sábado, 6 de novembro de 2010

Arquiteto e Cidadão


Para David Harvey, em seu livro "Espaços de Esperança" o arquiteto "pode (e na verdade deve) desejar, pensar e sonhar diferença". Deve possuir uma imaginação especulativa, uma tradição no pensamento utópico. Deve atuar como crítico do que vê , em relação a ampla gama de atuação a ele atribuída. A cidade é o objeto maior, mais nobre, onde o arquiteto deve intervir, ou pelo menos se manifestar quando há coisas ruins e coisas boas. Às vezes o papel como arquiteto também se confunde do papel como cidadão, ou como ser político.

Como arquiteto há 29 anos, sou cidadão de Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Cabo Frio, Niterói, Bicas, São Luiz, Arari, Presidente Dutra, Santa Inês, Halifax (Canadá), São Paulo e Viçosa, dentre outras cidades que vivi e me preocupei com seu destino. Muitas vezes me posiciono sobre algum assunto afeto à Arquitetura e Urbanismo, por posição ética e dever cívico. Alguns moradores de Viçosa confundem minha postura. Já me perguntaram se eu recebo algum salário da prefeitura de Viçosa. Acham alguns, até que eu tenho poder de reprovar projetos no IPLAM.

Já me sugeriram mais de uma vez que eu parasse de escrever "certas coisas " sobre o que se passa em Viçosa. Isso aconteceu, há alguns anos, quando fiz críticas a ocupação indevida do Shopping Chequer, depois sobre as invasões da linha férrea. Já fui avisado para cuidar só do que se passa do lado de lá das Quatro Pilastras. Já se manifestaram insatisfeitos comigo quando fiz críticas ao aspecto de sujeira, feiúra, abandono, falta de manutenção ou da arquitetura (melhor dizer falta dela) produzida na cidade. Já me avisaram que eu jamais pegaria algum projeto para desenvolver em Viçosa. Uns poucos me consideram arrogante, cabeça-de-bagre, deus ou um dos "ditadores da Academia".

O que eu quero é uma cidade com melhor qualidade de vida, onde a acessibilidade, o impacto ambiental das intervenções inadequadas, as más condições de moradia deixem de ser graves problemas. Quero lutar pelo bom funcionamento do IPLAM, pela ativação do COMPLAN, pela defesa do patrimônio cultural de Viçosa, por soluções para o saneamento básico, para as habitações de interesse social que somem mais que apenas números e valores. Quero ter o direito de me manifestar e lutar para que aqueles que tem uma posição diferente, mas séria, sobre os destinos de Viçosa, exponham suas opiniões. Nem sempre posso estar certo. Posso aprender com críticas construtivas. Mas, enquanto eu for abordado na rua ou receber mensagens de apoio ao que eu escrevo, vou continuar a fazê-lo . É meu direito e meu dever. Que tantos outros façam o mesmo. Agradeço imensamente aqueles que me dão a oportunidade de me manifestar.

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