09 novembro 2010

Fé em Deus e pé na tábua


O sociólogo Roberto da Matta lançou um livro chamado "Fé em Deus e pé na tábua" após estudar o comportamento do brasileiro no trânsito. Todos nós podemos imaginar como é. O autor confirma a imagem do "bom" motorista, que é aquele que não segue as regras de trânsito. Há um estilo bem  brasileiro que apavora observadores externos, como entrar na vaga na frente do outro, fechar o motorista do lado, "costurar" entre pistas diferentes, passar pelo acostamento ou subir nas calçadas, falar ao celular dirigindo, buzinar sem necessidade ou aproveitar os primeiros segundos após o sinal ficar vermelho.

Roberto chama de estilo "Carlota Joaquina", que reproduz relações aristocráticas e atrasadas. Quando Carlota passava, todos tinham que parar, ajoelhar e tirar o chapéu. Segundo o autor  "no trânsito não dá para fazer sinal especial para quem é rico" e "entrar na frente, tentar encontrar espaços onde não existe é hierarquizar o espaço". Há disputas entre os taxistas e motoristas profissionais, que se consideram melhores que os outros. Há disputa entre motoristas e motoqueiros, motoristas e ciclistas ou pedestres. É, como todos sabemos uma disputa muitas vezes cruel e assassina.

No Brasil, "ser um bom motorista significa dirigir com o pé na tábua. Quem dirige bem é barbeiro". Até quando isto ficar assim? Até quando este estilo deplorável vai continuar, matando muitas pessoas?

Ver em:
MENDES, Taís. Livro desvenda a agressividade no trânsito. Rio de Janeiro: O Globo, 07 nov. 2010, p. 37.

Foto:
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://bp2.blogger.com/_LtnsvrcloSc 
 

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