03 agosto 2010

Algumas impressões sobre o patrimônio histórico chinês

A Cidade Proibida (Foto Ítalo Stephan, 2010)

Uma casa típica chinesa, com portal, pátio e planta em "u" (Foto Ítalo Stephan, 2010)

São pelo menos 5.000 anos de história. Há um imensurável acervo arquitetônico no gigantesco país de mais de 1.370.000.000 de habitantes. O planejamento urbano atual não hesita em substituir os tradicionais bairros chamados hutongs, com casas apertadas, mas dentro de um estilo secular, por conjuntos residenciais com até 30 pavimentos, cercados por vias larguíssimas e excepcionalmente bem cuidadas. A sinalização é excelente e não existem buracos num asfalto praticamente perfeito. Esse modelo, que segue alguns outros parâmetros do modernismo que não deu certo no Ocidente há quarenta anos, como a produção de amplos espaços públicos entre os prédios que acabaram porque ninguém cuidava e considerava como seu. A aposta na China se baseia no costume da população de usar amplamente os espaços públicos, que são em grande número espetaculares e muito bem cuidados. Não importa a idade, a hora, o dia da semana ou a estação: todo mundo usa um jardim, uma praça, um parque como sua sala, como lugar de encontro, práticas de ginásticas ou apenas como contemplação.

Na capital chinesa, há espaços soberbos como alguns trechos da Grande Muralha , a Cidade Proibida, o Palácio de Verão, o Templo do Céu, o Parque Olímpico, o Parque Chaoyang ou a Expo Shanghai. São enormes áreas publicas que recebem simultaneamente dezenas de pessoas, na maioria chineses e moradores, e em minoria turistas estrangeiros. A China recebe cerca de 40 milhões de turistas estrangeiros por ano.

Há, dentro ou fora destes parques templos, quiosques, museus, monumentos de beleza indescritível. Como a maior parte dos monumentos e de madeira, eles não duram centenas de anos, mas são freqüentemente reconstruídos, usando as mesmas técnicas construtivas. Alguns dos principais monumentos já foram destruídos algumas vezes, como o Palácio de Verão, por invasores do continente ou pelos japoneses. Mas prevalece o cuidado, o requinte dos trabalhos de marcenaria e pintura dos telhados e das esquadrias, o paisagismo magnífico dos jardins, os regatos e pontes de pedra, o mobiliário de belo design entremeado com blocos enormes de pedras retiradas dos rios e desgastadas pela correnteza. Criam e cuidam de cada pedaço de um parque, muitas vezes divididos por paredes, portais ou muros, que servem para criar ambientes diversos, proporcionando surpreendentes cenários, locais ideais para a prática do tai chi chuan, ou para a prática de jogos de mesa, cantos para fazer um lanche, pendurar gaiolas com pássaros, locais para apenas contemplar. Surgem com essas divisões, vários parques dentro de um parque. Há espaços amplos ou cantos de uma beleza bucólica ou caramanchões com flores.

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