Texto publicado no jornal "A Tribuna" em 5/4/2017, em Viçosa-MG.
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Imaginemos o sistema de transporte coletivo em nossa cidade. Imaginemos que os ônibus que temos na nossa cidade sejam novos, confortáveis, seguros, pontuais e com custo da passagem razoável. Há um número adequado de veículos circulando, inclusive nos finais de semana. Imaginemos que os motoristas sejam educados, dirijam com cuidado, sem nos proporcionar arrancadas e freadas bruscas. São dignamente pagos, têm uma jornada diária adequada e se sentem seguros. Imaginemos que esses mesmos motoristas nunca parem no meio da rua e que parem toda vez que um idoso ou cadeirante dê o sinal para subir. Se isso tudo acontecesse na realidade, seria bom.
Vamos continuar com esse exercício de imaginação. Há, a cada algumas centenas de metros, um ponto de parada de ônibus. Pode estar a céu aberto, pode estar debaixo de uma marquise, pode ser na forma de abrigo. Para tomarmos um ônibus, basta atravessarmos seguramente uma faixa de pedestre ou uma faixa elevada próximo ao ponto, ao lado da placa colocada em um poste com luminária. Não há mato, lixo, entulho ou obstáculo no caminho. Chegamos facilmente a uma calçada com pelo menos 1,20 m de passagem livre, bem pavimentada e delimitada com um meio fio bem executado. Melhor ainda se nem for preciso atravessar a rua, é só seguir as calçadas contínuas e sem degraus ou rampas para carros atrapalhando nossa caminhada.
Enquanto aguardamos o coletivo que, naquele ponto deveria passar pontualmente “às hora e quinze”, não corremos o risco de sermos encharcados por automóveis particulares passando nas poças cheias de água de chuva ou de esgoto. A pavimentação em sua frente é bem feita, em concreto armado resistente, sem buracos ou ondulações. Não há nenhum automóvel estacionado irregularmente nele. Se o ponto estiver em um abrigo, ótimo, pois este deveria estar em boas condições de manutenção e ser executado com material de boa qualidade, resistente e durável. O abrigo protege contra o sol e o tempo, tem banco, espaço para uma cadeira de rodas, uma placa com os itinerários e horários, uma maravilha! O ônibus chega, encosta junto ao ponto, leva até um amigo cadeirante, que facilmente entra no veículo. Antes de partir, os motoristas permitem que os idosos alcancem os assentos especiais que não ocupados por pessoas jovens. Sabemos que chegaremos sem problemas no horário de nosso trabalho, de nossa aula, de nosso compromisso, em um ponto igualmente acessível. Não é assim em nossa cidade?
No entanto, se por acaso essa situação ideal não seja condizente com a realidade em nossa cidade, temos que cobrar por melhorias. Cobrar ao Poder Executivo que nos deixe em condições de usar o transporte coletivo, o direito de optar por ele, evitando que usemos soluções individualistas, por falta de opção. Devemos exigir que o Executivo fiscalize os serviços concedidos, mas que mantenha as ruas em boas condições de pavimentação para não causar danos aos veículos. Talvez até precisemos lembrar que a empresa concessionária é paga - e muito bem paga - para prestar um serviço essencial para a população. Não somos obrigados a conviver com um serviço mal executado, com pontos de ônibus inacessíveis. Deveríamos ter o transporte coletivo como uma opção atraente para deixarmos nossos automóveis em casa. Não deveria ser assim em nossa cidade?
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