01 novembro 2013

INDIGNAÇÃO

Artigo publicado no jornal Tribuna Livre, de 30/10/2012.

É lastimável ver a situação da falta de gestão urbana, a péssima qualidade  de vida e a falta de fiscalização de obras em Viçosa.  A situação de degradação ambiental e da qualidade urbana está assustadora.  Há um desinteresse irresponsável, quase criminoso, por quem deveria cuidar da cidade. Poucos ganham muito com a contínua destruição e com a inviabilização de qualquer chance de melhorias.

Multiplicam-se loteamentos em área rural, o que não é permitido por lei.  Fundos de vale são soterrados, árvores nativas são derrubadas sem nenhuma ação impeditiva.  Constroem-se prédios de uso não permitido.  Cidadãos que reclamam desses fatos são tratados como chatos e inconvenientes. Os beneficiados não se importam se estão agredindo o meio ambiente, se estão desrespeitando a legislação e as vizinhanças. Querer mudanças, melhorias parece valer pouco aqui nesta terra sem ética, feia, suja, injusta, inacessível, mal tratada, cinzenta, violenta, sugada e estragada impunemente em seus recursos humanos e naturais. Enquanto persiste o descompromisso com a coisa pública, a precariedade das moradias e a inexistência de equipamentos coletivos prevalecem apenas as oportunidades de lucro (não importa de onde saiam), de soluções egoístas, apenas especulativas, e de ganhos eleitoreiros.

Denúncias de danos ambientais não são apuradas. Moradores que se sentem prejudicados, quando querem se manifestar, são coagidos. O patrimônio arquitetônico histórico não resiste ao capital. Os detentores do capital não se interessam por algo além do lucro imediato; são míopes, mesquinhos e ultrapassados. Os gestores municipais fecham os olhos para as irregularidades e nada fazem para impedir aterros e desaterros, além da continuidade de obras irregulares em topos de morros, em áreas marginais aos córregos. O IPLAM, órgão criado para pensar em soluções urbanas, permite que projetos sejam construídos em escancarado desrespeito à Lei do Uso do Solo, como a instalação de salões de festas em área rural e a desobediência dos afastamentos das construções. Não faz cumprir o Código de obras. Aprova projetos de moradias com soluções estruturais que só existem nos projetos e desaparecem nas obras. Permite a construção de moradias mal iluminadas,  com salas sem janelas, portas de banheiros para salas ou cozinhas e abertura de janelas de banheiros para corredores de edifícios.

Esse triste quadro negativo terá seus efeitos ao longo do tempo. Problemas serão agravados, como a diminuição da produção de água para abastecimento; a ampliação da circulação de veículos sem a prioridade para o transporte coletivo; o aumento do custo de  atendimento de serviços como coleta de lixo e de transporte escolar. Viçosa não atrai novos professores, espanta indústrias e decepciona muito os visitantes pela péssima impressão que causa. Passou da hora de termos governantes competentes e de se discutir amplamente o destino desta cidade. É hora de mostrar quem gosta da cidade, de apelar para aqueles que já ganharam muito dinheiro pararem para pensar um pouquinho em fazer algo de bom para Viçosa. Juntar  todos interessados em discutir e melhorar a cidade seria um exercício espetacular e uma luz no fim do túnel para Viçosa.  Ainda é possível alterar esse rumo caótico, mas, de indignação estamos cheios.


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