Temas de discussão: Arquitetura e Urbanismo. Planejamento Urbano. Patrimônio Histórico. Futuro das cidades. Pequenas e médias cidades. Architecture and Urban Planning. Heritage. The future of the cities.
28 novembro 2025
22 novembro 2025
PARA INGLÊS TROPEÇAR
16 novembro 2025
09 novembro 2025
PARA UMA CIDADE MELHOR
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, em 06/11/2025.
Recentemente, estive na Tribuna da Câmara Municipal de Viçosa para tratar de um tema que considero de grande relevância e que merece maior atenção da gestão municipal: o patrimônio arquitetônico da cidade. Como o tempo de fala foi de apenas cinco minutos, não foi possível expor todas as reflexões e propostas que havia preparado, especialmente sobre os instrumentos de incentivo à preservação do patrimônio cultural. Propus a criação de um programa municipal de incentivo fiscal que contemple a isenção do IPTU e de outras taxas municipais — como o ISSQN e os alvarás de funcionamento — para imóveis tombados e inventariados que estejam bem conservados. A proposta baseia-se no exemplo de diversas cidades brasileiras que já concedem isenção de tributos a edificações de valor cultural, histórico ou arquitetônico.
A ideia central é que o poder público reconheça o esforço dos proprietários que mantêm seus imóveis preservados, oferecendo, em contrapartida, um benefício fiscal que funcione como estímulo à conservação.
A isenção de IPTU e demais taxas não compensa integralmente os custos de manutenção desses bens, geralmente mais elevados, mas representa um gesto de valorização e reconhecimento do patrimônio histórico. Trata-se de um instrumento eficaz de política pública, capaz de promover a corresponsabilidade entre o poder público e os proprietários na preservação de edificações de interesse cultural. Experiências semelhantes já ocorrem em outras localidades, como Belo Horizonte e Juiz de Fora (isenção de IPTU), Campos Gerais (isenção de IPTU e taxas), Rio de Janeiro (isenção de ISSQN e Taxa de Obras) e São Luís (redução da alíquota do ISSQN). Esses exemplos demonstram que a adoção de incentivos fiscais voltados ao patrimônio não é inédita e pode ser adaptada à realidade de Viçosa.
Durante a sessão, um vereador lembrou que o Código Tributário Municipal prevê, no artigo 55, inciso II, da Lei nº 1.627, de 2004, a isenção do IPTU para imóveis oficialmente tombados. Contudo, considero que essa lei, praticamente não aplicada, deve ser ampliada, alcançando também os bens inventariados que se encontrem devidamente conservados e cujos proprietários cumpram as normas de preservação definidas pelos órgãos competentes. Ao beneficiar diretamente os responsáveis pela conservação dos bens, os proprietários particulares, o município promoverá o engajamento social e o senso de corresponsabilidade na proteção de seu acervo arquitetônico. Essa iniciativa está em conformidade com o §1º do artigo 216 da Constituição Federal de 1988, que atribui ao poder público e à comunidade o dever de promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro.
Há, no Plano Diretor de 2023, um instrumento legal que, este sim, representaria uma medida de justiça aos proprietários de bens de reconhecido valor: a transferência do direito de construir. Esse instrumento possibilita que o proprietário do imóvel tombado seja ressarcido pela venda do potencial construtivo não utilizado a outro imóvel situado em área da cidade apta a receber esse potencial. No entanto, ele ainda carece de regulamentação.
Em síntese, a adoção de incentivos fiscais voltados à preservação patrimonial não deve ser interpretada como mera renúncia fiscal, mas como um investimento em qualidade urbana, valorização da história local e fortalecimento da identidade cultural de Viçosa. Trata-se de uma medida que alia responsabilidade fiscal, sensibilidade cultural e visão de futuro, garantindo que o município preserve sua memória para as próximas gerações.
08 novembro 2025
MINI CURSO "JOGO DA CIDADE" NO SIA/UFV 2025
03 novembro 2025
30 outubro 2025
26 outubro 2025
TRANSFORMAÇÕES DO PATRIMÔNIO
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, MG em 23 de outubro de 2025.
As edificações devem ser feitas para perdurar por décadas, mas nem sempre mantêm seus usos originais, pois precisam se adaptar para permanecer. A chave para a longevidade das edificações é a adaptabilidade. Ao percorrer nossas cidades, podemos observar muitas construções que se ajustaram às exigências do tempo. Infelizmente, muitas foram perdidas para sempre. Não trato aqui da qualidade com que isso ocorreu em algumas delas. É importante ressaltar que o município, assim como os munícipes, tem a obrigação de protegê-las. Em Viçosa, há muitos exemplos a destacar.
Podemos começar pelas edificações do Campus da UFV. Destaco como qualidade o conjunto de estilos que vão do colonial, passando pelo eclético (prédios iniciais), pelo Art Déco (sede do curso de Economia Doméstica e, agora, de Serviço Social), pelo modernista (sedes de Engenharia Florestal, Engenharia Agrícola e Economia Rural), pelo pós-moderno (Departamento de Arquitetura) até o contemporâneo (sedes da Agronomia e das Licenciaturas). O Edifício Arthur Bernardes, o principal da instituição, já abrigou laboratórios, salas de aula, sedes de departamentos e até uma agência bancária. Atualmente, acolhe as diretorias de Centros e as Pró-Reitorias. A Reitoria foi residência de P. H. Rolfs. O Departamento de Arquitetura e Urbanismo já foi alojamento (Fazendinha) e sede da banda da UFV. Parte do Departamento de Educação Física já funcionou como estábulo.
Na cidade, a residência de Arthur Bernardes é hoje um museu a ele dedicado. A Estação Cultural Hervê Cordovil (nosso patrimônio musical) foi estação ferroviária, fundada em 1914, com armazém e residência de funcionário. Parte dela transformou-se em um auditório muito disputado (atualmente em reforma), e outra parte abrigou a biblioteca municipal, até ser desalojada por um órgão público estadual. O Hotel Rubim, que teve sua fachada restaurada, receberá lojas comerciais. O Edifício Alcântara, em processo de tombamento e de estabilização estrutural, já foi agência bancária, loja de plásticos e bordel. A Escola Edmundo Lins já foi cadeia. Residências transformaram-se em salões de festas, portarias de edifícios, restaurantes, escritórios e lojas. A antiga estaçãozinha do Silvestre virou espaço cultural. O prédio que por muitas décadas abrigou a sede da Prefeitura e da Câmara Municipal teve também espaços destinados à Secretaria de Cultura e, por um curto período, à Biblioteca Municipal. Esta infelizmente foi desalojada, e agora tem parte espremida em um porão insalubre, e parte novamente encaixotada.
Graças a essas possibilidades de adaptação ao tempo, as edificações que compõem nosso patrimônio arquitetônico e cultural, de várias épocas distintas, estão vivas, espalhadas pelas cidades, misturadas a construções de diferentes estilos e períodos. Isso é ótimo, é um verdadeiro palimpsesto, um registro de nossa trajetória ao longo do tempo. Esses bens têm valor incalculável para a identidade local e todas as condições de perdurar para as futuras gerações. O Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Viçosa (COMPATH) tem a obrigação de zelar por esse patrimônio arquitetônico de valor indiscutível. Tem estudado formas de oferecer compensações por meio de isenções de taxas municipais, o que depende da aplicação (e ampliação do âmbito) do Art. 55 do Código Tributário Municipal. Há ainda um instrumento mais vantajoso, previsto no Plano Diretor de Viçosa de 2023, que aguarda regulamentação: a Transferência do Potencial Construtivo (ou Transferência do Direito de Construir), economicamente favorável aos proprietários que cuidam bem de seus imóveis legalmente protegidos pelo município; mas essa é uma medida que depende do prefeito. Ganhamos todos nós com isso: em memória das pessoas do passado, da gente de agora e em prol das pessoas do futuro.
18 outubro 2025
VIÇOSA-MG: BALAÚSTRE EM RECUPERAÇÃO
15 outubro 2025
14 outubro 2025
Pintura: GUO-HANG, CHINA
11 outubro 2025
VOCÊ AUTORIZARIA A DEMOLIÇÃO?
05 outubro 2025
OS IMOBILIZADOS: UMA CRÔNICA
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 2 de outubro de 2025
José mora num bairro afastado de uma cidade média. É um cadeirante, teve pólio quando criança, mas graças a Deus sua cadeira é motorizada, o que lhe permite sair de casa e trabalhar, com algumas dificuldades, mas as enfrenta mesmo assim. Participou da elaboração do Plano de Mobilidade da cidade; até foi escolhido delegado em uma das reuniões públicas realizadas. Depois foi a todas as reuniões, até quando o Plano foi aprovado. Viu como é difícil lidar com uma cidade cheia de morros, com ruas estreitas, muito inclinadas, com passeios sem continuidade, com rampas de garagem invadindo a rua, com calçamento de pedras fincadas.
Trabalhou um tempo na prefeitura. Ajudou a mapear onde moravam todos os cadeirantes da cidade. Isso ajudou a desenhar uma política para as pessoas com deficiência. O Plano lhe encheu de esperança, mas a sua implantação tem demorado. A cidade tem até um conselho municipal de pessoas com deficiência. Algumas ações começaram a sair devagar do papel, como a melhoria de pontos de ônibus, mas por enquanto as obras nas calçadas estão sendo feitas apenas na área central da cidade.
Quase sempre José tem que andar na rua, disputando perigosamente espaço com carros e os mal-educados motoqueiros. Isso porque não há calçadas contínuas, quase todas têm degraus ou rampas para as garagens. Poucas ruas possuem calçadas com sinalização tátil direcional e de alerta, o que é ruim para os que têm deficiência visual. José pensa também nas outras pessoas que têm alguma restrição de mobilidade ou de visão, temporárias ou não. Vê as dificuldades das mães levando carrinhos de bebê, dos idosos com andadores. Já viu pessoas idosas tropeçarem ou torcerem os pés, em quedas muito feias.
José não consegue entrar numa loja sem o constrangimento de pedir ajuda. Algumas lojas fizeram rampas de forma errada, feitas só para constar. Às vezes deixa de ir ao banheiro, outras vezes tem que dar um jeito de ir depressa para casa, por falta de acessibilidade nos banheiros em órgãos públicos e no comércio. Outro dia precisou ir à UPA, tentou ir sozinho, mas foi uma aventura que não quer repetir. Lá existe uma rampa, mas é muito inclinada e escorregadia; só subiu onde a calçada era mais baixa, empurrado por um filho de Deus. Precisou atravessar a rua, mas não havia rampa, só conseguiu, desta vez, empurrado por um conhecido.
José vê mais ações voltadas para soluções viárias, para os automóveis, como trevos nas avenidas, recapeamentos, semáforos. Acha isso importante também, mas em geral os governantes aplicam seus esforços nos problemas de trânsito de veículos. Vê que dão uma importância danada à empresa de transporte coletivo. Mas acha que a empresa não faz muito certo, não. Na época de rever o valor da passagem os ônibus sumiam, quem precisava do transporte sofria muito. Depois que o prefeito dava o aumento, os ônibus reapareciam, mas aí os passageiros sumiam, pois não conseguiam pagar. Os prefeitos dão pouca importância aos cadeirantes, aos que passam por dificuldades motoras e aos com deficiências visuais; esses são invisíveis, presos, imobilizados em casa ou em suas cadeiras de rodas. Para José, parece que deixam cada um de nós nos virarmos, e nós vamos ficando por último, esquecidos. Mesmo assim, José só não perde as esperanças de dias melhores.
04 outubro 2025
01 outubro 2025
30 setembro 2025
VIÇOSA: 154 ANOS DE MUITO VIÇO
29 setembro 2025
ESTAÇÃO RENOVADA
28 setembro 2025
Kongjian Yu - o urbanista das "Cidades-esponja"
Nota da ABAP - Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas
A Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas lamenta profundamente o falecimento de Kongjian Yu, arquiteto paisagista, pesquisador e professor que deixou um legado inestimável para a arquitetura da paisagem no mundo.
Reconhecido por desenvolver o conceito das "cidades-esponja", Yu dedicou sua vida a repensar a relação entre urbanização, água e natureza, propondo soluções inovadoras e resilientes diante da crise climática. Sua obra inspira profissionais em todos os continentes e seguirá sendo referência para a construção de cidades mais justas, sustentáveis e em harmonia com a paisagem
27 setembro 2025
21 setembro 2025
TRAVESSIA PERIGOSÍSSIMA
Quem atravessa ali corre muito risco. Já houve atropelamentos.
A diretora da Escola já pediu providências, mas não teve sucesso nas reclamações.
Todos os dias muitas pessoas correm grande perigo.
Atenção, autoridades! Não se omitam!
20 setembro 2025
Processo Seletivo para Mestrado e Doutorado em Arquitetura e Urbanismo - PPG.au/UFV
14 setembro 2025
CULTURA EM SEGUNDO PLANO
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa, em 11/09/2025.
A cultura e a memória de um povo são os principais fatores de sua coesão e identidade, responsáveis pelos liames que unem as pessoas em torno de uma noção comum de compartilhamento, noção básica para o senso de cidadania. As bibliotecas públicas são importantes para a memória brasileira, por guardarem a literatura, a informação e a história local, seja por meio dos livros físicos, seja por projetos internos. Dito isso, chama-nos a atenção o descaso de Viçosa em relação à cultura, especialmente no que diz respeito à sua Biblioteca Municipal.
A Biblioteca Municipal tem uma trajetória marcada pela negligência. Já esteve no Colégio de Viçosa, depois foi acomodada em um espaço apertado, mas planejado, na Estação Ferroviária. Teve de conviver, por anos, com a alternância de barro no período chuvoso e de poeira no período de seca, ao lado do descuidado leito da linha férrea, usado como estacionamento. Mais tarde, perdeu espaço e foi expulsa para dar lugar ao Posto do Ministério do Trabalho em Viçosa (que, por sinal, cuidou muito mal do prédio tombado). Passou anos “encaixotada” e chegou a ser motivo de ação pública contra a Prefeitura pela falta de zelo para com o patrimônio público. Com muito custo, foi transferida para o prédio da antiga Prefeitura/Câmara Municipal, na Praça do Rosário, mas isso durou pouco. No mesmo edifício funcionavam o Centro Experimental de Artes e o Departamento de Patrimônio Histórico.
Recentemente, tudo o que se acomodava no amplo edifício foi removido para um porão. Em seu lugar foi instalada a Unidade de Atendimento Integrado (UAI), importante estrutura de serviços para o cidadão. Esse serviços foi considerado prioridade, enquanto, mais uma vez, setores da cultura assumiram papel secundário, sendo alocados em espaços apertados e escondidos.
As instalações, que funcionaram até poucas semanas atrás, recebiam estudantes carentes em um espaço digno, conquistado a duras penas. Mesmo na Praça do Rosário, a biblioteca municipal não recebeu o devido cuidado de nenhum prefeito. No sentido etimológico que um dia emprestou força e prestígio às primeiras bibliotecas, a instituição foi reduzida a uma ideia retrógrada, transformando-se em simples depósito, ao qual recorriam apenas grandes estudiosos ou os desprotegidos da fortuna. Destaco a dedicação dos funcionários, que ainda conseguiram tornar o espaço mais frequentado e adequado ao nosso tempo (incluo aqui a importância do Centro Experimental de Artes). Promoveram atividades culturais, como o Sarau dos Namorados, o Dia do Escritor, o Dia da Mulher Negra e a Noite Mineira dos Museus. A biblioteca, no entanto, não teve chance de se modernizar, com exposições, teatro, cinema e mais cursos.
Infelizmente, o que acontece em Viçosa não é caso isolado. O descaso com as bibliotecas públicas evidencia o desinvestimento cultural e educacional no Brasil. As políticas públicas de incentivo às bibliotecas sofreram cortes. Dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) indicaram que o país perdeu quase 800 bibliotecas públicas entre 2015 e 2020; um grave retrocesso. Por outro lado, somos favoráveis à existência desses serviços de grande utilidade pública, mas não é justo que ocupem os espaços da cultura, expulsando-os para qualquer canto, como se fossem menos importantes. Ambos são serviços essenciais à sociedade, e cada um merece ter o seu lugar, o melhor possível. Há de haver soluções melhores, menos desiguais.
05 setembro 2025
02 setembro 2025
LIÇÕES DE SALVADOR
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, em 28 de agosto de 2025
Rica, exuberante, culta, poderosa, colorida, preta, parda, linda, feia, colonial, eclética, turística, pobre, violenta e receptiva: Salvador, Bahia. Primeira capital do Brasil (até 1753). Fundada em 29 de março de 1549, por Tomé de Sousa, possui 2,5 milhões de habitantes em uma região metropolitana de 3,6 milhões (9ª do Brasil). É a 3ª em proporção de favelizados (34,9%) e a capital com maior percentual de população negra e parda (83%).
Terra do Pelourinho (Patrimônio Mundial da Unesco), do Elevador Lacerda, da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim; das ações sociais da Irmã Dulce (primeira santa brasileira) e de seu santuário; do Farol da Barra e do Mercado Modelo. Terra do Olodum; do Ilê-Aiyê (primeiro bloco afro do Brasil, que preserva costumes sociais e culturais da mãe África), do Carnaval, do acarajé, da quiabada; da moqueca; do xinxim de galinha; do vatapá; da cocada e da castanha de caju; do dendê, das frutas saborosas e das fitinhas. Terra por onde desfilam muitas pessoas com roupas típicas e coloridas. Quarta cidade mais visitada por turistas no Brasil (depois do Rio de Janeiro, São Paulo e Foz do Iguaçu), Salvador encanta com seus conjuntos arquitetônicos, urbanísticos e paisagísticos, suas igrejas e centenas de bens tombados. É uma mistura de etnias afrodescendentes (bantos, iorubás, nagôs, hauçás e jejes), vindas principalmente do porto de Benin e de Angola. É o centro da cultura afro-brasileira. Terra de Caymmi, Gilberto Gil, Raul Seixas, Gal Costa, Simone, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Daniela Mercury e Carlinhos Brown. Fonte de inspiração para Gregório de Matos, Castro Alves, Milton Santos, Caetano Veloso, Banda Mel, João Gilberto, Toquinho e Vinícius de Moraes.
Cidade de morros, escarpas e vales profundos, como se fosse uma colcha de retalhos. Cidade de contrastes socioespaciais, com favelas enormes e prédios luxuosíssimos. Lagoas, praias, ladeiras, encostas íngremes e aterros do mar conformam a paisagem urbana. É uma capital qualificada como terciária, pouco industrializada, cuja renda da terra urbana constitui um dos principais ativos no processo de acumulação, seguida pelo setor de serviços. Cidade boa para visitar, nem tão boa para morar. Salvador apresenta altos índices de pobreza, desnutrição e de desemprego, com várias áreas de vulnerabilidade social e de risco. É vulnerável às chuvas, que causam deslizamentos e enchentes. Embora tenha um clima ameno e mar de águas mornas, suas praias são poluídas; quem quiser buscar águas limpas deve rumar para o litoral norte. A malha urbana se funde com municípios vizinhos (como Camaçari, Candeias, Itaparica e Lauro de Freitas), expandindo-se de forma espontânea e descontrolada, em bairros populares desprovidos de infraestrutura urbana adequada.
Salvador é Bahia, Salvador é Brasil. Uma síntese poderosa dos problemas urbanos que colocam os brasileiros em lados opostos da economia, do direito à cidade, à moradia digna, ao saneamento básico e à mobilidade urbana. É também uma síntese das nossas cidades: com lugares belos e outros nem tanto, com infraestrutura de primeira qualidade para uns poucos e a negação desse direito para a maioria. Ao mesmo tempo, a capital baiana mostra a quem a conhece a força e o encanto de uma cidade única no mundo. Por tudo isso, brasileiro, vá conhecer nossa Salvador!
29 agosto 2025
CAPES lança edital para estudantes estrangeiros
A CAPES publicou o edital de seleção de bolsistas para o Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG), uma ação coordenada com o Ministério das Relações Exteriores e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A iniciativa oferece oportunidades para que estudantes estrangeiros façam, de maneira parcial ou integral, seus cursos de mestrado ou doutorado no Brasil.
O Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFV prevê 2 vagas para mestrado e duas para doutorado.
O início dos estudos nas modalidades mestrado e doutorado pleno no Brasil está previsto para o primeiro semestre do próximo ano. Já para a modalidade doutorado-sanduíche em agosto de 2026. O cronograma detalhado está no edital do PEC-PEG.
https://www.gov.br/capes/pt-br/assuntos/noticias/capes-lanca-edital-para-estudantes-estrangeiros
https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/editais/04072025_Edital_2630513_SEI_2630221_Edital_n__12_2025.pdf
https://inscricao.capes.gov.br/
24 agosto 2025
23 agosto 2025
17 agosto 2025
INTERGERACIONALIDADE E ARQUITETURA
Artigo publicado no jornal Folha da Mata, Viçosa-MG, 14 ago. 2025
Em coautoria com Luísa Heringer de Oliveira
O ser humano estabelece relações intergeracionais nos diversos ambientes em que transita ao longo de sua existência. Imediatamente após nascer, começamos a nos relacionar com outras pessoas que apoiam nossa existência. Ao longo da vida, formamos inúmeros vínculos com outras pessoas. Pensamos, por exemplo, em nossos pais, nos professores e em outros adultos, parentes ou não, com os quais convivemos em várias fases de nossa existência. Esse tipo de relação é o que chamamos de contato intergeracional, o qual é altamente necessário. Um aspecto amplamente debatido atualmente é como promover esse tipo de relação, especialmente entre pessoas idosas em nossas cidades.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos grandes desafios do envelhecimento é o isolamento social dos idosos, o qual está associado a diversos fatores, como o declínio da saúde física e mental, moradias inseguras, insalubres ou inacessíveis para pessoas com mobilidade reduzida e ambientes sociais inadequados. A promoção da socialização é, portanto, essencial para a criação de espaços de convívio. Ela contribui para a construção do senso de identidade, que está diretamente relacionado à conexão com o espaço físico e seu entorno. Nesse contexto, a intergeracionalidade afirma-se como uma ferramenta importante para a promoção do envelhecimento saudável nas diversas políticas voltadas ao idoso. Estudos recentes evidenciam os benefícios dos espaços intergeracionais projetados para fomentar a interação entre crianças, jovens e idosos.
Há diversas formas de criar ambientes que possibilitem essa convivência, tais como espaços multiuso, lugares para oficinas de artes, locais de reunião e locais espontâneos de encontro que promovam empatia e fortaleçam o senso de comunidade entre gerações. A Política Nacional do Idoso (PNI) estabelece, como uma de suas diretrizes, a “viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações”. A OMS também destaca a interdependência, a solidariedade e o apoio mútuo entre gerações como princípios do envelhecimento ativo, reconhecendo a importância dessas relações e incentivando o aprendizado intergeracional por meio de programas específicos. Além disso, ambientes intergeracionais valorizam a memória e a transmissão de saberes dos idosos para os mais jovens, garantindo a continuidade e a identidade cultural. Esses espaços são oportunidades de preservar relações humanas que, com o tempo, tendem a se enfraquecer, evitando o confinamento dos indivíduos ao convívio exclusivo com sua própria faixa etária. A formulação desses locais deve considerar o combate aos estigmas e preconceitos sobre o envelhecimento, ainda presentes na visão de parte da população mais jovem.
Os ambientes que possibilitam a intergeracionalidade são diversos, uma vez que o conceito envolve contatos entre gerações nos mais variados contextos. Entre eles, podemos citar os centros comunitários e os de convivência, que promovem programas e eventos de integração; além disso, espaços públicos, como praças, parques, centros culturais e templos religiosos, também podem desempenhar esse papel. Portanto, a criação de locais de relacionamento intergeracional deve considerar aspectos que atendam às necessidades específicas das diferentes faixas etárias envolvidas, além de incluir atividades que possam ser realizadas em conjunto, promovendo assim a integração social. Nossas cidades carecem desses espaços, e, por isso, é fundamental que sejam incorporados aos projetos e obras dos gestores públicos municipais.
15 agosto 2025
12 agosto 2025
GALERIA MERCADO SALVADOR
FELLOWSHIP PROGRAM - STUDY AT PPG.au/UFV
Applications accepted from August 14 to September 29, 2025, until 5:00 p.m. (Brasília time)
Applications are free of charge and must be submitted directly on the program’s website by completing an application questionnaire and uploading the required documents, as detailed in the official call for applications: Edital nº 12/2025 - PEC-PG
PROGRAMA DE BECAS – ESTUDIA EN PPG.au/UFV:
Las inscripciones están abiertas desde el 14 de agosto hasta el 29 de septiembre de 2025, hasta las 17:00 horas (hora de Brasilia).
Las inscripciones son gratuitas y deben realizarse directamente en la página web del programa, completando un cuestionario de inscripción y subiendo los documentos requeridos, según se detalla en la convocatoria oficial: Edital nº 12/2025 - PEC-PG. https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/editais/04072025_Edital_2630513_SEI_2630221_Edital_n__12_2025.pdf

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