23 junho 2024

MAIS UMA CHANCE

    


Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, em 20/06/2024

Há muitas diferenças entre as cidades que gostaríamos que existissem e as que aí estão à nossa volta. Não há muita coisa parecida com o que, nos anos 1950, muitos vislumbravam para as cidades. Essas seriam superpopulosas, livres de problemas sociais, com prédios altíssimos, ruas elevadas, elevadores e passarelas móveis, carros voadores, locais de diversão, muitas placas luminosas. As pessoas seriam felizes, como se mostravam inúmeras ilustrações e descrições publicadas nos jornais, revistas e nos livros de ficção científica. As cidades atuais se aproximam mais da ficção científica em que as coisas deram errado, como Soylent green, 1984, Mad Max, Blade Runner, Oblivion, Elysium e Interestelar.  

Autores atuais, como a arquiteta e urbanista Ermínia Maricato, e o geógrafo Marcelo Lopes de Souza, profundos conhecedores dos problemas urbanos, os quais referenciarei neste texto, apontam as nossas cidades como cheias de problemas, dentre eles, os seus ineficientes sistemas de planejamento urbano. Nossos habitats urbanos sofrem continuamente com a ampliação dos contrastes sociais, com o acirramento da injustiça e da exclusão social. Esses são aspectos muito mais graves que congestionamentos, lixo espalhado e más condições da pavimentação das ruas. Esses fatores colaboram muito com outros problemas gravíssimos como a corrupção impune e o aumento da violência, ligada ao tráfico de drogas às milícias, assim como a falta de perspectivas e de oportunidades para muitos brasileiros.  

Falar de planejamento urbano, um aliado poderoso para dar às cidades melhores condições a mais moradores, é um assunto enfraquecido.  Os conceitos de planejamento e gestão urbanos ficaram oprimidos sob a égide da ideologia do neoliberalismo.  O que se viu foi o “enfraquecimento do sistema de planejamento e da própria legitimidade do exercício de planejar”. A distância colocada entre planejamento e a gestão urbanos causou e aumentou problemas na administração das cidades e atendeu a vários interesses, menos os dos planejadores urbanos e daqueles que se mantiveram calados por omissão ou desconhecimento. Os planejadores tiveram de se contentar em ficar anos e anos produzindo os planos e ideais, enquanto o caminho neoliberal dita as regras. 

 As cidades atuais se aproximam mais da ficção científica em que as coisas deram errado,   

como Soylent green, 1984, Mad Max, Blade Runner, Oblivion, Elysium e Interestelar. 

O processo de urbanização produz dispersão e descontinuidade da malha urbana e segregação socioespacial. Produz vazios urbanos, favelas e condomínios fechados. Agridem, de forma perigosa e contínua, o meio ambiente, dentro das áreas urbanas e rurais. Hoje temos “uma ilegalidade tolerada pelo poder público, porque esta acaba sendo uma válvula de escape para um mercado fundiário altamente especulativo” e poderoso. Mesmo com uma legislação “atualizada”, a ocupação dos solos urbano e rural “obedece a uma estrutura informal de poder, que é a lei de mercado, que via de regra precede a leis e normas jurídicas”. A população, a cada vez que se organiza e se interessa pela participação, vê-se fragilizada por falta de interesse do poder público, ou porque, na maioria das vezes, é apenas consultada. Essas consultas que não passam do nível da cooptação (apenas para eliminar focos de oposições).

Mudar a cidade é uma tarefa coletiva, que deve ser apoiada e viabilizada pelo poder público e realizada com uma verdadeira participação da população. Vem aí, com as eleições para prefeito e de vereadores, mais uma chance de sair da mediocridade urbana. O planejamento urbano deve ser recuperado tendo, como fim principal, o bem-estar de toda a população. Cada um de nós tem seu papel a ser cumprido. A tarefa não se esgota na conquista de alguns poucos objetivos; é permanente e cada vez mais difícil. Apelo aqui para Paulo Freire, pois precisamos esperançar. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!


09 junho 2024

PROJETO DE LEI DANOSO PARA JUIZ DE FORA


Presente para os construtores, prejuízo para a cidade 

Proposta absurda aprovada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora.

Condomínios  poder tão usar  áreas públicas e de preservação permanente (APPs) para obras de contenção de enchentes. Em nome defesa do meio ambiente? Boa coisa não é! Está errado! 

Não houve debate público! Especialistas não foram ouvidos para discutir a proposta!

https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/edicao/2021/02/08/videos-tudo-sobre-a-zona-da-mata-e-campos-das-vertentes.ghtml#video-12655145-id

PATRIMÔNIO EM RISCO


Sobre o desconhecimento do que é tombamento, depois de reagir a uma postagem no Instagram sobre o desabamento do prédio centenário da União Protetora construído em 1929, "é mais um pedaço da nossa história que se vai" (isso aconteceu em Ilhéus, BA):

"Sabe por que disso meu querido..... O poder público tomba meu imóvel impossibilita na prática a venda e ainda por cima me obriga a conservar algo que não tem mais valor algum.... Se o poder público tomba então que indenizar e mantenha.... Só tombar como patrimônio histórico e só ....Eu mesmo abandonei o meu e quando cair vai ser mais um patrimônio histórico que se vai.... Pronto falei"

O tombamento não impede a venda do imóvel.

Há formas legais de compensação (Transferência do direito de construir, incentivos fiscais); uma pena que o Poder Público não costuma aplicar.

O Poder Público não tem a obrigação de conservar;  sim de zelar e impedir a destruição de um bem. É o proprietário, que, como qualquer imóvel que possua, tem que ser mantê-lo.

Se não cuidar, está infringindo a lei. (Ver:  DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937).

Fonte: https://www.inforilheus.com.br/2024/04/jabes-afirma-que-populacao-de-ilheus.html

Veja a  postagem: 

https:c//www.blogger.com/blog/post/edit/1132524977618931980/5854195288312884193

08 junho 2024

MAJESTOSO EDIFÍCIO


O majestoso Edifício Clube Juiz de Fora, projetado por Francisco Bolonha, por volta do ano de 1958. 

É um ícone da arquitetura moderna.

São 16 pavimentos. No nível do solo  está o  pilotis  com pilares arredondados. 

Sua volumetria é marcada pelos brises verticais, janelas em guilhotina  painéis de pastilha com o desenho de cavalos, obra de Candido Portinari e Paulo Werneck.

Na fachada para a Av. Rio Branco encontra-se o painel “As quatro estações”, de Cândido Portinari, tombado em  1997, anterior ao tombamento do próprio edifício. 

Fonte: Prefeitura de Juiz de Fora.

Foto: Ítalo Stephan, maio de 2024.

Conheçam os livros de Antônio Carlos Duarte: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/16-11-2017/antonio-carlos-duarte-lanca-livro-sobre-arquitetura-moderna-em-jf.html


06 junho 2024

NÃO PASSE MAL EM VIÇOSA!

Texto publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 07 de junho de 2024


Este texto é um desabafo de um cidadão indignado. O péssimo atendimento dos hospitais em Viçosa é uma vergonha, é uma doença crônica, parece incurável. Vivenciamos uma situação criminosa, pois coloca toda uma população microrregional em risco de graves consequências, podendo levar à morte. Nada disso é exagero. É uma situação de calamidade pública que se arrasta há anos e não há sinais de mudanças. Viver em Viçosa é muito perigoso. Qualquer um de nós pode morrer por problemas de atendimento médico precaríssimo que enfrentamos há décadas.  A população, não só de Viçosa, mas das cidades vizinhas, fica à mercê da situação abominável, corre riscos, sofre. Isso é de indignar qualquer um, exigir providências sérias e de responsabilizar os causadores dessa situação. Só há notícias ruins sobre os hospitais, que, se somados, não valem por um. Eis apenas algumas notícias recentes sobre os hospitais de Viçosa.

“Hospital São João Batista é alvo de nova operação contra desvio de dinheiro público em Viçosa” (g1 Zona da Mata, 04/04/2023).  

“Pronto Atendimento do HSS ficará fechado neste final de semana - O hospital enviou um ofício à Secretaria Municipal de Saúde comunicando a situação, no qual afirmou que foi "absolutamente impossível conseguir médicos plantonistas para atender neste final de semana" (Folha da Mata, 01/09/2023).

“Novos desvios de dinheiro público são investigados no Hospital São João Batista, em Viçosa” (G1 Zona da Mata, 21/09/2023).

“Hospital em MG é investigado por suspeita de desvio de dinheiro público” (Estado de Minas, 21/09/2023).

“Ex-funcionária é denunciada por desviar verba de hospital em Viçosa” (Tribuna de Minas, 07/12/2023). 

“Conselho de Saúde de Viçosa pede intervenção nos hospitais da cidade - Ofício neste sentido foi encaminhado ao Ministério Público” (Site de Marcelo Lopes em 22/04/2024).

Quais são os responsáveis? O Ministério da Saúde formula políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, empresas etc.). Os Estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde; o gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive nos municípios, e os repassados pela União. Os municípios são responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recursos próprios, os repassados pela União e pelo estado. A Lei Orgânica de Viçosa deixa claro que compete ao Município garantir atendimento integral à saúde, criando condições para o pleno exercício da profissão e satisfação das necessidades da população.

Não culpamos os médicos, enfermeiros, auxiliares e funcionários, pois todos sabemos da falta de pagamento, da insegurança, da falta de condições de trabalho. Esses fazem o que podem.  Culpam-se alguns dos administradores de incompetência e irresponsabilidade, mas tudo parece que é muito mais que isso. Depois de 31 anos em Viçosa, posso afirmar que, quando precisei, raras vezes fui bem atendido, assim como toda gente que sofre, quase sempre calada, à espera de atendimento.  Essa situação vai continuar assim, indefinidamente? O nosso melhor hospital é o de Ponte Nova? Isso tudo é sério; é grave, muito grave. Cadê o Prefeito para tomar providências?  Se não consegue, que mostre responsabilidade buscando solução! Se não tiver tomado as devidas providências, que seja responsabilizado pelo mal que está fazendo ou deixando acontecer. O que não pode acontecer mais é deixar uma população inteira ameaçada. 

Enquanto isso, cidadãos, sobrevivam se puderem, não ousem passar mal em Viçosa!


03 junho 2024

LIVRO RECOMENDADO

 


Importante coletânea organizada por pessoas competentes, sobre pesquisas sobre cidades médias.
Editora Consequência, 2017.

02 junho 2024

ICONES DE UMA ECLÉTICA CIDADE

Um eclético casarão abandonado, na Av. Rio Branco, em Juiz de Fora.

Catedral de Juiz de Fora

O eclético Clube Sírio e Libanês.

A eclética Sede do Pró-Música.

O Art Deco Edifício Sulacap, na rua Halfeld.

O modernista Senac.

Fotos Ítalo Stephan, maio 2024.