20 setembro 2010

NOTA DE PROTESTO


PATRIMÔNIO: INTERESSE EM SUA DESQUALIFICAÇÃO

Tudo começou com a mudança de prefeito em 2010. O anterior perdeu o cargo na justiça e o segundo mais votado assumiu. Pressionado a tomar medidas urgentes para melhorar o trânsito nessa cidade de 85.000 moradores e 30.000 veículos, surge, da Secretaria de Trânsito uma proposta de alterar uma rampa que faz parte do Balaústre. Essa estrutura, é uma balaustrada de 480 metros de extensão acompanha um trecho central da linha férrea de Viçosa. Foi tombada e restaurada em 1999.
A intervenção da secretaria visa resolver  pontualmente a ligação de um desnível de 2,80 metros, para encurtar em cerca de 200 metros o trajeto de alguns veículos. A proposta prevê uma rampa de 28% de declividade, com 4 metros de largura. Um croquis dessa proposta foi parar no Conselho Municipal de Cultura e Patrimônio Cultural e Ambiental de Viçosa para análise. O conselho, indeciso,  definiu por levar a discussão para uma audiência pública.
Enquanto isso, parte da imprensa local começou um trabalho para apoiar O destombamento do Balaústre e desqualificar o Conselho, seus representantes e o próprio patrimônio arquitetônico da cidade..
No editorial de 03/09/2010, Pélmio Carvalho, editor do jornal Folha da Mata, defendendo o destombamento do Balaústre, para desqualificar os membros professores do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa,  disse:

“Por razões sentimentais e por achar que assim deveria ser, podem todos e cada um conservar o seu, mas nunca “achar” que o casarão do ilustre, falecido tem que ser conservado e mantido pelos seus herdeiros, ficando eles, às vezes, a mingua para satisfazer a opinião de alguém que gosta de tomar clister com as nádegas dos outros (grifo meu),. São eles, sem sabê-lo, stalinistas, para quem “o meu é meu o que é seu, podemos discutir”.

Para desqualificar o tombamento afirma “Querem destombar a dita obra que não teve nenhum interesse público para que fosse tombado” e “seria oportuno que se destombasse o trambolho (grifo meu), a apoteose ao mau gosto”.
O mesmo jornal (17/09/2010), comentando sobre uma manifestação organizada por professores do Curso de Arquitetura e um ex-vereador, arquiteto, a qual levou algumas dezenas de professores de outros cursos,  alunos e simpatizantes a “abraçar” simbolicamente o Balaústre:

Um pequeno grupo de alunos dos cursos de Arquitetura e Geografia da UFV – entre eles poucos nativosforam levados a “fazer” um abraço simbólico ao velho Balaústre, como protesto pela intervenção que a PMV quer fazer na obra. Bom seria que se fizesse nova manifestação, sem o “comboio” dos professores.” (grifos meus)

Na mesma frase ele diminui a presença de pessoas, discrimina “nativos ”e “não nativos”, trata dos estudantes como massa de  manobra dos professores.
Da Câmara Municipal de Viçosa saiu, em matéria do mesmo jornal o comentário de um vereador médico que comentou sobre os professores, do curso de Arquitetura e Urbanismo, membros  do Conselho, como  “uns cabeças de bagre que temos que tolerar”(grifo meu).
É esse o nível de discussão que se quer levar, é claro que por um pequeno, embora influente grupo de pessoas. Há o risco de desfigurar o Balaústre e se iniciar um processo de desaparecimento do pouco que restou do patrimônio histórico de Viçosa, para receber intervenções sem a garantia que terão resultado e para que a construção civil, muito aquecida em Viçosa, possa substituir casarões ecléticos por prédios de doze pavimentos com afastamentos mínimos (alterados pela Câmara Municipal).

Um comentário:

  1. Estou feliz em ver que mais algúem leu tais absurdos e protestou!

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