A Praça Prefeito Olavo Costa, conhecida como Praça da Baleia, no bairro Bairu, em Juiz de Fora.
Canto pacato do bairro, carece de cuidados.
Arborizada, com calçadas bem estragadas.
Fotos Ítalo Stephan, dezembro de 2023
Temas de discussão: Arquitetura e Urbanismo. Planejamento Urbano. Patrimônio Histórico. Futuro das cidades. Pequenas e médias cidades. Architecture and Urban Planning. Heritage. The future of the cities.
A Praça Prefeito Olavo Costa, conhecida como Praça da Baleia, no bairro Bairu, em Juiz de Fora.
Canto pacato do bairro, carece de cuidados.
Arborizada, com calçadas bem estragadas.
Fotos Ítalo Stephan, dezembro de 2023
No período compreendido entre 19 de dezembro de 2023 a 05 de janeiro de 2024 a Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPG.au) do DAU/UFV receberá inscrições para estudantes não vinculados para o primeiro semestre letivo de 2024 em disciplinas de nível de MESTRADO e DOUTORADO em ARQUITETURA E URBANISMO do PPG.au.
As inscrições serão feitas online, através do endereço eletrônico do sistema de inscrições GPS da UFV.
Email: ppg.au @ufv.br
Outras informações estarão disponíveis no site: http://www.ppgau.ufv.br
Avaliação das condições de planejamento urbano nas cidades com menos de dez mil habitantes na Zona da Mata Mineira
Ítalo Itamar Caixeiro Stephan, Lina Malta Stephan, Leonardo Civale e Ana Clara de Souza Pereira
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/24.282/8943
O jornal Folha da Mata tem mostrado, semanalmente, números alarmantes de acidentes em Viçosa envolvendo veículos de todo tipo. Acontecem muitos danos materiais, graves danos físicos e, infelizmente, várias mortes. As principais causas não são desconhecidas: imprudência, consumo de bebidas alcóolicas, não uso de capacetes, distração pelo uso de celulares e falta de habilitação. A certeza da impunidade é mais um ingrediente sério. Pedestres imprudentes e distraídos também causam acidentes. Todas essas são causas que dependem do comportamento humano. Como arquiteto e urbanista, muitas vezes algumas pessoas me consultam buscando soluções para lidar com a questão do trânsito e da mobilidade, para tentar coibir esses acidentes. Há soluções técnicas, mas essas são apenas parte de um conjunto de ações cabíveis.
Há várias medidas técnicas capazes de reduzir acidentes, como um bom desenho de vias, com faixas de circulação e de estacionamento bem demarcadas, canteiros bem cuidados, calçadas corretamente dimensionadas. Deve-se também reduzir o limite de velocidade permitido. A sinalização no piso e a sinalização vertical, juntamente com a boa iluminação pública contribuem. É possível deslocar a circulação interurbana de veículos com a construção das alças viárias. Geralmente esse é um trânsito em que os motoristas têm pressa em atravessar a cidade e usam veículos mais pesados. As alças estão previstas desde o Plano Diretor de 2000. Foram confirmadas no Plano de Mobilidade - PlanMob, aprovado em 2019 e novamente presentes no Plano Diretor revisado, aprovado neste ano. O objetivo dessas alças é tirar o trânsito interurbano do centro da cidade. São 4 alças que podem ser construídas separadamente e que formariam um futuro anel viário: Parque de Exposições-Novo Silvestre; Novo Silvestre-Barrinha; Barrinha-Rua Nova e Paraíso-Trevo Cajuri.
É possível planejar vias de ligação interbairros, favorecendo a circulação de veículos para trechos curtos, de forma a evitar a convergência do fluxo para a vias estreitas que acabam congestionando. Os loteamentos não se conectam com outros, com isso despejam o fluxo para as vias coletoras existentes já sobrecarregadas. A falta de visão dos governantes não os fez exigir essas conexões, embora eles venham sendo alertados por técnicos, há pelo menos trinta anos. As soluções ficam cada vez mais complicadas. Só para ter ideia, foi abortada uma ligação entre a avenida Gomes Barbosa e o bairro de Fátima nos anos 1990; não foi aberta uma rua paralela a Antônio Lopes Lelis ligando as ruas transversais. Necessário lembrar que PlanMob apresenta várias possibilidades de conexões, como as vias nas cristas dos morros, onde estão a avenida das Arábias, a JK e a rua do Pintinho.
Quebra-molas e radares são símbolos da falta de respeito de parte da população armada com veículos. Os quebra-molas não são empecilhos para as motocicletas. Os radares podem ser uma das soluções, mas são limitados a algumas vias. Doer no bolso às vezes atenua a falta de educação e a irresponsabilidade. É necessária uma fiscalização maior do trânsito, pois é absurdo o número de pessoas que desrespeitam os semáforos, a qualquer hora do dia, principalmente pelos motociclistas e até pelos motoristas de vans escolares. No entanto, a questão mais importante a lidar é a educação para o trânsito. Isso já deu bons resultados em Viçosa quando não havia semáforos, na época em que começaram a ser demarcadas as faixas de pedestres. Os motoristas respeitavam os pedestres, e a campanha massiva feita pela Prefeitura foi bem-sucedida. Viçosa ganhou fama de que os motoristas respeitavam as faixas, mas essa foi uma ação isolada. Ações como essa devem ser parte de um programa contínuo, parte de uma política pública.
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, M em 23 de novembro de 2023.
Sou um pequeno ribeirão em um município que abriga uma cidade média. Ganhei até nome de santo. Cruzo, de sul a norte, toda a cidade. Minhas nascentes estão numa área rural, ao sul do município, as quais vêm perdendo, a cada dia, suas características, devido à multiplicação da instalação de chacreamentos e de condomínios irregulares. Com isso, muito já fui muito desmatado, já tive muita terra tirada do lugar. Fico magro e raso, assoreado, invadido nas minhas margens. Isso tudo prejudicou a minha produção de água. Ainda bem que há alguns movimentos para me protegerem. Uns grupos “plantam” água, outros constroem barraginhas para segurar as enxurradas. Alguns humanos estão tentando terminar o plano de manejo, que se arrasta há décadas. Essa lentidão me preocupa. Por algumas vezes, por causa da mudança climática e das intervenções humanas, quase sequei. Começo, desde cedo a receber esgotos dos humanos.
Chego a um campus universitário e sou represado por cinco vezes. Acho que fico bem com represas bonitas, melhoro bastante o meu astral. Os humanos também adoram caminhar em volta de mim, tiram fotos parecem se divertir. Só que, na segunda represa, sugam minha água para duas estações de tratamento de água. Mato a sede dos humanos no Campus e de parte dos humanos da cidade. Já fui muito mais robusto, produtivo, mas aos poucos venho perdendo vigor. Crio com orgulho, nessas lagoas, peixes, garças, saracuras, capivaras, martins-pescadores, jacus, garças, sabiás, bem-te-vis e até jacarés. Só que minhas águas não são mais saudáveis, tanto é que não deixam mais os humanos pescarem.
Sigo em frente, caio num enorme sifão, mergulho na escuridão, entubado, sufocado, por duas vezes, até ressurgir, cercado de prédios muito próximos e injetado por canos que me despejam esgotos e águas dos telhados. Os humanos cimentam seus quintais e calçadas, asfaltam suas ruas e, quando chove, reclamam que não dou conta de escoar as águas. Recebo as águas sujas de alguns córregos sofridos. Sofro assim, por mais de quatro quilômetros, sujo, cheio de entulho, de sofás, de bananeiras, de galhos e de todo tipo de plástico. Fico quase morto, imundo, sufocado, sem peixes, carregado de bactérias do mal. Depois disso tudo, junto-me, próximo a aterros e bota-foras, ao ribeirão Turvo Sujo, que, bastante sugado para matar a sede do resto da cidade, vem carregado dos resíduos da humanidade.
Dessa forma, contribuo, não com a qualidade das águas de que gostaria, para o rio Piranga, que lá perto de Ponte Nova se junta ao rio Carmo e se torna o grandioso e machucado Rio Doce. Peço mais atenção, mais cuidados comigo e com os meus receptores. Peço socorro enquanto ainda há tempo. Quero mais árvores e arbustos me acompanhando, quero mais frutas, peixes, sapos, aves, lagartos, cobras, capivaras. Assim, posso conviver com os humanos e continuar produzindo água e como generoso que sou, posso doar, sem me comprometer, parte da minha vitalidade. Como recebi o nome do padroeiro dos padeiros, alfaiates, sapateiros, açougueiros e comerciantes em geral, quero-os felizes, saudáveis e prósperos, assim como todos aqueles que precisam de que esses existam.
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 8 de novembro de 2023
Tratarei aqui sobre a educação urbana, um importante conjunto de ações voltadas para os cidadãos. Primeiramente, a palavra cidadão pode parecer restrita aos moradores das cidades, das áreas urbanas. Poderíamos, portanto, usar o termo munícipe, com o qual estamos pouco acostumados, que é o morador do município, mas continuarei com o termo cidadão, mais conhecido. Nos dicionários significa tanto habitante da cidade, quanto indivíduo que, como membro de um Estado, usufrui de direitos civis e políticos por este garantidos. Aos cidadãos cabe também cumprir os deveres a eles atribuídos. Cidadão é referente à cidadania que, segundo Dalmo de Abreu Dallari, “expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo”. Todo cidadão responsável deve “colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre que possível para promovê-lo”. A cidadania deve ser um processo contínuo, uma construção coletiva, que tem por meta contribuir para mudar as condições atuais, ditadas pelo sistema capitalista, o qual acarreta a fragmentação, a exclusão de parte da população e a injustiças sociais.
Segundo o professor Geraldo Browne Ribeiro Filho, um dos formuladores de um processo de educação urbana que já aconteceu por dois anos em Viçosa, a educação urbana é uma forma de disseminação de ideias. Tais ideias almejam a formação integral das crianças e dos jovens que, no futuro, participarão da definição do destino de seu município. É também uma forma de difusão de valores como solidariedade, responsabilidade, assim como os sentidos de coletividade e de comunidade. Ela tem como objetivos debater sobre os componentes do espaço urbano e sobre os agentes que o produzem; como também entender a importância dos espaços públicos e a força que há na participação ativa da população. Apresenta e discute sobre a história, a produção do espaço urbano e rural, a arquitetura e os direitos e deveres das crianças e jovens quanto à cidadania.
A educação urbana é desenvolvida com a realização de atividades didáticas lúdicas, mais comumente nas escolas, a fim de se fazer compreender o direito à cidade para todos. Pode estender atividades nas ruas, em museus e em prédios públicos. O direito à cidade compreende um conjunto de direitos básicos que deveria atender a toda a população. Reconhecer o direito à cidade é o primeiro passo para a conquista da melhoria de vida. Desta forma, a educação urbana é fundamental na construção da cidadania e no despertar do interesse pelas questões urbanas e pela percepção do espaço urbano como obra social e coletiva, portanto, possível de ser transformada. Pode ser desenvolvida com muita facilidade e, praticamente, sem custos. Começa pelo entendimento do que é a casa, depois segue pela compreensão de como as crianças e os jovens se inserem nas ruas onde moram, nos seus bairros e em seu município. Passa pelo reconhecimento e pela importância que deve ser dada ao patrimônio cultural (material e imaterial) e ao meio ambiente.
A educação urbana possibilita o reconhecimento e valorização dos espaços em que moramos, estudamos e nos divertimos; estimula o sentimento de pertencimento e o espírito questionador e criativo nato dos jovens; consegue mudar a atitude das pessoas em relação ao espaço urbano. Reduz o papel passivo dos moradores, define os papéis do Estado e dos munícipes e amplia o potencial de melhorar nossas cidades em curto, longo e médio prazos. Por fim, esse processo deve e pode ser implantado de forma ampla e contínua, em qualquer município.
Imagem: capa da cartilha produzida na UFV, 2012.
Manhuaçu - MG
Das cidades maiores do Leste / Zona da Mata foi a das que mais cresceu em população. Tem a riqueza produzida pelo café, não traduzida em boas condições urbanísticas
Fotos Ítalo Stephan, outubro 2023
A estação rodoviária de Viçosa é um horroroso cartão de visita de Viçosa. Sempre mal gerida, estado de conservação ruim. Inaceitável! O jardim frontal nem vou mostrar!