respeitosa deixa uma rara sensação de paz e felicidade.

Algumas impressões sobre o patrimônio histórico chinês

A Cidade Proibida (Foto Ítalo Stephan, 2010)

Uma casa típica chinesa, com portal, pátio e planta em "u" (Foto Ítalo Stephan, 2010)

São pelo menos 5.000 anos de história. Há um imensurável acervo arquitetônico no gigantesco país de mais de 1.370.000.000 de habitantes. O planejamento urbano atual não hesita em substituir os tradicionais bairros chamados hutongs, com casas apertadas, mas dentro de um estilo secular, por conjuntos residenciais com até 30 pavimentos, cercados por vias larguíssimas e excepcionalmente bem cuidadas. A sinalização é excelente e não existem buracos num asfalto praticamente perfeito. Esse modelo, que segue alguns outros parâmetros do modernismo que não deu certo no Ocidente há quarenta anos, como a produção de amplos espaços públicos entre os prédios que acabaram porque ninguém cuidava e considerava como seu. A aposta na China se baseia no costume da população de usar amplamente os espaços públicos, que são em grande número espetaculares e muito bem cuidados. Não importa a idade, a hora, o dia da semana ou a estação: todo mundo usa um jardim, uma praça, um parque como sua sala, como lugar de encontro, práticas de ginásticas ou apenas como contemplação.

Na capital chinesa, há espaços soberbos como alguns trechos da Grande Muralha , a Cidade Proibida, o Palácio de Verão, o Templo do Céu, o Parque Olímpico, o Parque Chaoyang ou a Expo Shanghai. São enormes áreas publicas que recebem simultaneamente dezenas de pessoas, na maioria chineses e moradores, e em minoria turistas estrangeiros. A China recebe cerca de 40 milhões de turistas estrangeiros por ano.

Há, dentro ou fora destes parques templos, quiosques, museus, monumentos de beleza indescritível. Como a maior parte dos monumentos e de madeira, eles não duram centenas de anos, mas são freqüentemente reconstruídos, usando as mesmas técnicas construtivas. Alguns dos principais monumentos já foram destruídos algumas vezes, como o Palácio de Verão, por invasores do continente ou pelos japoneses. Mas prevalece o cuidado, o requinte dos trabalhos de marcenaria e pintura dos telhados e das esquadrias, o paisagismo magnífico dos jardins, os regatos e pontes de pedra, o mobiliário de belo design entremeado com blocos enormes de pedras retiradas dos rios e desgastadas pela correnteza. Criam e cuidam de cada pedaço de um parque, muitas vezes divididos por paredes, portais ou muros, que servem para criar ambientes diversos, proporcionando surpreendentes cenários, locais ideais para a prática do tai chi chuan, ou para a prática de jogos de mesa, cantos para fazer um lanche, pendurar gaiolas com pássaros, locais para apenas contemplar. Surgem com essas divisões, vários parques dentro de um parque. Há espaços amplos ou cantos de uma beleza bucólica ou caramanchões com flores.

01 agosto 2010

Beijing, megacidade moderna

O Museu de Ciência e Tecnologia em Beijing (Foto Ítalo Stephan, 2010)

Beijing à noite (Foto Ítalo Stephan, 2010)


Beijing, a capital, com seus mais de 20 milhões de habitantes é uma cidade bonita, moderna, por isso muito atraente para os moradores das áreas rurais. Apesar disto é uma cidade muito segura, onde raramente ha roubos, assaltos ou crimes. Apresenta um gigante canteiro de obras os viadutos, elevados e avenidas largas com 8 pistas, pistas laterais, ciclovias, amplos passeios paisagismo magnífico, como o Palácio de Verão, o Templo do Céu e inúmeros parques espalhados por toda a área urbana. As vias circundam a Cidade Proibida - centro da cidde - em anéis concêntricos, que variam de 23 a 160 km de extensão. No 4º anel está construído um monumental parque olímpico, donde se destacam os Ninho do Pássaro, o Cubo d'água e o Museu de Ciência e Tecnologia. O restante da infraestrutura compreende um sistema viário e de linhas novas de metrô, hotéis 7 estrelas, vários ginásios e prédios comerciais.

Em toda a cidade, mas principalmente no centro comercial destacam se centenas de arranha-céus projetados por arquitetos famosos em todo o mundo. Há uma explosão de criatividade e liberdade, o que resulta em edifícios espetaculares, mas de um estilo internacional, ou seja, sem muita "cara da China" . O que se observa é a excelente qualidade de acabamentos dos prédios institucionais e comerciais. Há gruas por todos os lados, construindo prédios de 20, 30, 40 ou mais pavimentos, em estruturas pré-fabricadas, para abrigar os milhões de moradores que rocarão as casas tradicionais nos hutongs por apartamentos modernos. Não se sabe se os moradores fazem as trocas de forma voluntária. Os hutongs que sobrarão ficarão como cenários para turistas.

Era planejado que Beijing não poderia passar dos 18 milhões de habitantes até o ano 2020, mas nas últimas estatísticas mostram que já há 19.720.000 habitantes na capital chinesa, num ritmo sem sinal de desaceleração. Segundo opiniões de especialistas, a megacidade não tem condições de suportar uma expansão ilimitada, sendo o abastecimento de água um dos problemas sérios. Os automóveis não param de chegar às ruas. Em seis meses foram 345.000, elevando a frota para mais de 4,36 milhões de automóveis. Planejadores urbanos já se preocupam com esta situação que começará a criar muitos problemas no transito e na qualidade de vida da cidade. A capital chinesa deverá ser a primeira cidade a implantar um imposto sobre a propriedade, a ser aplicado para aqueles que tem mais de um imóvel.

Beijing vem atraindo as pessoas como um grande imã. O governo não consegue controlar a migração das atrasadas áreas rurais. Estima-se que em Beijing existam cerca de 7,26 milhões de imigrantes sem o Hukou, a Carteira de certidão de residência, ou seja, são moradores irregulares, o que dificulta em muita a vida para quem precisar de assistência educacional ou de saúde. Ocorre que, assim como em Beijing e outras megacidades chinesas (Shanghai, Hangzhou ou Shenzhen) onde há jurisdição direta do Conselho de Estado, o governo concentra seus esforços e as beneficia com a maior parte da riqueza nacional. Enquanto o desenvolvimento não chegar as médias e pequenas cidades, não ha como impedir o inchaço urbano. O desequilíbrio continuará a atrair mais pessoas em busca de emprego e serviços de educação e saúde.

Shanghai, uma metrópole dos negócios - II

Shanghai à noite: disputa de luzes e cores (Foto Ítalo Stephan, 2010)

O Bund (bairro inglês) de Shanghai: símbolos da guerra do ópio (Foto Ítalo Stephan, 2010)


Num país de quase um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes, em poucos anos ultrapassará os 50% de moradores nas cidades. Esta população tão grande vive sob a política "um filho por casal " valida para a cidades e ate dois filhos, desde que o primeiro não seja do sexo masculino, para as áreas rurais. O número de filhos por casal esta abaixo de 1,5 e espera-se que a população praticamente se estabilize daqui a vinte anos.