domingo, 8 de novembro de 2015

O estrago em Rio Doce


PREFEITURA DE RIO DOCE EMITE NOTA Á IMPRENSA SOBRE O DESASTRE OCORRIDO NESTA SEXTA-FEIRA

O rompimento de uma barragem de dejetos da mineradora Samarco, no município de Mariana, causou destruição e caos ao longo do rio do Carmo, na sua confluência com o Piranga – quando se forma o rio Doce, e abaixo, até o município de Rio Doce. Os desaparecidos, mortos e feridos, além dos graves prejuízos materiais, comoveram o país, assustaram a comunidade internacional. Os danos ambientais são incalculáveis. Esse mar de lama e minério desceu arrasando o distrito de Bento Rodrigues (Mariana) e arrastando toneladas de árvores, tocos e tudo mais que ia encontrando pelo caminho. Barra Longa foi atingida e em sua trajetória de destruição o lodo fétido chegou à Fazenda Porto Alegre, já no município de Rio Doce. A Fazenda ficou ilhada em determinado momento, pastagens e lavouras destruídas. Ali o Carmo encontra o Piranga, nasce o Doce. Até então foram cerca de 60 km percorridos pela água∕lama.O rompimento ocorreu às 16 horas da quinta-feira, dia cinco de novembro. Por voltadas seis da manhã do dia seis o tsunami de dejetos chega à ponte de Rio Doce.

Providências já haviam sido tomadas pelo Consórcio Candonga que, desde a madrugada, acionara suas três turbinas para esvaziar o lago e aguardar a chegada do volume enorme vindo da primeira cidade de Minas. Às nove da manhã de sexta-feira fecharam-se as turbinas e abriram-se os vertedouros despejando água barrenta a jusante da usina. Enquanto isso começava a se acumular no remanso perto da ponte de Rio Doce o que parecia ser uma floresta inteira, tanto os tocos, árvores arrancadas pela raiz e até balsas para extração de areia levadas pelo mar de lama. Até o remanso seguinte, perto do antigo distrito do Soberbo, os troncos começavam a se espalhar, pois não existia mais a corrente que as trouxera até ali. Apenas a corrente submersa levava muito minério rio abaixo.

O centro urbano de Rio Doce está bem acima do rio e não foi atingido. O distrito de Santana do Deserto viu a água subir 3 ou 4 metros, mas nada sofreu. Mesmo assim a Defesa Civil riodocense estava de prontidão e foi a todos os lugares para ver como estavam, acalmando a população ribeirinha. O desastre ecológico é ainda incalculável. Peixes mortos, milhares de peixes mortos; quilômetros de matas ciliares destruídos; lama fétida e outras tantas toneladas de madeira boiando entre os pilares, formando pequenas barragens, estagnando a água. Prejuízos econômicos, também incalculáveis, para Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, pois não se sabe quando a UHE Risoleta Neves voltará a produzir energia. Esperamos providências urgentes. Esperamos que após o trauma imediato não se esqueçam, autoridades e responsáveis, do muito que fazer para salvar o rio Doce, mais do que nunca assoreado e agora ameaçado de morte desde o seu início.

Rio Doce, 06 de Novembro de 2015.
Silvério Joaquim Ap. da Luz
Prefeito do Município de Rio Doce"

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